I prefer the blue one

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CAPÍTULO UM

— Não se atrase. — A voz de Anne Cox era calma mas ao mesmo tempo séria. Ela entregou as chaves do carro nas mãos de seu filho. Ela tinha acabado de carregar o carro com todos os lírios que haviam sido encomendadas para um casamento. — Lembra o caminho?

— Lembro. — Harry respondeu enquanto entrava no carro com certa pressa. Sabia que daria tempo, mas as obras no centro de Londres estavam levando dias demais para ficarem prontas e o trânsito para a saída da cidade estava cada dia mais caótico.

Ele dirigia um pouco apreensivo não apenas pelo horário, mas porque não queria entregar flores murchas ou sem vida justamente num dia tão importante para um casal que ele nem conhecia. Seus cabelos longos escorriam sobre os ombros formando ondas nas pontas e seus olhos verdes estavam concentrados no que via à sua frente. O caminho não era longo, mas o evento seria num local afastado da cidade grande, numa fazenda pequena e, pelo horário, Harry calculou que os noivos provavelmente se casariam ao pôr-do-sol. Achou romântico, mas clichê.

Ele estacionou o carro assim que sua entrada fora liberada por uma das pessoas que faziam a segurança do local. Nada muito sofisticado, poucas pessoas e o lugar tinha uma decoração simples, porém muito bonita. Quase em sua totalidade branca e vermelha e os tapetes no chão faziam um contraste bonito com a grama bem cortada. Ele carregava alguns vasos de lírios que tirou do porta-malas do carro e andava até a entrada do casarão onde provavelmente alguém lhe diria o que fazer com aquilo.

Ele tentou falar com algumas pessoas, mas a correria estava intensa. Ninguém o respondia, garçons passavam com bandejas vazias, apressados, outras pessoas responsáveis pela decoração corriam pelo primeiro andar da casa gritando ordens e Harry percebeu-se absurdamente perdido naquele lugar segurando dois vasos de lírios que não sabia onde deveria deixar. Ele andou sem rumo para um cômodo e não viu ninguém, passou pela cozinha e as pessoas pareciam muito mais atarefadas por lá.

Não viu outra alternativa que não fosse subir as escadas no centro do primeiro andar, estavam com os corrimões igualmente decorados. Ele subiu devagar, tentando ainda sem sucesso falar com pessoas que passavam por ele, mas nada. Começou até a sentir-se mal, como se estivesse atrapalhando, especialmente porque todos estavam muito bem vestidos, enquanto que ele apenas vestia jeans e uma jaqueta marrom de couro bastante usada. Seu tênis branco com as tiras pretas Adidas inconfundíveis estavam ainda sujos pela grama molhada em que pisou.

Uma única porta aberta no corredor largo por onde ele passava mostrava que provavelmente havia alguém lá, talvez a única pessoa no segundo andar, que contrastava bastante com o primeiro, que estava lotado. Enquanto que ali, não havia absolutamente ninguém.

— Com licença. — Ele disse chegando tímido perto da porta aberta. Ele tinha os lírios quase cobrindo sua visão, não viu de quem poderia se tratar. O homem imediatamente veio ajudá-lo com os vasos, segurando um e sorrindo. Harry sorriu sem perceber quando viu os olhos azuis daquele homem. — Sabe onde devo deixar isso?

— Os lírios de Eleanor. — Ele disse olhando de Harry para os vasos de flores. — Ela já estava preocupada que eles não apareceriam. — O homem concluiu sorrindo e Harry achou que nunca tinha visto um homem tão bonito em toda sua vida. — Eu cuido disso, não se preocupe.

— Desculpe, eu não sabia onde deveria colocar, ninguém falou comigo nesse lugar. — Harry respondeu tímido, colocando as mãos nos bolsos. Foi então que olhou ao redor de onde estava e percebeu quem aquele homem de fato era. — Você é o noivo? — Claro que ele era, o terno cinza impecável, a camisa branca e os sapatos pretos lustros mostravam que não tinha chance de ele ser apenas um convidado.

LiliesOnde histórias criam vida. Descubra agora