Capítulo 8

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Pensando nos conselhos da minha mãe e do meu pai, levantei segunda-feira para ir para escola, bloqueando tudo que me lembrasse Jean da mente. Eu era capaz de esquecê-lo com o tempo, eu só teria que esperar e seguir com a vida, já esqueci outras pessoas e por mais que outras pessoas não tivessem feito o que ele fez, Jean não merece tratamento melhor por ter me iludido por mais tempo, ele merecia era um chute no saco e um soco na cara.

Cheguei na escola e estava muito movimentada. OS JOGOS. Eu havia me esquecido dos jogos, será que eu teria que jogar hoje? Eu não estava preparada, não levei nada, estava de jeans.

Fui para a quadra e as meninas da minha sala estavam na arquibancada.

— Aonde você se meteu? Passaram a programação dos jogos na quinta-feira. Ainda bem que apareceu hoje, a gente tem que jogar futsal – falou Juliana. Lídia também estava no time.

— Hoje? – eu estava surpresa. — Mas não estou preparada. Contra quem?

— O nosso primeiro jogo será o próximo, depois desse, contra o primeiro ano A, se a gente ganhar, jogaremos contra as meninas do segundo ano C e elas são boas e se ganharmos delas, vamos para a final contra alguma outra turma – Juliana me bombardeou com informações – Qual a posição que você joga?

— Ala.

— Ótimo – ela relaxou. – Agora teremos que achar um short para você.

Uma garota chamada Taís da nossa sala que estava no time disse que tinha um.

Juliana pegou o short e me arrastou para o vestiário.

— O que aconteceu que você faltou? – ela perguntou enquanto eu trocava o jeans pelo short preto de academia.

— Estava me sentindo mal, meu namorado me traiu.

— O quê? Não acredito. Que cretino.

— Pois é.

— Use sua raiva nos jogos.

Abria a porta do banheiro e disse:

— Pode deixar. Está muito indecente?

— Não, ficou bom. Acho que os garotos vão torcer pela gente.

Ela olhou para o espelho e fez pose. Estávamos com shorts semelhantes, mas o dela era azul escuro.

Prendemos o cabelo e Juliana tirou de dentro do short um lápis de olho a prova d'água, que a gente passou antes de voltarmos para a arquibancada.

— Aqui, vê se essa chuteira cabe em você – Lídia me entregou uma chuteira rosa (linda).

Coube.

— De quem é?

— Minha prima do nono ano.

— Muito obrigada – agradeci e Lídia deu uma piscadela.

O jogo que ocorria antes do nosso, que era do ensino fundamental 2, terminou e era a nossa vez.

Não tinha como eu me sentir bem na frente de tanta gente. Dudu gritava que nem doido com Thiago ao lado dele. Outros garotos só rindo e comentando algumas coisas uns com os outros... Eu queria vomitar.

Tudo bem, estava tudo bem. Me lembrei da minha primeira partida de futsal na escola, aos 14 anos e não foi ruim. Um ano depois, entrou uma garota na minha sala que tinha muita habilidade com futsal e ela era a melhor da escola, então ela me ensinou algumas coisas e uma delas, era ficar tranquila e dane-se os que não acreditam que podemos fazer isso. Sinto saudades de jogar com ela.

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