Capítulo 15

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— Temos que chamar May e Ally! — digo.
— Não. Primeiro, precisamos saber se é seguro. Fique aqui. — Eric diz.
— Não. Eu vou com você.
— Você é quem sabe.
Entramos no local. O chão é arenoso e o local é circular; as árvores definem o limite. Parece uma grande vila.
Por enquanto, sem sinal de vida. Não há barulhos. Parece que somos as únicas pessoas aqui.
— Que estranho. Isso tudo não apareceu aí sozinho. — Eric diz.
— Foi o que eu pensei.
— Bem, se estiverem desocupadas, podemos passar a noite aqui. Ou morar aqui, mesmo que seja improvável.
— Acho melhor analisarmos mais o local.
Eric concorda com a cabeça e vamos pelo canto esquerdo. A alguns metros, vemos uma cachoeira. Ally iria adorar.
— Tem uma cachoeira ali, mas acho que seria melhor entrarmos nos casebres antes para conferir se aqui realmente não é habitado. — Eric sugere. Eu concordo com a cabeça.
Voltamos para perto da floresta e nos preparamos para entrar no casebre mais próximo da "entrada". Eric prepara sua lança e diz para eu ficar do lado de fora. Desta vez, eu obedeço.
Ele abre a porta sem fazer barulho. Olha para dentro e diz:
— Kya, vem cá.
Eu apenas obedeço. Abro mais a porta e vejo pessoas com roupas roxas com capuz deitadas em camas de madeira. Parece que temos chances de viver por aqui.
Olho para Eric e fechamos a porta, saindo do casebre.
— Vamos procurar por outros moradores. Estes daqui estão dormindo. — digo.
Vamos para uma outra casa, à esquerda. Eric decide olhar da janela em vez de abrir a porta.
— Outros dormindo, Kya. — sussurra.
— O povo daqui é bem preguiçoso. — digo, brincando. Vamos para um casebre que fica um pouco longe deste, à nordeste de onde estamos.
Desta vez, encontramos um morador de roupa e capuz roxos de pé, fazendo alguma coisa que não conseguimos identificar.
— Com licença. — Eric diz.
O homem para de fazer o que está fazendo, mas continua na mesma posição.
— Oi? — espero alguma resposta dele. Ele continua na mesma.
Eric se aproxima e toca seu ombro. Ele começa a dizer algo, mas o homem se vira bruscamente em nossa direção. A aparência me assusta. A roupa é num tom mais escuro e o capuz é preso à gola da camisa. Não consigo ver seu rosto. Apenas vejo olhos encarando Eric, que recua.
— Me desculpe se interrompi algo importante, senhor... — Eric diz, e o homem continua o encarando. Depois, passa a me encarar também. Seguro na mão de Eric, buscando segurança.
      — Vamos sair daqui, Eric. — sussurro.
   — Espera — Eric se aproxima de novo e eu vou atrás dele. — Senhor, será que...
   Neste momento, um homem parecido com ele sai da casa e nos encara. Não falam nada.
   — Vamos, Eric. — insisto. Ele cede.
   — Qual é a deles?
   — Não sei, mas não querem falar conosco. Vamos embora.
   No caminho de retorno à floresta, vejo homens como os outros na janela de suas casas. Alguns foram até a porta; outros saíram de casa. Todos eles nos olham.
   — Estou ficando com medo... — sussurro.
   — Calma. Já estamos indo embora.
   Estamos andando até que um homem para em nossa frente e estende o braço com a mão espalmada, fazendo-nos parar. Ele não faz nada além disso. Damos a volta no homem e outro para à nossa frente, porém mais próximo de mim, na mesma posição. Eu dou alguns passos para trás e sinto uma coisa encostar em minhas costas. Olho e vejo outro homem na mesma posição. Aos poucos, o lugar vai se enchendo de homens nos impedindo de sair. Eu fico tensa.
   — O que faremos agora? — sussurro.
   — Não sei. Estamos quase completamente cercados. Vou tentar dar a volta em todos eles.
   E tentamos fazer isso. Porém, quando os contornamos, eles estendem o braço para o lado e interrompem nossa passagem novamente. Eu já estou irritada.
   É por causa dessa irritação que empurro um homem à minha direita. Ele cai no chão e todos se viram para ele. Tentamos sair, mas imediatamente todos olham para mim. Eles abaixam os braços e permanecem me encarando. Logo, andam em minha direção. Estamos cercados, agora. Sinto que um deles segura meu braço direito com apenas uma mão. A força é incomum, não consigo me soltar.
   — Eric! — chamo.
   Eric se vira para mim e vê minha situação. Ele enfia a lança na coxa do homem e ele cai, puxando meu braço. Acabo indo com ele para o chão.
   Nesse momento, todos eles vêm em minha direção para me pegar. Acho que nós os deixamos irritados por termos machucado o homem caído. Agora estou em apuros.
   Num bom momento, Eric me pega no colo e corre no meio da multidão de homens. Dá para perceber que Eric leva socos dos homens, mas isso não o abala. Alguns segundos depois, retornamos à floresta e Eric me põe no chão.
   Olho para o lugar e os homens nos encaram e, depois de alguns segundos, entram em suas casas novamente.
   — O que foi aquilo? — pergunto, confusa.
   — Não sei, mas, de qualquer jeito, não somos bem-vindos ali. Temos que voltar para a Nação, Kya.

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Bom dia!
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Até mais, Harpianos... :*

Harpia: Além do MuroOnde histórias criam vida. Descubra agora