Eu e Eric nos entreolhamos.
— Eu juro! Eu sou uma cenoura!
— Do que você tá falando, Ally? — pergunto.
— Kya? É você? — ela pergunta, me olhando.
— Sim, sou eu.
— Vamos tirá-la daí. — diz Eric, vindo em nossa direção.*** *** *** *** *** *** *** ***
Por volta de 5 minutos depois, conseguimos desenterrar Ally. Ela está muito suja. Um banho — em todos nós — seria bom.
— O que aconteceu, Ally? — May pergunta.
— O lobo da floresta apareceu com os seus amigos. Eles não gostam de cenouras, então, fingi ser uma.
— Lamento informar, mas precisamos seguir em frente. Outros lobos podem vir até aqui. — diz Eric.
— Vamos caminhar de noite? — pergunta May.
— Sim. Temos que fazer isso.
Começamos a arrumar nossas coisas para partir para uma caminhada extra.*** *** *** *** *** *** *** ***
No caminho, Eric vai na frente conversando com Ally — ou melhor, tentando mantê-la normal — e eu e May vamos atrás.
— É, a música do lobo da floresta mexeu mesmo com a Ally. — May comenta.
— E como é a música?
May canta:O senhor lobo da floresta
Silencioso e sem pressa
Caminha devagar
Com seus amigos a lhe acompanharO senhor lobo é guloso
Mas cenoura ele odeia
Só sossega o velho lobo
Quando tem a barriga cheiaQuando a noite chega
Para pra descansar
Na relva se aconchega
E uiva para o luar— Me perdoe, Kya, mas eu não vou uivar para terminar a música.
— Que bom. Até porque poderíamos atrair mais lobos. — brinco.*** *** *** *** *** *** *** ***
Depois de aproximadamente 1 hora de caminhada, estamos esgotados. Paramos numa área com o solo meio ondulado. A barraca já está montada e eu estou do lado de fora.
Penso em casa. Já estamos fora do Muro há uma semana, eu acho. O que deve estar acontecendo na Nação? Como minha mãe deve estar ao saber que sua filha passou uma semana sem voltar para casa? Mordo o lábio inferior, preocupada. Encosto numa árvore e Eric nota minha preocupação.
— O que houve? — ele pergunta.
Suspiro.
— Só estou preocupada com a minha mãe. Tento imaginar como ela se sente por saber que eu não apareço em casa há uma semana.
Silêncio.
— O que você vai dizer a ela quando voltar? — Eric pergunta.
— Eu não sei. Não sei se ela vai acreditar se eu disser que eu dormi em trens.
— Por que não diz a verdade?
— Se eu disser que ultrapassei o Muro ela vai me matar.
— Entendo.
Silêncio novamente.
— Eu adoraria conhecer sua mãe.
— Acho que ela iria gostar de você. — digo.
— Vai contar a ela sobre nós?
— Vou. Espero que ela não fique zangada.
Depois de um tempo, Eric diz:
— Então, Kya...
Eu olho para ele.
— Agora elas estão dentro da barraca... — diz, com um sorriso tímido.
Ergo uma sobrancelha.
— Eu sei que estão.
— Por favor... Só um...
Olho para a barraca para me certificar de que ninguém está nos observando. Beijo Eric e entramos na barraca para dormir.*** *** *** *** *** *** *** ***
Eric está numa árvore bem alta. Ele sorri e olha para a frente.
— Vem ver isso, Kya! Sobe aqui!
Fico pensando: como eu vou subir nessa árvore?
— Vem, Kya! Não precisa ter medo. É só pular.
Desconfiada, eu obedeço Eric. Quando pego impulso, meu pulo chega até ele, que está sentado no topo da árvore. Caio agachada em um galho ao seu lado.
— Olha, Kya.
Olho na direção que ele está olhando e vejo o lado de dentro do Muro. As pessoas parecem formigas vistas daqui de cima.
— Não é bonito? — ele pergunta.
Continuo olhando para a Nação, mas não falo nada. É engraçado ver as pessoas tão pequeninas andando de um lado para o outro.
— Não é bonito? — ele pergunta novamente, desta vez num tom mais alto e ameaçador. Quando olho para ele, ele está com roupas e capuz roxos. Exatamente a roupa daquelas pessoas que encontramos. Ele aponta para a sua frente.
Quando eu olho para a frente novamente, vejo as pessoas que vi naquele lugar escalar o Muro e, em seguida, atacar o povo da Nação. Ao redor dos corpos caídos, só vejo sangue e dor. Aos poucos, a Nação se enche de manchas em vermelho e roxo.
— Não é bonito. É magnífico. Mas não se assuste, Kya. Em breve, você também fará parte dessa pintura.~~~
Boa tarde, pessoinhas.
Queria dizer aqui que "Além do Muro" já está em sua reta final. Tem 26 capítulos, e este, como puderam ver, foi o 20.
Devido aos poucos leitores, não sei se continuarei escrevendo o segundo livro de Harpia. Talvez eu continue, se as coisas melhorarem... Vocês devem saber que não é muito legal quando seus livros não atraem muitos leitores, quando ninguém comenta, quando só tem 2 votos. É uma sensação bem ruim, e eu lamento dizer que estou me sentindo um pouquinho desse jeito. :/
Desculpem pelo desabafo, mas é isso aí. Estou começando uma nova obra aqui no Wattpad, e pretendo fazê-la melhor e mais interessante que Harpia.
Só espero que tudo dê certo.
Beijinhos. :*
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Harpia: Além do Muro
RomanceATENÇÃO: PLÁGIO É CRIME! - A humanidade vive dentro de uma grande barreira, popularmente chamada de Muro. De um lado do Muro, a área é dividida em cinco províncias, cada uma com seu papel, que funcionam como um organismo para o bem da Nação. Acontec...