O Dominador de Sombras

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Ar. Água. Terra... e Fogo.
  Quatro elementos que somente o Avatar pode dominar. Somente ele, a porta entre os dois mundos, pode trazer a paz e o equilíbrio a um mundo repleto de monstros.
  Infelizmente existem dominações secretas e alternativas, como a de sombras. E naquele momento, eu estava cara-a-cara com um sinistro dominador de sombras.
- Se lembra de mim, Avatar? Eu sou um dominador de sombras, e queria te rever...
  Arregalei os olhos e saltei para trás, ganhando espaço. Ao redor, tudo ficara escuro e todos pareceram ficarem congelados no tempo. Olhei pra trás e vi Ao Shin correr à minha direção; congelado.
  Me voltei para o dominador de sombras.
- Você fica me perseguindo, entrando nos meus sonhos e contando a idiotas que eu sou o Avatar - estava apreensiva; não estava irritada e muito menos com medo - por quê?
  Ele estendeu os braços.
- Eu queria poder te ver novamente, Avatar. Poder olhá-la nos olhos... tocá-la.
  Recuei um passo, os punhos cerrados.
- Quem diabos pensa que é? Nós nem sequer nos conhecemos!
  Eu pude ver sua boca de relance. Ela tremia, talvez de decepção ou tristeza. Vai saber. Só sei que vi uma lágrima descer do rosto dele; uma lágrima negra.
- Não me reconhece, Asore? Sou eu, Oni, seu amor!
  Franzi a testa. Depois entendi o que ele queria dizer.
- Ah, você me confundiu com outra pessoa. Eu sou Reina... RE-I-NA. A Avatar seguinte à Asore - falei como se explicasse à uma criança. - Ela é só minha vida passada. E além do mais, eu não quero que me reconheçam como Avatar!
  Ele cerrou os punhos e tremeu.
- Você vai se lembrar de mim, Asore, nem que seja pela forma ruim.
  Estendi as mãos em rendição, tentando apaziguar sua ira.
- Espera um pouquinho, não precisa ser assim...
  De repente o tempo voltou a correr e as pessoas começaram a gritar quando ele exalou uma energia sombria. Girou os braços numa dança marcial e depois socou. Torrentes de sombras vieram ao meio encontro e eu fiquei pasma por alguns segundos.
- Reina! - Ao Shin correu na minha direção, mas não chegaria a tempo.
  Ergui, então, um escudo de terra e me defendi das rajadas de sombra.
  Logo os comentários começaram.
- Ela ergueu terra.
- Mas não é uma dominadora de fogo?
- Só pode ser ela.
- É o Avatar!
  Pronto. Agora todos sabiam sobre mim. Eu não queria que todos soubessem, pois logo estaria cercada de anciãos querendo me ensinar dominações e controlar a minha vida. Aprendi os quatro elementos sem eles; não precisava deles, só precisava de minhas habilidades e da Rae.
  Logo Oni atravessou a parede de pedra e se colocou em posição de ataque, mas uma rajada de vento o lançou para longe.
  Ao Shin desceu ao meu lado.
- Você está bem, Reina?
  Fiz que sim.
- Estou sim, mas ele parece não estar nada feliz - e apontei para Oni, que se levantava numa torrente de sombras.
- Parece a técnica de tornado.
- Só que com sombras.
  Ao redor, as pessoas corriam para a saída: um único portão que dava para fora da arena. Oni ascendeu ao céu e se dirigiu até lá.
- Droga, ele tá indo pra cima deles! - corri na direção do portão.
  Ao Shin veio atrás. Ele transformou o bastão num planador e voou. Eu saltei com ajuda da dominação da terra e usei o fogo para me lançar na direção de Oni.
  Agarrei-o em toda a minha velocidade e me inflei em chamas.
- Me solte, Asore! - ele se tornou intangível por alguns segundos e gritou, liberando jatos de sombras que quase me acertaram. Ele criou asas de sombras e se manteve no ar.
  Ele se teletransportou para baixo, envolvendo as pessoas em garras sombrias. Todos gritaram.
- Droga! - gritei.
- Quer uma ajudinha? - Ao Shin surgiu ao meu lado e dobrou o vento em minha direção.
  Sua ajudinha me permitiu cair à toda velocidade para perto de Oni, inflada de chamas e raiva.
- Largue-os, Oni! - atirei bolas de fogo.
  Das costas de suas mãos surgiram lâminas, katares. Ele golpeou o fogo e o dissipou. Avançou em minha direção e brandiu suas lâminas, me obrigando a me esquivar dezenas de vezes.
  Ele era tão rápido que me impedia de dobrar qualquer elemento sem me cortar. Quando tentei socá-lo com fogo, me cortei; gemei e recuei. Quando ele veio correndo, assoprei vento e ele caiu para trás.
  Enquanto eu lutava contra ele, Ao Shin tentava libertar as pessoas das sombras. Ele golpeava a cúpula sombria com seu bastão e dobra de vento, sem resultado.
  Pulou para trás, pegou espaço e mandou uma torrente de vento em colisão com a prisão.
  Oni surgiu atrás dele e tentou golpeá-lo, mas ele se desviou, deslizando para o lado.
- Não pode destruir minhas sombras, nômade tolo!
- Ele não pode - exclamei, fazendo com que ele se virasse para mim -, mas EU posso!
  Saltei o mais alto que pude, fechei os olhos e concentrei todas as minhas energias. Abri meus olhos; eles estavam brilhando; eu havia entrado no Estado Avatar.
  Um trovão caiu em minha mão esquerda. Pude sentir a energia passando pelo meu corpo até a outra mão.
- TROVÃO! - até no Estado Avatar eu usava palavras de efeito.
  Em vez de um trovão azul, meus dedos liberaram um trovão amarelo e luminoso que ofuscou a visão de todos. Quando a luz diminuiu, as sombras haviam sumido e todos estavam livres.
  Oni havia desaparecido.
- Você conseguiu, Reina! - ele sorria para mim, orgulhoso.
  Recuei, assustada. Todos me olhavam, maravilhados. Logo iriam começar a me parabenizar e me venerar. Não queria aquilo, aquela retribuição.
  Me senti acuada perante àquelas pessoas.
  Rae pousou na arena, em sua versão adulta. Subi em suas costas e fiz com que ela voasse para longe, deixando todos sem qualquer tipo de pronunciamento. 

Avatar - A Lenda de ReinaOnde histórias criam vida. Descubra agora