Já era de manhã. Não sabia exatamente, já que não havia uma única janela naquela casa, mas podia ver pela base da porta os raios de sol, mesmo que fracamente.
O necromante logo acordaria para que nos fossemos caçar. Eu ainda tinha algumas coisas a fazer, já que, alem de meditar, tinha lido alguns livros que eu vi na estante próxima.
Comecei a reorganizar os livros que tinha pego emprestado, mas algo me chamou atenção no meio dos livros.
Era um tipo de varinha ou algo assim, embora parecesse apenas um osso bem longo e fino. Ela tinha uma cor branca, com algumas marcas enegrecidas aqui e ali. Haviam alguns desenhos como os meus nela.
Em uma das pontas da varinha, estava algo semelhante a uma junta, na outra ponta estava uma parte mais fina, mas que não terminava em uma ponta afiada.
Eu a retirei cuidadosamente de onde estava e a observei por um tempo. Ela era bastante pesada para algo feito de osso. Talvez aqueles desenhos é que fizessem ela pesar tanto assim.
Enquanto estava analisando a estranha varinha, ouvi uma risada atrás de mim. Ao me virar, dei de cara com o necromante, que sorria ao me ver olhando ela.
Me apressei em devolver ela para o lugar onde encontrei, mas ele mandou eu parar e disse que se eu quisesse poderia ficar com ela.
Não entendi bem o motivo dele estar fazendo aquilo, mas aceitei a varinha de bom grado.
Alem da varinha, ele me forçou a vestir um estranho manto, semelhante ao que ele estava vestindo.
Se não fosse pelo fato de eu ser um esqueleto, eu estaria parecendo um mago comum em qualquer RPG na minha vida passada, mas já que sou um esqueleto, eu seria um esqueleto mago ao invés de um esqueleto comum? Provavelmente, afinal eu até uso magias ao invés de uma arma qualquer.
Saindo da casa como no dia anterior, nós nos dirigimos para um local diferente do outro dia. Ao invés da trilha que usamos para chegar na área de treino, ele foi para uma parte da floresta próxima a casa onde as arvores eram mais separadas, e me mandou seguir ele.
Andamos por uma meia hora pelo meio das arvores, com vinhas e galhos atrapalhando meu caminho, e raízes tentando me derrubar.
Eu não era muito compatível com florestas nem na minha vida anterior. Nem me lembro de ter entrado em uma floresta na minha vida passada.
Depois de mais alguns minutos, encontramos nosso primeiro inimigo.
Era parecido com um cão selvagem, com pelo cinza e bagunçado, caninos pequenos, porem afiados, e olhos negros.
Segundo o velho, esse tipo de animal era comum por aqui. Não era exatamente considerado como um monstro, mas tinha uma força que não deveria ser subestimada. Ele deveria estar a uma distancia de uns 13 ou 14 metros, e ainda não havia nos notado.
Eu estava prestes a agir, mas o necromante tomou a frente e apontou seu cajado para a direção do cão.
Um objeto longo surgiu no ar próximo ao cajado do necromante. Tinha aproximadamente 120 centímetros de comprimento e feito completamente de gelo. Era uma espada azul flutuando no ar. A magia de gelo de rank 1 ⌈Lamina de Gelo⌋.
A lamina só permaneceu flutuando lá por um momento, já que o velho apontou para a direção do cão e ela partiu voando para o alvo.
Ao atingir o cão, ela perfurou ele até a guarda da espada, tingindo a lamina azulada com o vermelho do sangue dele.
Ele não tinha morrido ainda, e se contorcia de dor com uma espada cravada em seu corpo. O velho se aproximou dele e terminou o serviço com apenas uma ⌈Lamina de Vento⌋ que fez um corte limpo na garganta do cão.
O necromante apontou o bastão para o cadáver do cão e uma sombra surgiu embaixo dele, engolindo o cão para dentro dela. Era uma das poucas magias das sombras que ele conhecia. Embora eu não soubesse seu nome, sabia que servia para armazenar objetos.
Depois disso nós continuamos a caçar normalmente. Só apareceram cães na nossa caçada, mas eles começaram a aparecer mais facilmente conforme avançamos na floresta. Nós revezávamos em quem iria matar o cão dessa vez, embora eu precisasse de mais de um golpe para finalizar eles.
Continuamos avançando mais fundo na floresta até encontrar uma parte onde ela se tornava mais aberta, e mais a frente acabava.
Dali era possível ver um conjunto de construções a uma certa distancia, que identifiquei como um possível assentamento humano.
Porem, naquele momento, eu senti uma sensação terrível. Era como se todo o meu corpo estivesse sob uma forte pressão. Eu comecei a tremer inconscientemente, e percebi que até o necromante havia sido afetado por aquilo.
Ele sinalizou para que eu seguisse ele de volta a floresta, e eu fui sem questionar nada. Quanto mais longe fosse daquela atmosfera terrível, melhor.
Andamos todo o caminho de volta tentando evitar lutas o máximo o possível. Já tínhamos o suficiente para um bom tempo.
Ao chegarmos na casa, o necromante se trancou em seu quarto imediatamente, sem nem mesmo falar algo sobre aquilo mais cedo.
Eu passei o resto do dia estudando mais sobre magia, para poder melhorar minha manipulação, que foi provada ser muito fraca comparada a do velho hoje.
O resto do dia passou como o vento e a noite chegou. Decidi descansar um pouco hoje, já que faz alguns dias que não 'durmo'. E então novamente me 'desliguei' para poder dormir.
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Hone no gyokuza
FantasyUm jovem gamer que era famoso em vários MMOs ao jogar como necromante morreu subitamente ao ser esmagado por uma parede, quando ia buscar um jogo na casa de seu amigo. Ao abrir os olhos, ele descobriu que havia reencarnado como um esqueleto, o mai...