Capítulo 17

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   A caminhada já dura 2 horas. Na conversa de ontem, as duas me explicaram que nos deixaram sozinhos daquelas vezes para ver se algo acontecia entre nós. Aquelas malandras!
   O incrível é que continuamos andando separadas. Mas a amizade continua, pelo menos.
   — Kya. — Eric me chama.
   — Sim?
   — Por que Ally e May não deixaram mais você sair da barraca ontem?
   — Porque era Clube das Meninas...
   Um silêncio surge.
   — Kya. — ele me chama novamente.
   — Sim? — respondo.
   — O que é o Clube das Meninas?
   Eu rio.
   — Um lugar em que dissemos assuntos proibidos para meninos — sussurro, brincando. — Ah, já estou melhor. Elas disseram que se afastaram de mim pra ver se rolava alguma coisa entre eu e você... É mole?
   — Estava tão na cara assim que eu era apaixonado por você?
   — Você era?
   — Não! — responde, desconcertado. — Quer dizer, era. E ainda sou.
   Eu rio e depois de um tempo ele pergunta:
   — Espera. Então elas já sabem que...
   — Sim, elas sabem que estamos namorando.
   — Ah. Que bom. Assim não preciso mais te beijar às escondidas...
   — Ei, eu sou tímida, tá? Pode continuar sendo às escondidas.
   — Então tá. Agora que elas já sabem, porque não caminhamos todos juntos?
   — Pode ser. Vamos lá perto delas.

***   ***   ***   ***   ***   ***   ***   ***

O dia foi divertido. Rimos bastante e conversamos muito. Já é início de noite e percebi que o tempo mudou de repente; tudo indica que vai chover.
   Enquanto não chove, nós estamos numa árvore conversando, comendo e bebendo. Desde a aparição de Eric, tenho que dividir meus sanduíches com ele. Não vejo problema nisso, mas sinto falta de poder comer um sanduíche inteiro.
   — Vamos armar a barraca, Ally. — convida May.
   — Querem ajuda? — Eric pergunta.
   — Não — Ally repreende. — Mas obrigada por se oferecer.
   Elas armam a barraca um pouco mais à frente de onde estávamos. Eric conversa comigo.
   — Ei, me fale sobre a sua família. Você nunca falou deles pra mim.
   Penso um pouco e começo:
   — Bem, minha mãe se chama Christine. Meu pai morreu num acidente numa barca que ia para a Quarta Província. — suspiro. — Ele se chamava Peter.
   — Oh, me desculpe. Eu não sabia disso.
   — Tudo bem — pego sua mão. — Não é sua culpa.
   — Ahn... e você tem algum irmão ou irmã?
   — Não. Sou filha única.
   — Ah. Eu também sou filho único, mas fico muito com meu primo. Ele é como um irmão.
   — Conta sobre a sua família, agora.
   — Tá. A mãe dele morreu por causa de uma doença, então minha mãe dá o maior carinho possível a ele. Eles se adoram. O nome dele é Seth e tem a minha idade. E, como você sabe, minha mãe se chama Marie e meu pai se chama Leaphar. — ele para por alguns segundos, mas continua:
— Em breve teremos um novo membro na família.
— Por que? Sua mãe está grávida? — pergunto.
— Não.
— Alguém vai adotar alguma criança?
— Não. É que eu pretendo me casar... sabe?
Eu rio.
— É mesmo?
— É.
— Que bom saber disso. É uma pena que pessoas de províncias diferentes não possam se casar. Mas seria uma boa.
— É o que eu mais quero.
— Nossa, Eric, você é tão doce que me dá diabetes. — brinco.
— E você é tão salgada que faz minha pressão subir.
Bato no braço dele.
— Doido.
Ele se aproxima de mim para um beijo. Mas, quando estamos quase lá, ouço um grito de Ally.
— Ah!!! Que lindos! May, vem ver isso aqui!
Sou obrigada a interromper o "quase beijo".
— O que foi? — pergunta May.
— Os dois! Eles quase... quase se beijaram...
— Quase, né? Acho que, se não fosse pelo seu grito, daria pra ver a cena. Mas do jeito que você é escandalosa...
Os primeiros pingos de chuva começam a cair enquanto as duas ficam discutindo. Eu estou com vergonha por elas quase terem visto. Acho que eu morreria se elas vissem.
— Espera aí. — Eric diz.
Ele se levanta e chega perto das duas, que anda estão discutido.
— Por que estão discutindo? Acho que já podem parar com isso. Kya, vem cá.
Eu levanto, cheia de vergonha, e vou até ele.
— Não pisquem, porque eu não vou fazer de novo.
Ele me segura, me inclina de costas e me beija. Depois, me bota na mesma posição.
As duas estão soltando gritinhos. Droga, Eric!
— Eric, eu disse que...
— Foi só dessa vez. — ele me interrompe. — Não vou fazer de novo. Me desculpa.
Eu corro pra dentro da barraca e a fecho. Eles ficam gritando do lado de fora para eu abrir a barraca, mas eu não abro. Estou com vergonha demais pra isso. Encosto minha cabeça nas pernas dobradas e fico ali, ao som de Ally, Eric e May pedindo para eu abrir a barraca.

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Boa noite, Harpianos! Como estão?
O que acharam do capítulo de hoje? Comentem! E dêem um votinho no capítulo... será que vocês me dariam essa moral?
Bem, espero que estejam curiosos para o próximo capítulo. A Ally vai surtar de vez!
Até logo! :*

Harpia: Além do MuroOnde histórias criam vida. Descubra agora