Capitulo 1

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-Atrasada de novo!

Levantei-me, desligando o despertador, marcando 8:00, sendo essa a hora que deveria sair de casa para ir para o trabalho. Não era o melhor emprego do mundo... mas era o emprego que me dava comida em casa e roupa para vestir. Um café... com o nome de "O Atlantis".

Em menos de 10 minutos, como por magia, estava dentro do carro. Um Audi branco, não muito novo mas era o meu carro. Cheguei a tempo! 8:20h entrei no café, pronta para começar mais um dia igual aos outros: ouvir pessoas desconhecidas me pedindo torradas, cafés, sumos,... ouvir cusquices da rua. De vez em quando ainda me chatear por não pagarem. Mas tirando isso... tem empregos piores.

Hora de almoço- Finalmente- pensei, exausta, com 5 horas de trabalho já feitas e ainda mais 3 por passar.

Meti-me dentro do carro, e fui a casa. Não há dinheiro para ir almoçar fora, porém, era apertado pois só tenho 1 hora de almoço, e isso, para uma mulher... é pouco.

Entrei no trabalho de novo, marcavam 14:00 em ponto no relógio quando comecei a servir de novo cafés e mais cafés...  ficara farta daquilo. Mas aguentei mais 3 horas de trabalho. Tinha sempre o que fazer, por isso passavam mais rápido do que imaginara.

-Emma!

Assustei-me. Alguém me chamou cuja voz era a mais clara do mundo.

-William!- gritei por cima da voz dele. Era o meu melhor amigo, nos conhecíamos desde miúdos (não que eu fosse muito grande agora). Sempre esteve comigo quando mais precisei. Gostava mesmo daquele gajo.

-Hoje à noite, vens comigo ao Hulla Hoop-o bar mais conhecido de Londres-, vai haver lá uma festa de arromba com a melhor companhia, Eu claro. Vens?

-Por acaso, os meus planos eram descansar a noite toda, ver filmes românticos, deprimindo e comendo chocolate, mas parece que me estragas-te os planos. Vamos lá.

-Te vou buscar às 8:00, te quero gata. Até já.

Nem deu tempo de me despedir dele. Este William... não podia rejeitar, sabia como ele era e ele iria insistir até perder as forcas. Mas pronto, até faz bem sair, beber uns copos e fingir que a dor não existe... a dor de estar só, sem ninguém para ver o tal filme romântico. Mas pode ser que encontre la o amor da minha vida...

Ele é mesmo pontual, 8:00 em ponto, toca a campainha. Abro a porta e vejo ele, de camisa,  cheiro a perfume e cabelo penteado, todo bonitinho capaz de impressionar qualquer rapariga.

-Estas linda Emma.- sorrindo para mim, orgulhando-se de ser meu melhor amigo (acho eu). Estava com um vestido simples, preto justo na cintura e umas sandálias.

-Foi o melhor que consegui, espero estar a altura do menino.

-Deixa de ser tonta, estas sempre linda, só tu é que nunca reparas nisso... bem, vamos?

-Sim, vamos- corando um bocadinho enquanto agarrava a mala e as chaves de casa.

Ainda era longe, meia hora de viagem. Mas chegamos. Claro que teve de ser ele a conduzir, no seu Mercedes , um carro de verdadeiro luxo, lindo. Aquele carro devia valer uns 30 ordenados meus.

À entrada, tínhamos de meter o nosso nome numa ficha que o segurança tinha, com 10€. Escrevi o meu nome "Emma Gracie" e deixei la os meus 10€. E deixaram-me entrar. Desta vez o bar esmerou-se... estava muito giro, decorado por todo o lado com símbolos e balões... ah sim, porque hoje comemorava-se o dia da musica.

-William, isto está um máximo hoje, nunca vi este bar com tanta gente!

Ele apenas sorriu, dirigindo-se para a bancada para pedir cervejas para nós. Eu mais uma vez, não consegui negar, pois ele nunca me dá hipótese para tal!

Já passava da 01:00, e já estava avançada com a bebida, mas ele não parava... me dava sempre mais e mais, e eu não negava claro.     
Até que, quando a banda que estava a dar cujo nome nem me lembrava, acabou, apareceu uma miúda... quer dizer, uma mulher. Era a dona deste bar. Deste e de muitos outros... Todos de Londres a conheciam. Eu a conhecia, de momento é que não conhecia ninguém, o álcool era demais. Estava com cabelo apanhado, mas era do género ondulado. Estava de calcas de ganga, justas às pernas e uma camisa. Nada muito formal mas também não era roupa para ir numa festa. Era bonita. Era a primeira vez que a vi ao vivo, pelo que dizem nas revistas, não sai quase á rua. Chamava-se Sarah. Sarah Willow.

-Boa noite. Espero que se estejam a divertir. O que seria deste bar sem vocês,... -comecei a sentir-me mal, olhei para os lados, a ver se via o William, mas nada.- Fico muito grata pela fama deste bar. Este dia...- Desmaiei.

Acordei ouvindo uma musica calma, eu reconhecia aquela musica. Era dos The Weeknd. Soava baixo, até que abri os olhos, e estava numa sala, nunca antes vista, deitada num sofá desconhecido. Tinha como cor base o preto aquela sala. Estavam médicos, dois para ser precisa, á minha volta, perguntando como me sentia, mas não consegui responder... até que eu olhei para o meu lado direito, e ela estava lá. Sarah Willow, estava na mesma sala que eu, olhando para mim, sem nunca desviar o olhar e parecia tranquila ao ver meus olhos abertos. De perto ainda era mais linda. Mas fui desconcentrada dos meus pensamentos, por perguntas e mais perguntas dos médicos.

Já me sentia melhor. Estava pronta para ir para casa. Mas... eu não sabia do William.

-Foda-se.- disse eu baixinho

-Disse algo Miss Gracie?

Meu coração bateu a mil, ela esta a falar comigo, e eu disse uma asneira. Que boa impressão que ira ficar de mim!

-Desculpe, é apenas que não tenho como voltar para casa. Não sei do meu amigo e ele é que estava com o carro.

-Se quiser, pode ficar no hotel aqui próximo. É bastante bom.

-Não tenho dinheiro- baixando meu tom de voz e ao mesmo tempo minha cabeça.

-Eu pago-lhe, não quero você em transportes públicos a estas horas. É perigoso, e já basta o que aconteceu.

-Claro que não, eu vou para casa, arranjo uma forma. É muito gentil da sua parte, mas não posso aceitar.

-
Pode sim, é o mínimo que pode fazer por mim por eu a ter deixado entrar na minha sala. Aceite!

-Então terei de aceitar, mas irei ficar grata.

Estava bastante calma para quem foi convidada para ir dormir no mesmo hotel e convidada pela própria Sarah Willow.

Almas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora