Quando precisares de mim.
A noite é longa, a chuva forte, vento a zeros. Matteo anda perdido nos seus pensamentos, vagueia pela rua. Onde estão as respostas que procura?
Hoje não foi ao escritório, desligou o telemóvel, deixou-o no quarto. "Matteo, querido Matteo." O detetive relembra-se de palavras que a sua mãe lhe costumava dizer quando, em pequeno, se sentia em baixo. "Tu podes fazer as coisas à tua própria maneira, ao teu ritmo. Mesmo que demore, faz as coisas do teu jeito. Um dia vais conseguir acompanhar."E acorda. Era um sonho. Matteo dormiu a tarde toda e passou o dia sem comer. "Que sonho estranho... Estes casos malucos estão a atingir-me demasiado. É melhor ir comer alguma coisa fora." Ele pega num casaco mais quente e sai de casa.
O detetive estava a passar pela Praça Publica onde tinha sucedido o caso dos McCartney, e ao olhar de relanço para a estátua, reparou que o estranho graffiti já lá não estava. "Ao menos alguém deu-se ao trabalho de ir limpar, espero eu."De repente, o alarme de uma loja dispara – era a geladaria de Hal Smith!
Matteo apressadamente sai do carro e corre para o local. Quando chega à porta, vai contra alguém, vestido com um moletom com capuz cinzento, e repara que a pessoa quer fugir, e rapidamente agarra no braço do sujeito, abanando-o de forma a conseguir ver a cara de quem quer que fosse aquela pessoa.
O capuz cai – Um lindo, avermelhado cabelo cheio de jeitos quase cega Matteo, juntamente com grandes olhos azuis cristalinos. A pequena ladra era uma linda rapariga, com um ar assustado e terrivelmente pálida. Ele mal acredita no que vê. Mas rapidamente acorda – isto é um assalto.- Ei. Onde é que tu pensas que vais?
A rapariga gagueja – N-Não tens nada a ver com isso. Não te metas nos meus assuntos, sai-me da frente seu cota!
Matteo fica pasmado. Cota?! Como é que esta pirralha está a trata-lo assim? Ele fica incrivelmente irritadiço.
- Ouve lá ó pirralha, achas que és quem? Acabei de te apanhar a roubar, não vais a lado nenhum sem fazeres uma visita à esquadra primeiro.
Os olhos da rapariga perdem o brilho, ela rapidamente entristece a cara, e fica genuinamente angustiada e entra em pânico.
- N-Não, por favor, não me leve para a esquadra... E-Eu, eu não posso ficar presa, eu tenho que o salvar, eu tenho que o ir ajudar! O senhor não está a entender! – Ela fica muito perturbada. – Eu tenho de ir...
A rapariga desmaia nos braços de Matteo. Ela está, além de incrivelmente pálida, muito fraca, desnutrida e com febre alta. Esta pessoa não deve comer há dias.
Ele leva-a para sua casa, deita-a em sua cama, prepara alguma comida e aguarda em outra divisão pelo seu acordar.
Quando isso acontece, ela acorda muito assustada e de repente. Confusa, levanta-se com um ar suspeito, e muito devagarinho abre a porta, para ver uma mesa cheia de comida e refeições completas à sua espera. O seu estomago dá o sinal, e ela ataca a mesa. Sem maneiras algumas, rapidamente devora tudo o que vê à frente. Apenas após estar de barriga cheia, olha para o seu lado e percebe que Matteo esteve lá o tempo todo, calmamente a assisti-la a devorar o que ele cozinhou.- Estava bom?
- Estava. – Diz a rapariga, com um ar envergonhado mas ao mesmo tempo tentando se mostrar indiferente. – O-Obrigada. Onde estamos...?
- No meu apartamento – Matteo levanta-se e senta-se perto dela. – Achei melhor falares comigo antes de te levar até os meus colegas. Acho que tens muitas coisas que talvez me gostasses de dizer antes que eu decida se te levo mesmo ou não. Mas antes disso, dá-me o dinheiro que roubaste. Todo.
Apesar de relutante, ela não hesitou e deu-lhe.
- Ótimo. Agora, diz-me o teu nome e explica-me a tua situação.
A rapariga suspirou. Sentou-se, terminando ainda um copo de sumo, e começou a falar, lentamente.
- O meu nome é Viktoria. Viktoria Alkaev, e nasci em Moscou mas há três anos atrás os meus pais foram assassinados, e então fui acolhida e transferida por uma instituição de acolhimento para cá, Brighton. Eu, e o meu irmão... - A sua cara ficou murcha. - Mas não sei onde ele está. Fomos separados e não nos vemos desde então, e por isso decidi fazer tudo o que estiver ao meu alcance para o puder tirar de lá. É tudo o que resta da minha família, é a pessoa mais importante para mim neste mundo! Eu não posso ir presa... Sabe-se lá quanto tempo ficarei eu lá encurralada! – Ela chora, tentando disfarçar com o cabelo.
- Certo... E então, achaste que roubar seria a melhor solução? És mesmo assim tão ingénua?
- Tu não percebes! Ninguém compreende! Tu não sabes o que é ver os teus próprios pais serem mortos à tua frente, tendo que tapar os olhos ao teu irmãozinho para ele não ver o horror! TU NÃO PERCEBES! – Ela grita, e levanta-se em fúria, com um olhar agitado, descontrolado e em lágrimas imparáveis.
Matteo levanta-se também,com os punhos serrados, um olhar severo. E aproxima-se da rapariga, que está agora claramente assustada, desequilibrando-se e assim sentando-se outra vez na cadeira.
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Os Mistérios de Matteo
غموض / إثارةBrighton nunca esteve mais agitada. Matteo Alessi, um detetive prestigiado finalmente encontra a sua tão desejada ação, quando um desaparecimento bizarro e um corpo fantasma aparecem na sua vida. Acontecimentos sobrenaturais acontecem continuamente...