Euthanasia
Matteo retira-se do local onde se sucedeu a misteriosa morte e decide pagar uma visita à residência dos McCartney.
Por azar, ou talvez, coincidência, o seu carro foi abaixo. Faltava gasolina, "Foda-se! Não acredito nisto"- e de punho cerrado bateu com força no volante. Com isto, saiu do carro e dirigiu-se para a bagageira, de lá tirou uma espécie de garrafão para poder ir busca-la à bomba mais próxima.Quando lá chegou foi direto para a caixa, estava lá uma senhora de idade, sua conhecida chamada Cristina, que tinha fama de gostar de homens mais novos. E pode-se dizer que o Matteo fazia, sem dúvida, o seu género.
- Olá bonitão. – "Oh não. Cá vamos nós." pensou ele.
- Boa tarde Dona Cristina, como está? O meu carro foi abaixo a meio do trabalho, vim só reabastecer. 20 euros de gasolina por favor.
- Fica o tempo que quiseres meu amor. – Ela liga uma das bombas - Isto anda tão parado, mas a tua presença agita aqui a menina.
"Menina? Deve estar a pensar que estamos na época do Jurássico, só pode. Eheheh, sou mesmo engraçado." Ele deu uma gargalhada em voz alta, só se apercebendo disso quando voltou a olhar para a idosa.
- Isso é sinal que queres dar uma voltinha, jeitoso? Aqui a Dona Cristina ainda sabe dar no pedal.
Matteo fica enojado, sente o vómito a subir-lhe pela goela, e vai rapidamente buscar a gasolina. Ouve a senhora a chamar-lhe uma última vez.
- Senhor Alessi! Espere... Beijinhos. – A senhora diz isto, numa tentativa de sedução, mostrando agora o seu decote. Ele enche o garrafão, e rapidamente volta para o carro.
Agora, de novo a caminho do seu destino, recebe uma chamada. É Berry. Ele rapidamente atende.
- Estou um pouco ocupado Berry.
- Matteo?! Onde estás tu, meu palerma? Sair a correr de uma cena do crime não é teu costume, o que é que se passa?
- Ao falar com o marido da vítima descobri que este caso está relacionado com o dos McCartney. É a cunhada da mãe dos miúdos. Estou agora a ir em direção à casa deles, a ver se ela me pode dar mais alguma informação sobre a... "brasa".
- Lá por agora seres tu a dize-lo não quer dizer que tenha piada, ó chavalo. Concentra-te no trabalho e dá-me noticias assim que as tiveres. – E desliga.
O detetive chega finalmente e o que viu, não era o melhor cenário. Assim que entrou, viu o que parecia ser uma casa quase assombrada, cortinas fechadas, estores para baixo, parecia não ser limpa há semanas, vidros pelo chão, espelhos estilhaçados, e no meio desta confusão, a mãe, tenebrosa e melancólica. Cheia de olheiras, magra e olhos inchados de choro. Cabelos sebosos, e com um odor inadmissível. A mulher estava irreconhecível desde a morte das suas crianças.
- Boa tarde, desculpe aparecer sem avisar... Dona...? Perdão, acho que não apanhei o seu nome desde a última vez...
- Samantha. – saiu uma voz rouca num murmúrio, quase inaudível.
- Certo, certo, Sra. McCartney. Já deve ter ouvido da morte da sua cunhada Ann. Os meus pêsames.
- Por favor, chame-me Samantha. McCartney é o apelido do meu ex-marido. Ele tirou-me tudo, pode muito bem ficar também com o nome.
"Ok... é melhor focar-me no caso por enquanto. Não quero-me afastar do assunto" – Ok, Samantha... Conhecia bem a sua cunhada? – Eles sentam-se nos cadeirões, cobertos de lençóis brancos.
- Ah, sim, Ann. Uma mulher, estranhamente bonita. É quase inexplicável, era linda, mas sinistra. Qualquer coisa nela não parecia estar certo.
- Consegue ser mais específica? – Matteo sente-se no caminho certo.
- A sua pele pálida como a neve, os seus longos cabelos, lisos, pretos como o carvão que faziam contraste com os seus olhos cinzentos. Alta, como uma modelo mas esguia. Não falava muito, por isso não sei o que dizer em relação à sua personalidade, ou mentalidade. Apenas o meu irmão a conhecia de verdade, só com ele se abria.
- Ela e o seu irmão tinham uma boa relação? Eram felizes juntos?
- Sim, daí ser estranho. Qualquer casal discute, todos têm os seus problemas. Mas eles não, sempre com uma postura exemplar, calmos. Até diria que eram abençoados, mas... Enfim.
- Obrigado pela sua colaboração, Samantha. – Matteo levanta-se, preparando-se para sair. – Ah, só mais uma coisa. O nome Penélope diz-lhe algo?
- Penélope? Não tenho ninguém próximo a mim com esse nome... Só mesmo a antiga diretora de turma dos meus... – a mulher hesita – falecidos filhos.
- Ah, a sério? – Matteo está algo intrigado. – E era professora de que disciplina?
- Se bem me lembro, era de ciências. Um pouco estranha, também. Algo... explosiva. – Independentemente do contexto da frase, Samantha permanecia séria, sem qualquer tipo de expressão. Não demonstra qualquer emoção.
Matteo tentou conter ao máximo, e com sucesso, o riso. – Muito obrigada pelo seu depoimento, Samantha. Eu sei que tem sido difícil para si. Desejo-lhe muita sorte.
- Sorte? – Samantha riu. –Claro, é isso. É muita sorte para uma vida. – Respondeu de forma sarcástica,fechando a porta. E não se ouviu mais nenhum som.
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Os Mistérios de Matteo
Mystery / ThrillerBrighton nunca esteve mais agitada. Matteo Alessi, um detetive prestigiado finalmente encontra a sua tão desejada ação, quando um desaparecimento bizarro e um corpo fantasma aparecem na sua vida. Acontecimentos sobrenaturais acontecem continuamente...