Lilian

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Old at heart but I'm only 28
Velho de coração, mas tenho apenas 28
And I'm much too young
E sou muito jovem
To let love break my heart
Pra deixar o amor partir meu coração

Passava da uma da tarde e Harry pôs duas malas no carro, não parou pra pensar no que estava fazendo, provavelmente desistira da ideia se ponderasse sobre suas decisão. Havia falado com Gemma e estava rumo a Newcastle, não sabia exatamente por quanto tempo, mas não iria ser por pouco. Considerava o fato de que, se arrumasse um emprego lá, não voltaria a Londres.

— Filho... — Anne, que sempre fora acostumada a ter Harry por perto, estava com o coração partido. — Por favor, pense melhor...

— Mãe, eu preciso disso... — Harry respondeu fechando o porta-malas do carro. — Eu devia ter feito isso há muito tempo... — Ele disse abraçando a mãe por longos segundos. — Eu eu vê-lo, mãe... Eu não vou conseguir ir embora. Só de olhar pra ele, eu vou fazer qualquer coisa pra ficar com ele...

— Mas é isso que seu coração quer, Harry... — Anne dizia desfazendo-se do abraço e acariciando o rosto do filho.

— Mas não é o certo. — Harry respondeu respirando fundo, sentindo uma dor absurda dentro de si, mas convencido de que aquilo era o certo.

— Você sabe que ele vai vir procurar por você... — Ela disse triste de ver o filho partir.

— Eu sei. — Harry disse tirando as chaves do carro do bolso. — E a senhora não vai falar onde eu estou, mãe!

— Harry!

— Mãe, ele vai ir atrás de mim! — Harry dizia com um certo pânico ao imaginar a situação. — E ele precisa ficar com a mulher dele, ele vai ser pai... Ele tem uma família... Ele não sabe o que sente por mim, está confuso e está tomando decisões erradas.

— Aquele homem te ama, Harry. — Anne dizia com uma sabedoria única.

— Não, mãe... — Harry dizia não querendo mais ouvir aquilo, com medo de acreditar. — Ele não sabe o que está fazendo, eu o envolvi, deixei acontecer... Nos conhecemos há dois meses... Ele está com Eleanor há anos, isso não faz o menor sentido. E mesmo que fosse, ele precisa ficar com ela. Prometa que não vai dizer a ele onde estou!

— Filho, eu...

— Prometa, mãe! — Harry pediu sério.

— Tudo bem, eu prometo. — Ela disse conformada. — Filho, eu admiro sua nobreza. — Anne disse olhando nos olhos bonitos de seu primogênito. — Sério, você sempre foi esse menino cheio de bondade, sempre abrindo mão das suas coisas para dar aos outros... — Ela sorriu triste, mas orgulhosa. Nem acreditava que tinha conseguido criar aquele menino sozinha sem transformá-lo num rebelde. — Da vez que voltou sem casaco pra casa porque havia dado ao seu colega de escola que sentia frio... Ou das vezes em que levou a culpa por coisas que a Gemma fez...

— Mãe, pare com isso... — Ele sorriu ao ouvir aquelas coisas.

— Você é um homem grandioso, Harry... Eu te amo muito, meu filho. — Ela dizia voltando a abraçá-lo. — E, por mais que eu admire essa qualidade em você, deixando que você se vá, é meu dever como mãe também dizer quando está errado...

Harry respirou fundo, sentia-se uma criança protegida nos braços daquela mulher, mesmo que fosse muitos centímetros maior do que ela. Sentia seu coração doer por deixá-la, mas sabia que era temporário. Ele só precisava mostrar a Louis durante um tempo que não queria vê-lo, talvez ele recobrasse o juízo e voltasse para sua família. As coisas deveriam ser assim e, mais uma vez, Harry escolhia carregar a cruz sozinho, mesmo sabendo que sua mãe em parte estava sofrendo com aquilo.

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