Enquanto a chuva caía silenciosamente sobre o solo já tão judiado, em meio aos escombros de uma cidade quase que completamente destruída, os únicos sobreviventes daquela repentina catástrofe jaziam quietamente ao redor da grande cratera. Sabendo o porquê daquilo tudo e lamentando o que suas frágeis e culpadas mãos fizeram, lágrimas camufladas pela chuva cristalina agiam involuntariamente escorrendo por seus rostos perplexos. Era quase como se o céu lamentasse a recente diminuição da população mundial. Mesmo diante da perplexidade dos fatos e da paisagem modificada, o terror agora dava lugar a uma paz nunca sentida antes, tudo havia terminado. Mesmo que tivessem vencido, o preço que fora pago se tornara muito alto. Durante muito tempo se prepararam para algo assim, mesmo que ainda tivessem esperanças de que aquele dia nunca chegasse, ao menos não tão rápido, não durante suas vidas. Mas sabiam que não era uma escolha, mas algo predestinado, algo que nem mesmo o mais sábio dos sábios poderia explicar.
O tilintar das gotas da chuva ao tocar a superfície mórbida do local, o assobio do vento ao desviar dos vários obstáculos em seu caminho e o farfalhar das poucas folhas que recusavam-se a abandonar a única árvore que não fora derrubada formavam uma sinfonia mórbida e mais do que perfeita para a ocasião. Os poucos raios de luz agora davam lugar à completa escuridão, nem mesmo a lua ousava se pronunciar, estava escondida sob as nuvens negras. O que era apenas uma leve chuva agora tornava-se uma tempestade. O vento cada vez mais forte despenteava o cabelo dos presentes, as mínimas gotas de chuvas estavam mais grossas e as últimas folhas que antes estavam firmes agora era questão de tempo para se entregarem ao tempo ruim e deixar sua casa, indo em encontro ao desconhecido. Com o desprender da última folha e o final daquela orquestra mórbida, sem pronunciar uma única palavra, os sobreviventes partiram cada um para onde seus pés cansados os levassem e seja lá o que o destino reservava, eles sabiam que um dia teriam que lidar com as consequências, com seus pecados, mas não seria naquele longo dia. Quando as autoridades chegaram na pequena cidade, ninguém fora encontrado, nem mesmo corpos, escombros ou qualquer sinal de vida. Tudo o que encontraram foi uma enorme cratera e um mistério no ar: "O que havia acontecido ali nas últimas 24 horas?".
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Entre Dimensões: Grimoire
General FictionOs mundos entravam em colapso, ameaçavam libertar seres malignos selados no mais longínquo espaço-tempo. Após longos séculos o selo ameaçava romper. A maga cujo último feito conhecido fora reforça-lo, sumira entre as dimensões. "Avançamos em direçã...