Capítulo 11

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Felizmente, não sonho de novo. Acordo disposta a continuar tudo que comecei. Não sei o que me faz sentir assim.
As duas já estão acordadas e comendo. Me sento para comer também.
— Ally, por que você fez isso com seu olho? — pergunto.
— Não tinha outra alternativa. — ela responde, séria.
Comemos em silêncio. Percebo que as queimaduras melhoraram rápido. Acho que mais um dia passando o creme resolve.
— Vamos andar hoje? — Ally pergunta.
— Você está melhor? — pergunta May.
— Muito melhor do que ontem. — Ally responde. Felizmente, ela foi a que menos sofreu queimaduras.
Decido sair da barraca para ver as coisas. Está um calor intenso. Meus olhos doem de tanto eu ter que franzi-los. Volto para a barraca, afinal, o clima está muito melhor por lá.
— Lá fora está muito quente. — digo.
— Que bom. Assim não precisaremos usar nossas jaquetas queimadas. — diz May.
— Eu não gosto de dias ensolarados. Fico com dor de cabeça. — digo.
Ficamos jogando conversa fora por algum tempo. Decidimos sair por volta de 1 da tarde, pois o calor vai estar menos intenso após o meio-dia.

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Já arrumamos as coisas e estamos saindo. Lembrei de passar o produto na tatuagem e o creme para queimaduras. May vem até mim cabisbaixa.
— Kya... — ela começa.
— O que houve?
— A pistola... não está mais funcionando. Acho que foi por causa do que aconteceu ontem. — ela me estende a pistola e eu a avalio.
Miro numa árvore e aperto o gatilho. Não sai nada. Faço novamente. Nada. Tomo coragem e miro na palma de minha mão esquerda, colocando as duas um pouco longe uma da outra. Atiro. Nada. Aproximo mais a mão com mais coragem e aperto o gatilho. Desta vez, sinto uma pequena pressão como a de um sopro forte na palma da mão. A pistola perdeu a potência. Não vai mais servir. Falo isso para May e ela assente com a cabeça.
Apenas com uma arma disponível, seguimos caminhada na companhia de um sol escaldante — mesmo tendo passado do meio-dia.

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Estamos fora do Muro há 5 dias. Minha mãe deve estar preocupada. Do jeito que ela é, deve pensar que morri. Vou levar uma bronca quando voltar pra casa.
São 4:36 da tarde. Mosquitos nos rodeiam e temos que ficar nos batendo freneticamente ou batendo no ar para espantá-los.
Surpreendentemente, ninguém aqui está muito cansada. Seguimos por mais algumas horas.

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Agora, 7:20 da noite, estamos comendo e nos preparando para dormir cedo. O problema é que ninguém aqui está com sono, mas ninguém está preparada para enfrentar os perigos noturnos. Decidimos ficar por aqui mesmo, conversando e descansando o cansaço que não nos desgastou, apesar do calor.
As duas só sentem sono por volta das 10:55. Decidem dormir e eu fico ali acordada, sozinha. Chega a ser irônico: às vezes estamos rodeados de pessoas, mas nos sentimos sozinhos por um motivo que nem mesmo sabemos.
Pensando bem... isso tudo só faz parte da vida. Nada disso é uma ironia. A vida é uma ironia.
Pego meu caderno de poemas e aguardo a chegada da inspiração, mas esses dias não estão me favorecendo para fazer poemas. Depois de 15 minutos aguardando alguma ideia, desisto de fazer poemas e vou dormir.

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Booooooooa tarde, meus caros leitores!
Este capítulo foi bem curto, eu sei. Mas isso é só uma pausa nas aventuras. O perigo e o desespero voltam a aparecer no próximo capítulo. Hehehe...
Por favor, comentem. Se puderem, votem! Amo vocês.
Beijos da Senhorita Gilabert :*

Harpia: Além do MuroOnde histórias criam vida. Descubra agora