Camadas do Medo

Myself

Sua cabeça vai bem? – psicólogo.

Sim, obrigado. Dizem que eu falo sozinho. – eu.

Não dizem, apenas eu digo. – psicólogo.

Você tem cuidado de mim e me ajudado. – eu.

É meu papel. – psicólogo.

Por que eu não consigo dormir a noite? – eu.

Porque toda noite você está aqui nas sessões comigo. – psicólogo.

Eu queria dormir. Não poderíamos trocar para outro horário? – eu.

Em outro horário você está ocupado, trabalhando e vivendo sua vida. – psicólogo.

Entendo. Então, vamos resolver para que eu possa dormir. – eu.

Certo. O que iremos resolver? – psicólogo.

Você não sabe me dizer? Pensei que esse fosse seu trabalho. – eu.

Você não pode vir até aqui, sem saber onde é que quer chegar. – psicólogo.

Entendo. Bem, eu quero ter mais dinheiro. – eu.

Trabalhe. – psicólogo.

Eu trabalho o dia inteiro. Estou cansado. – eu.

Roube. Mate. – psicólogo.

Eu não posso. Tenho minha família, sou um herói para meus filhos. – eu.

Mas seus filhos andam um pouco infelizes ultimamente. – psicólogo.

E o que eu posso fazer para deixa-los mais felizes? – eu.

Passe mais tempo com eles. – psicólogo.

Não dá, eu fico boa parte do meu dia no trabalho. – eu.

Entendo. Bom, sua mulher também está infeliz. – psicólogo.

E o que eu posso fazer para deixa-la mais feliz? – eu.

Trate-a com dignidade. – psicólogo.

Você tem sido um tanto rude comigo ultimamente. – eu.

É que também estou infeliz com você. – psicólogo.

E o que eu posso fazer para deixa-lo mais feliz? – eu.

Mate-se. – eu/psicólogo.

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