Capítulo 7

960 24 9
                                    


E o meu primeiro dia a trabalhar numa das maiores empresas acabou. Eram 17:00 quando Sebastian veio a minha sala.
-Como foi o teu dia Emma?
-Foi cansativo, mas bom. Já sabes dos presentes que recebi?
-Que presentes Emma Gracie? - pergunta ele ficando exaltado, apoiando as mãos na mesa.
Eu apontei para o sofá onde estavam as caixas. Ele com uma pressa fora do comum abriu as caixas e revelou os vestidos. Cada vez os achava mais lindos.
-Quem te deu? - diz Sebastian num tom nada satisfatório.
-Não sei, deixaram cartões, mas sem assinatura claro.
-Mas precisas de roupas Emma? Hoje vamos ao shopping, vamos comprar tudo a que tens direito, não precisas de prendas dessas. E eu vou descobrir quem mandou isto tudo sim?!
-Está bem, mas eu não preciso de roupas - mentira, tou uma pobre que só tem tênis e calças rasgadas - mas obrigada, a serio.
-Mas quem disse que queria a tua opinião? Tu vens e ponto! Amanhã te quero linda.
-Mas...
-Não fala mais nada por favor, faz isto por ti, eu compro tudo. Sei que não tens muito dinheiro, mas eu te quero meter mais linda do que já és. -passando a mão no meu rosto de forma suave - Vá lá Emma.
Nesse momento, um telemóvel começa a apitar de uma forma ensurdecedora. Era o telemóvel de Sebastian.
-Espera um minuto por favor.

Teve ainda uns 5 minutos a falar com uma pessoa que desconhecia, mas a conversa devia ser privada, se ele até saiu da sala...
-Desculpa Emma, era uma urgência, mas está tudo resolvido. Então, vens?
-Tem de ser... -parecendo meio chateada por estar a ser mandada para um shopping.
-Vá linda, não faças essa carinha. Vais gostar de receber miminhos.
-Está bem... Mas eu nunca irei querer gastar o teu dinheiro para os meus bens.
-O meu dinheiro é o que menos importa!
Não sei o que ele fazia em mim... Era o tipo de pessoa que nunca tinha conhecido, aquele rapaz que estava sempre lá, que até agora não me apressou em nada. Eu precisava de um amigo assim

Chegamos ao shopping, eram umas 18:30h. Mas minha barriga já roncava.
-Podemos ir jantar? - disse eu, parecendo naquele momento uma criancinha esfomeada.
-Claro que sim, onde vamos?
-Ao Mac Donalds... Pode ser?
-Tonta... Claro que pode. - fez um sorriso para mim, o melhor sorriso que eu já tinha visto dele. Acho que finalmente me estava a esquecer da minha dura depressão-longe-de-Sarah. E talvez seria ele o homem por quem eu esperava.

Nos sentamos numa mesa para dois, já com a comida à minha frente, à espera de eu a devorar.
-Então Emma, calma, a comida não foge. - vendo a minha cara, babando para a comida enquanto preparo tudo para a atacar.
Eu apenas dei uma leve gargalhada, mas nem estava a prestar atenção a nada, apenas queria comer, não comia nada desde a hora de almoço.

Já tinha tanta roupa. Ele estava a gastar todo o dinheiro da conta bancária dele para mim... Já tinha tanto sacos, das marcas mais caras e que eu nunca pensei em sequer experimentar tais coisas.
-Cinema?
-O que Sebastian? Mas não estás cansado? Pareces uma criança de 5 anos que não quer ir para a cama.
-Mas sou a criança que te dá roupas lindas e a oportunidade de ires com essa mesma criança ao cinema.
-Então aceito, terei de cuidar da criança que existe dentro de ti.

Decidimos assistir um filme que tinha estreado à pouco tempo, mas claro, de terror. E eu não gosto nada de filmes de terror.
Ficamos na ultima fila, e não estava muita gente... Pois já era quase 0:00 e eu ia trabalhar amanhã! E ele também! Criança mal comportada.

Estávamos a meio do filme, e eu cheia de medo, e ele super normal. Mas eu sou maluca?!? Ter medo de demónios e coisas do género.
Me fui encolhendo cada vez mais, até que ele deve ter reparado, e tocou minha mão, fazendo com que olhasse para ele.
-Estas bem Emma?
-Sim, apenas tenho medo... - desta vez a criança parecia eu.
-Vem cá.
E me encostou no ombro dele, passando a mão suave dele no meu rosto. Seria assim tão bom ter alguém a me cuidar e não soubesse? Mas que parva sou eu por sentir saudades daquela sádica que só quer meu corpo, e não o que me faz bem. Ele era tão romântico, era tão perfeito. Sabia me fazer bem.
-Estás com frio? - percebendo que estava a tremer por todo o lado. - vem, senta ao meu colo.
-Não é preciso a serio, eu estou bem.
Ele começou a despir o casaco e deu-me, era um blazer preto que cheirava tão a ele. Ficamos a ver o filme, até que o filme acabou. Com muitos gritos meus e risadas dele (de mim claro) lá consegui sair do cinema em paz.

Almas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora