Capitulo 2

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Acordei, numa cama estranha. Uma cama de casal. Estava num quarto de hotel. Mas era estranho, não me lembrava de lá chegar. Ouvi passos da casa de banho.
-Bom dia.- era ela. A Sarah. No mesmo quarto que eu. Fiquei meio baralhada a olhar para ela, mas nem conseguia raciocinar muito bem, estava com muitas dores de cabeça. - Dormiu bem?
-Bom dia... - respondi, meio tonta deitando-me de novo.
-Eu vou trabalhar. Estão aqui comprimidos para quando se levantar. Esta aqui roupa do seu tamanho para vestir. E o despertador ira tocar as 7:00, para se vestir e ir para o seu trabalho. - ai abri os olhos e vi as horas. Marcava 6:00 em ponto. - Deixei o meu motorista para lhe levar para o trabalho. Tenha um bom dia. Ah e o quarto está pago.
E saiu. Sem mais uma única palavra, nem um adeus... mas nem pensei em mais nada, adormeci logo.

-Isto não esta bem. Uma mulher que não conhecia de lado nenhum, de repente oferece-me um quarto, roupa, motorista... isto nunca me tinha acontecido.- pensava eu para mim enquanto vestia a roupa que ela me comprara. Tinha bom gosto, uma saia preta ate um bocado acima dos joelhos e uma blusa branca.
Enquanto me estava a acabar de preparar para sair, reparei que estava roupa dela no quarto, e não só, na casa de banho também estava.- Queres ver que ela dormiu aqui?!- fiquei parva com o que pensara. Mas nem pensei mais nisso.
Quando sai do hotel, reparei que era um hotel dos mais caros. Não sei como iria agradecer-lhe. Vi o motorista, entrei para um BMW. Ele não me perguntou onde era o café... como ele sabia? Ou melhor... como ela sabia? Será que lhe tinha dito quando estava bêbeda? Não me pareceu... mas pronto, era só mais uma coisa que não fazia sentido.

Cheguei a horas ao trabalho, foi um alivio ver que chegara mesmo a tempo. Entrei no café e comecei mais um dia igual aos outros.

Tinha entrado de novo no trabalho, após a minha hora de almoço. Era para ai 14:30, quando ela entrou no café. Não sei se por coincidência ou não... ela nunca tinha vindo aqui, porque se viesse me lembraria. Todo ela era estranho, mas bonito. Sentou-se numa mesa, olhando para mim nada admirada com a minha presença. Fui atender-lhe (claro).
-Boa tarde, o que deseja?
-Boa tarde, espero que tenha dormido bem... esta linda com essa roupa.
-Obrigada- minhas pernas tremiam, um impulso que não conseguia controlar.- Sim dormi bem. Obrigada pelo que fez por mim...
-Faria tudo de novo. Bem, é um café e a sua companhia, pode ser?
-Minha companhia?
-Sim, enquanto bebo o café, por favor. É uma forma de me compensar pelo que fiz...
-Pode ser, mas não muito tempo.
Fui fazer o café, tremia por todo o lado, nem sei porque... ela mexia comigo, não me importaria nada me habituar à sua proteção.
-Espero que esteja do seu agrado.- sentando-me devagar e pousando a chávena de café na mesa.
-Agora esta.
-Bem, posso-lhe fazer uma pergunta?- cruzando as pernas, para não demonstrar o meu nervosismo.
-Sim, pode falar o que quiser.
-Porque estavam coisas no quarto onde dormi, que eram suas?
-Porque o quarto é meu.
-Dormiu no mesmo quarto que eu? - bastante admirada e envergonhada.
-Sim.
-Dormiu onde?
-Na mesma cama que você Emma.
-Meu deus, nós...
-Não, não fizemos nada. Apesar de não ser essa a minha vontade. - disse num tom mais baixo. - Mais alguma pergunta?
-Você me despiu?
-Não tinha outro remédio - respondia como se fosse uma coisa banal... será que já estaria habituada a gajas bêbedas, a quem ela oferece dormida?!
-Obrigada, por tudo.
-Não é preciso, acredite. Um dia me recompensa. Bem eu agora tenho de ir, poderei ir buscar-te as 20:00?
-Para que?
-Iras jantar comigo. Leva algo formal. Até lá.
Levantou-se, e saiu. Deixou-me sem forças. Parecia o William... nunca me deixava recusar, mas ela é diferente...

Fiquei o resto do dia a pensar nela. Como eu aceitei? Eu nem a conheço bem. Mas não consegui recusar, aqueles olhos azuis fixavam-se em mim de uma forma, que não dava para negar nada.

Eram 19:50, estava-me a maquilhar. Esperava surpreender-lhe... quando a campainha tocou. Me borrei toda no olho. Estava bastante concentrada e ela tirou minha concentração, mais uma vez. Abri a porta à minha pequena casa, se calhar mais pequena do que o quarto de hotel. Ela entrou, e eu estava ao espelho, tentando remediar o mais depressa possível.
-Boa noite, esta pronta Miss Gracie?
-Boa noite, sim estou, acho eu.
-Esta linda. Vamos?
-Sim vamos.
Meu deus, ela estava linda. Com umas calcas justas, pretas. Uns sapatos e uma camisa branca, com um casaco de cabedal. Aqueles olhos, nunca tiraram o olhar de mim (nem eu os meus olhos dela) mas tentava disfarçar e fingir que me sentia confortável com aqueles olhos azuis e perfeitos fixados em mim.

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