ONZE

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Decidi que estava na hora de seguir em frente e parar com toda aquela choradeira. Afinal, eu não era protagonista de um filme de drama, nem estava a fim de ser. Por isso, quando o despertador tocou, decidi que seria um dia diferente. Sabia que isso dependeria de mim, fazer com que aquele dia fosse bom ou não, e eu resolvi que seria e nada iria me impedir.

A manhã estava colaborando com meus planos, com um sol lindo lá fora. O que não colaborava era o meu cabelo, que quis dificultar as coisas, mas eu não ia deixar que ele fosse um empecilho para o meu dia, por isso fiz um coque! Eu sei, jogada de mestre! Soltei um pouco a franja, deixando-a cair para lado, alarguei a parte de baixo para ficar mais frouxo, tenho certeza que estou na moda porque aprendi esse penteado em um tutorial do youtube que assisti com a minha pri... Com uma pessoa...

Não sou muito de me maquiar, ainda mais para ir à escola, mas hoje eu vou! Passo um corretivo nas minhas olheiras e em uma pequena espinha que está nascendo, uma base bem clarinha em pó e um lápis marrom no olho. Para finalizar, um brilho labial cheio de glitter. Pronto! Agora posso sair do quarto!

− Bom dia, mãe!

− Bom dia filhota, você está linda! Agora sim o Doug te pede em namoro!

− Mãe!

Que coisa para se falar! Ufa, meu pai aparece na cozinha, minha mãe vai mudar de assunto.

− Nossa, você está ficando cada vez mais parecida com a sua mãe. Quando eu a conheci ela era muito parecida com o que você esta se transformando.

− Ah, é? E como você a conheceu? Eu não sei, porque vocês nunca me contaram nada, vocês não falam nada sobre o passado.

Eles trocam olhares de cumplicidade e mudam de assunto, sinal de que fui longe demais.

− E então conseguiu aquela folga no feriado para viajarmos, amor?

− Sim, sim! Dias 13, 14, 15 e 16. Como planejávamos. Podemos ligar para o hotel. Por que você não convida da Gabi para ir conosco, Sôfi?

Vejo meu pai lançando um olhar duro para a minha mãe. Ele sabe que ainda não é o momento ou talvez nunca mais seja.

− Não precisa convidá-la se ainda não se sente pronta, Sôfi. Tudo que fazemos tem que ser com sinceridade, nem que demore um pouco.

− Quero levar o Doug.

− Hum... Acho que tudo bem, ele já foi algumas vezes com a gente. Posso falar com Cláudio. O que você acha, Carol?

− Se é o que você quer, Sophie...

  ~♡~ 

Já é a sexta vez que eu vejo a Gabi entrando em uma sala durante o intervalo, uma sala verde menta. Ela se encontra com uma mulher que eu não sei quem é.

− Ei, Doug, quem é aquela mulher nova?

− É a Leila. Ela passou nas salas no dia que você faltou para se apresentar. É "psicoferagoga", alguma coisa assim.

− Psicopedagoga!

− Deve ser. Disse que quem quisesse ir lá conversar com ela, as portas estariam abertas, se tivermos com algum problema de aprendizado e tal.

− Entendi. Então no feriado nós vamos à praia, você quer vir junto?

− Claro, posso levar meu Xbox. Mas você vai sentar entre eu a simpatia no carro, não é mesmo?

− A simpatia não vai, Doug.

− Sério, por quê? Nunca vi vocês ficarem mais de dois dias longe uma da outra.

Quem Narra a Minha Vida Sou EU (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora