Capítulo 4

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A escuridão tomou meus olhos, minha visão embaçada dificultava a minha tentativa de enxergar algo. Senti uma profunda dor em minha cabeça, então me sentei e a toquei, estava muito dolorida. Senti um liquido quente escorrendo por minha orelha até o pescoço, minhas pernas estavam doloridas também, doíam muito, no começo achei que havia às quebrado, mas ao levantar percebi que não. O corte de minha perna estava sangrando novamente, um galho havia aprofundado em meio a carne que latejava mais que o normal. Teria eu mesmo que tirar aquele galho, poderia causar alguma infecção se continuasse ali. Toquei no galho, mas a dor era muito forte, sentia ele se mover em meio a carne que jorrava sangue. Criei coragem e o puxei, o que se seguiu de uma dor horrível e um grito que causou eco em toda floresta, olhei novamente, e o galho ainda estava ali, quase todo para fora, não custava nada continuar a retira-lo, peguei o galho e o puxei, eu gritava, então continuei puxando, meus gritos e as dores aumentaram até que por um alívio ele saiu, e junto ele o sangue grosso com pequenos vestígios de carne. Amarrei pedaços de panos e enrolei em minha perna, o corte da cabeça já não sangrava mais.

Me levantei apoiando em uma das árvores musgosas que havia á meu redor, olhei para o alto e só podia ver algumas árvores atrapalhando a visão das estrelas.
Andava cuidadosamente e mesmo assim chutava algumas raízes, a erosão não parecia ser tão extensa assim, apenas era funda, deveria ter cinquenta metros quadrados e sete de profundidade.

Havia muitas folhas ali, em alguns lugares, chegavam até os joelhos. Eu tinha medo, podia ter alguns animais selvagens ali, que podiam me ver, mas eu não enxergava ninguém. Nem a mulher que me servia de guia já não era mais avistada, além de meus passos por cima das folhas, não ouvia mais nada, mas foi aí que ouvi, e me deu calafrios na espinha. Uivos. Haviam muitos lobos ali. Não havia casas próximas dali para serem cães, e já haviam boatos que a floresta possuía lobos, mas nada teria comprovado a tal fama da "Alcatéia da Floresta Negra". Junto aos uivos também podia se escutar um choro, mas em direção oposta.

Eu não sabia o que fazer, então comecei a seguir o choro, pois os uivos não eram tão seguros e pareciam estar do outro lado da erosão. Depois de uns minutos caminhando, notei que o som do choro já estava bem maior mas não parecia ser o choro de uma criança, e sim de algum animal aparentando ser filhote, então vi que algo se movia ali em minha frente, pelo escuro eu não sabia bem o que realmente era, não tinha outra alternativa a não ser me ajoelhar e colocar a mão, então o fiz.

Fui apalpando o que encontrei pela frente, na intenção de achar algo, ou alguém. Logo senti algo com pêlos, na hora em que toquei não ouvi mais choros, como se fosse aquilo que estivesse chorando, percebi que era pequeno, talvez um coelho, mas coelhos não choram. A hipótese de ser um cão veio em minha mente, logo o peguei e o segurei com um dos braços.

Voltei a chamar por Vallery, mas não fui respondido nenhuma das inúmeras vezes. Tropecei em algo, caí no chão sem machucar aquele animalzinho, pois o protegi, então o coloquei dentro da minha mochila. Lembrei que em meu estojo havia um chaveiro com uma pequena lanterna, peguei o estojo e arranquei a lanterna fazendo com que a pequena corrente rompesse. A liguei e primeiramente olhei dentro da minha mochila para ter uma noção de que animal era aquele que eu abrigava lá dentro. E para minha surpresa, era um lobo.

Sim, era um lobo, mas era um filhote inofensivo.

Apontei com a lanterna a minha volta, até que enxerguei alguém deitado no chão em meio aquelas folhas, corri em direção aquela pessoa imóvel no chão, toquei cuidadosamente em sua cabeça.

Quando virei seu corpo, me senti aliviado."

TheWattys

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