Hone no gyokuza

Dia 10

Quando eu acordei, notei que algo estava diferente de antes.

A primeira coisa era que os livros que deveriam estar organizados a essa hora, já que os esqueletos trabalhavam a noite inteira, estavam repousando solitários nas mesas e bancadas ao redor da sala.

A segunda coisa que eu reparei foi que a porta da casa de pedra estava entre aberta, e a luz do sol fluía para dentro através da brecha. Iluminando o comodo solitário que deveria ter mais alguém alem dele.

Essa era a terceira coisa que ele reparou. Todos os outros esqueletos haviam sumido sem motivo algum, ou, mais precisamente, eles tinham sumido seguindo o necromante sem motivo algum.

Caminhando para a mesa mais próxima, eu encontro uma carta escrita as pressas, provavelmente feita pelo necromante, já que as letras, mesmo que escritas rapidamente, carregavam o estilo de escrita visto em vários livros clássicos que haviam na casa, que era o estilo de escrita usado pelo velho.

O conteúdo da carta era uma breve explicação sobre a situação. Ao que parece, alguma coisa tinha chegado naquela cidade próxima a casa, e esse foi o motivo da sensação estranha que eu senti naquela hora.

O velho decidiu ir combater aquilo de frente e sozinho, para que eles não descubram sobre a localização da casa, o que culminaria com a destruição dos livros que ele tinha juntado em toda a sua vida.

Alem dele querer proteger a mim, sua maior criação até o momento. Por esse motivo ele levou os restantes 63 esqueletos. Dessa forma, vai parecer que ele trouxe todas as suas criações.

Ele sabia que esse provavelmente era um ataque suicida, então deixou claro na carta que tudo dentro da casa, os livros, pergaminhos, ferramentas e etc, ficaram para mim depois de sua morte.

Parece que ele quer me fazer de sucessor dele, já que ele não possuía a capacidade de se transformar num litch.

No final da carta ele adicionou uma ultima coisa para mim.

"Espero que você consiga aquilo que nuca consegui."

Eu não sei porque, mas, embora eu devesse estar com algum tipo de sentimento ruim pelo fato do velho estar morrendo, eu não consigo evitar de ficar feliz. Eu finalmente poderia ser o que eu sempre quis ser. Aquilo que vivia apenas através da tela de um computador.

Por hora, eu deveria dar uma olhada nos livros sobre necromancia que ele trancou em seu quarto. A chave para ele foi deixada na mesa em que a carta estava.

Havia uma boa quantidade de livros naquele quarto. Não tantos quanto nas prateleiras restantes, até porque se resumia aos livros de alquimia e... um livro sobre flores.

Ignorando a parte do livro avulso, eu me concentro em procurar o livro sobre os básicos de necromancia.

Ele era marrom escuro, com capa de couro, ou algo assim, as páginas pareciam amareladas e com uma pequena parte das pontas comida por traças.

Não era o único livro sobre o básico, mas como parecia o mais antigo, decidi começar por ele.

Depois de ler a primeira parte dele e de todos os outros livros, notei que eles basicamente repetiam a mesma coisa, mas se contradiziam em vários pontos. Desde ingredientes, métodos, encantamentos, círculos mágicos. Os padrões para a primeira magia de necromancia eram completamente sem conexão e cheios de discrepâncias. Encontrar todas as diferenças e testar levaria dias, e isso era apenas o básico.

Porem, por sorte, aquele velho deixou algumas anotações bem úteis para trás. Descobri alguns cadernos de anotações contendo livro e página para indicar coisas como resultados de teste, pequenos erros de transcrição e tradução, quantidade de ingredientes e outras notas que poderiam ser inúteis.

Ele realmente passou muito tempo estudando apenas o básico, tanto que poderia ser o mais forte dos mais fracos necromantes.

Estudar tanto assim coisas que os outros esqueciam eventualmente por terem conseguido avançar mais. Não sei se posso chamar ele de pioneiro ou idiota.

De qualquer modo, essas anotações são um grande achado. Elas vão me ajudar bastante a minha evolução no caminho de um necromante.

Passei o resto da dia lendo anotações e procurando algumas coisas que iria precisar para amanhã. Depois fui dormir um pouco, coisa que eu queria fazer costume, para não perder ao menos essa parte da minha humanidade.