Avatar - A Lenda de Reina

Floresta Negra - Parte 1

Ar. Água. Terra... e Fogo.
  Quatro elementos que somente o Avatar pode dominar. Somente ele, a porta entre os dois mundos, pode trazer a paz e o equilíbrio a um mundo repleto de monstros.
  Após meu treinamento de dobra de luz e conversa com Nuktuk, o herói do sul, vi rostos conhecidos vindo direto para mim.
  Corri para o pátio do palácio, junto de Akise.
- Mãe? O que esses caras fazem aqui?
  Ada Ren retirou um bilhete do bolso, assinado pelo rei Kehlan.
- O rei pediu para que os trouxéssemos para cá, para serem presos aqui.
  Bufei. Odiava estar perto daqueles idiotas. Eles haviam me subjugado, quebrado totalmente meu orgulho. E o pior era que o rei tinha os trazido para cá.
- Preciso falar com você, Ada - falei.
  Ela assentiu, guardando o bilhete do rei no bolso.
- Tudo bem, Reina. Mas primeiro preciso falar com o rei. Pode me acompanhar se quiser.
  Akeno também estava ali, de braços cruzados e cabeça baixa. Ele tinha olheiras profundas e parecia chateado e irritado.
- E aí, mano - percebi Akise tentando conversar com ele, mas o irmão o ignorou.
  Segui com Ada pelo palácio, seguida pelos ladrões.
- Esse ângulo seu é delicioso, Avatar - disse o dono de boteco, com os olhos no meu traseiro.
  Mesmo irritada, tive de ignorar seu comentário idiota.
- Eu comecei meu treinamento com o Ty ainda ontem - falei para Ada.
  Ela sorriu.
- Que bom! Eu tinha medo de você não encontrá-lo.
  Adentramos à corte do rei. Kehlan estava sentado e Misa de pé, em seu olhar de cobra.
- Ada, amiga - disse da forma mais falsa possível. - Que surpresa vê-la.
- Creio não ser uma surpresa tão grande, já que o seu marido me chamou aqui.
  Kehlan sorriu, a cabeça apoiada no punho.
- Que prazerosa visita, Ada Ren. Eu estava preocupado com os efeitos que esses bandidos estavam causando em meu reino. Fico muito feliz por terem conseguido capturá-los.
  Ada fez uma reverência.
- Tudo pelo meu reino.
- Mas se não fosse pelo Avatar nós teríamos fugido! - gritou o Dono de Boteco.
  O semblante do rei mudou por alguns instantes. Logo ele sorriu e olhou para mim.
- Então teremos um baile em comemoração ao Avatar Reina!

[...]
Asura pulou em cima de mim, feliz da vida.
- Eu não acredito que você vai fazer um baile!!
  A afastei com o braço.
- Eu não vou fazer um baile! O rei que vai.
  Ao riu.
- Mas é em homenagem a você.
- Ele só fez porque o dono de boteco disse que eu causei a prisão deles.
  Akise fez uma careta.
- Mas quem prendeu foi minha mãe; isso não é justo!
  Estavam todos no pátio de floricultura da rainha Misa. Lá haviam diversas flores coloridas e árvores cortadas para parecerem coisas.
  Akeno parecia tentar pintar Akise, enquanto o irmão ficava sentado à frente.
- Fala isso pro bandido! - exclamei.
- Ai, gente, não importa quem prendeu - Asura parecia ridiculamente feliz. - Vai ter um baile! Vamos a um baile!!
  Akise se virou para falar com ela.
- Não se mexa!! - gritou Akeno.
- Ai, tá! - irritado, ele voltou à posição original. - Já tá terminando?
- Quase - respondeu.
  Akise esperou um pouco e se virou. Akeno gritou com ele, mas ele se levantou.
- Ai, chega, Akeno. Preciso de um tempo para relaxar! - foi até Asura; pude sentir um clima entre os dois. - É seu primeiro baile, Asu?
  Ela fez que sim.
- Eu só lia sobre bailes, mas nunca fui em um.
  Akise segurou em sua cintura e em sua mão, como que a ensinando a dançar.
- Então vou me sentir privilegiado em ser seu primeiro par...
- Que bonitinhos - a rainha Misa adentrou ao jardim, as mãos invisíveis por trás de suas mangas longas do vestido. - Não sei o por quê de estarem em meu jardim, mas quero que saiam.
- Me perdoe, minha rainha - disse Akeno, reverenciando-a. - Eu estava querendo pintar um pouco e achei seu jardim muito inspirador.
  Ela sorriu, indo até ele e sua pintura. Se virou para nós.
- Olhem que fofo. Por que vocês não são que nem ele? Apaixonados pela arte?
- Somos todos artistas marciais - rebati seu comentário idiota. - E quanto ao jardim, é muito lindo. É você que faz?
  Ela assentiu, indo lentamente até uma das obras de arte eternizadas em folhas verdes.
- Não tenho muito tempo para treinar dominação de terra, então me descobri nesse jardim, com dominação de plantas.
- Isso é incrível! - exclamei. - Algum dia poderia me ensinar algumas técnicas dessa dominação alternativa?
  Ela me olhou, sorrindo muito.
- Não.
  Seu sorriso - junto do meu - se foi.
- Nesse caso, a senhora saberia algum lugar calmo aonde eu poderia treinar dominação de água?
- Não tem treino de dominação de luz, já?
  Fiz que sim.
- Já treinei com Ty Ren, e queria melhorar minha técnica com água.
  Ela revirou os olhos.
- Deveria ir para o bosque esquecido, ao sul da cidade. É calmo e tem uma cachoeira linda. Vai adorar ir para lá.
  Sorri e agradeci. A rainha não esperou para ir embora, ignorando-me.
- Terminei! - avisou Akeno.
- Deixa eu ver - pediu Akise, indo até a tela. Ele fez uma cara feia, de medo e intriga. - Mas que...
  Quando olhei a pintura, notei o porque dele não gostar. A pintura foi toda feita com tinta preta, deixando Akise com uma silhueta escura e sombria, me lembrando de todo o horror que foi quando Oni entrou em minha mente.
  Percebi que atrás de onde Akise estava, havia uma escultura feita de folhas de uma pessoa que eu conhecia. Era Asore.