Schizophrenia

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Os fatos a seguir são frutos de uma mente conturbada e eu não aconselho ou estimulo que os sigam em qualquer aspecto.

Havia um artista. Um pintor. Não um pintor famoso, um singelo pintor. Suas obras eram belas e realmente admiráveis. Contudo, não há limites para a arte.

Ele queria mais. Queria uma obra que expressasse a sua insanidade. Queria mostrar para todos, sobretudo, a si próprio, a obra perfeita de sua esquizofrenia.

Então, decidido, ele começou.

Mergulhou seu pincel sobre uma mistura de cores na palheta, e com ele, lambeu a tela.

Não está bom.

Vagueou por algum tempo no saguão. As olheiras começavam a ganhar forma em sua face, mas ele decidiu não descansar enquanto sua obra não tomasse forma.

Sua inspiração veio na alvorada.

Não que houvesse algo de especial nesse evento, apenas coincidiu com o período que John, o gato do Pintor, parecia rondar seu dono, faminto.

A barriga do pintor também pedia por comida e seus olhos, um descanso. Mas aquela obra era mais importante.

Então ele molhou seu pincel no rubro e novamente, fez mais alguns rabiscos.

Já era noite quando a luz da lua emanou de uma alta janela.

Coincidentemente, o mordomo entrou no recinto, preocupado com a ausência do pintor.

Prata. Prata parece ser uma boa cor, ele pensou.

Passou o pincel sobre a prata, e sobre a tela, utilizou do pontilhismo.

Por fim, negro.

Agora sua obra parece boa.

Gargalhou por um tempo, antes de abraçar sua obra para, finalmente, contemplá-la.

E sua obra era magnifica.

Via seu próprio reflexo num espelho. Não mais seu reflexo, mas por fim, eu.

E foi assim, que o pintor, abandonou sua identidade, para dar vida a mim.



Camadas do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora