Eu particularmente sempre gostei da chuva e do som que ela faz. E o som das tempestades também, de modo geral.
Mas essa tempestade era diferente.
Cada novo trovão parecia um grito eloquente dos céus onde este dizia para eu temer.
E isso foi tudo o que eu fiz.
Temi e tremi de medo e frio.
A chuva estava congelante. Cada gota raivosa que caía sobre minha pele fazia com que minhas terminações nervosas simplesmente surtassem.
Nesse ponto, a chuva vinha praticamente na horizontal. E para o meu infortúnio, contra a direção de meu destino.
Andei praticamente cego, guiado apenas pelo som dos trovões e clarão dos relâmpagos.
Ah, os relâmpagos. Estes sim, me davam calafrios.
Mas iluminavam meu caminho, já que meu lampião havia quebrado quando escorreguei alguns quilômetros atrás.
Ou seriam metros? Não sei a quanto tempo estou nessa tormenta. Nem mesmo se estou na direção correta. Acho que talvez nem mesmo saiba se devo seguir alguma direção.
Seria uma grande ironia pedir por uma luz, quando nesse momento há tantas dançando pelo céu, como se fossem um belo dragão chinês.
Dragão chinês me lembra Ano novo. E ano novo, esperança.
Mas não tenho esperança de sair daqui.
A única esperança que tenho é ser atingido por um raio e me libertar do desespero.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Camadas do Medo
KorkuOs fatos a seguir são frutos de uma mente conturbada e eu não aconselho ou estimulo que os sigam em qualquer aspecto.