Capítulo 14

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Acordo e Eric está deitado, com uma cara de sono.
— Bom dia. — ele diz.
— Bom dia — retribuo. — Dormiu bem?
— Sim, sonhei com você.
— Como foi o sonho? — pergunto, receosa.
— Sonhei que estávamos na Quarta Província, deitados juntos na grama e observando o céu noturno. É uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Estávamos planejando morar em uma estrela.
Eu rio.
— Que interessante. — digo.
— E você, dormiu bem?
— Sim.
— Então, tá.
Ele pega sua jaqueta e retira um saquinho do bolso. Em seguida, abre-o.
— Quer? — e me oferece o conteúdo do saquinho. São amoras.
Penso em aceitar, mas temos sanduíches na mochila de May. Poderia oferecer um a ele; acho que elas não encrencariam.
— Não, obrigada — digo. — Já volto.
Vou à barraca e aproveito para levar os travesseiros e o cobertor. Pego um sanduíche e uma garrafa de água. Em seguida, volto para onde estava e vejo Eric comendo as amoras. Eu me sento.
— Espera, guarda isso — digo, segurando a mão dele que pegaria uma amora. — Eu trouxe uma coisa melhor.
Parto meu sanduíche ao meio e dou uma metade a ele.
— Muito obrigado. — ele diz. Eu sorrio e nós comemos.
Após comermos, bebo um pouco de água e dou a garrafa para ele. Ele aceita.
— Você é um amor. — ele diz, imitando minha voz. Eu rio e dou um tapinha em sua cabeça. Ele ri também.
Ficamos um tempo parados até que May sai da barraca.
— Tudo certo? — ela pergunta. Eu olho para trás e aceno com a cabeça. Ela volta para a barraca.
Em poucos minutos já estamos nos preparando para desfazer o acampamento.

*** *** *** *** *** *** *** ***

Desta vez, eu e Eric fomos à frente. May e Ally, obviamente, ficaram mais atrás, conversando. Por que elas não caminham conosco?
— O que realmente houve na caverna? — Eric pergunta. Já deve ter conversado com Ally sobre o olho dela.
— Morcegos estranhos nos atacaram. Levamos arranhões e mordidas, e Ally levou um grande arranhão no olho esquerdo. Depois de um tempo, ela arrancou o próprio olho e disse que não tinha outro jeito a não ser esse. — conto.
— Ela é bem corajosa.
— É.
— E o olho da May?
— Aquilo foi cirurgia.
— Ah.

*** *** *** *** *** *** *** ***

Agora, acho que são aproximadamente 2 da tarde. Acabamos de parar para beber água.
— Argh! Quero tomar um banho! — reclama Ally.
— Quer que eu veja se acho um lago por aí? — Eric pergunta.
— Eu ficaria muito agradecida. — ela responde.
Eric se levanta. Decido ir com ele e me levanto também.
— Vou com você. — digo.
— Tudo bem. — ele responde.
Nos afastamos um pouco do acampamento a procura de algum lago ou algo que dê para tomarmos banho. Ainda não achamos nada.
— Eric, você sabe se Ally achou o colar dela?
— Sim, ela disse que estava numa moita próxima no momento do ataque da pantera.
Relembro a cena. Nosso medo, o apetite da criatura, o arrepio na espinha, o pulo, a lança perfurando a barriga do animal. Parecia um pesadelo, até Eric aparecer.
— Muito obrigada mesmo por ter me salvado. Não tenho nem palavras... — ele para de andar e me interrompe:
— Já disse que não precisa me agradecer.
— É claro que preciso, Eric! Você salvou minha vida! Eu ia morrer!
— Não, Kya. Você não... — eu o interrompo, desta vez:
— Eu te amo, Eric! — As palavras escapam da minha boca.
Ele para e me olha, incrédulo. Não acredito que eu disse isso.
— O que você disse? — ele pergunta.
— N-nada. — gaguejo.
— Repita aquilo, Kya. — ele diz, abrindo um pouco o sorriso.
— Repetir o que? — constrangida, finjo não ter falado aquilo.
— Você sabe. Fala de novo, por favor. — seu sorriso resplandece em seu rosto.
É, de qualquer jeito, vou ter que dizer.
— Eu te amo... — digo, baixinho.
Ele segura meu rosto com as duas mãos e me faz olhar para ele.
— Quer namorar comigo, Kya?
Minha vontade agora é de me encolher em um canto qualquer. Bem, é a primeira vez que sinto algo assim por alguém. Já que nunca me senti assim antes, por que não experimentar esta sensação agora?
— Quero... — digo com uma voz quase inaudível. Os olhos de Eric brilham.
— Posso te beijar, minha namorada?
Acho que vou explodir de tanta vergonha.
— Pode.
Ele puxa meu rosto para perto do seu e nos aproximamos cada vez mais. Por fim, nos beijamos.
Quando eu afasto o rosto, percebo que meu coração está disparado. É estranho admitir, mas a sensação de amar Eric faz eu me sentir bem.
— Oh, Kya! — Eric exclama, rindo. — Você está parecendo um tomate!
Imagino que meu rosto esteja realmente vermelho. Estou ardendo de vergonha.
— Vou cuidar de você. — ele me abraça e voltamos a andar à procura de um lago.
Não andamos muito até eu ver umas coisas em marrom mais à frente.
— O que é aquilo? — pergunto, desta vez num tom normal.
— Não sei. Vamos ver.
Nos aproximamos do local e vejo que são casas de madeira, um pouco diferentes das construções da Primeira Província. Espera! Isso tudo não foi parar aí sozinho. Estou mesmo vendo isso? Não. Não pode ser...
Há vida humana fora do Muro.

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Boa tarde, leitores!
Isso pode ser chato, mas admito que adoro vê-los curiosos. Espero que tenham ficado beeem curiosos! Hahaha...
Sabiam que os comentários e os votos de vocês são muito importantes para mim? São vocês que me incentivam a continuar as postagens e a dar continuidade ao segundo livro — sim, eu já terminei de escrever "Além do Muro" e haverá um segundo livro! —. Bem, quem puder votar ou comentar neste capítulo pode ter certeza de que eu vou ficar muito feliz, pois escrevo com amor, especialmente para vocês.
Beijos carinhosos e abraços perfumados de uma autora apaixonada. 💋💕

Harpia: Além do MuroOnde histórias criam vida. Descubra agora