Avatar - A Lenda de Reina

Brilho Eterno [EPÍLOGO]

Ar. Água. Terra... e Fogo.
  Quatro elementos que somente o Avatar pode dominar. Somente ele, a porta entre os dois mundos, pode trazer a paz e o equilíbrio a um mundo repleto de monstros.
  Abri os olhos após a visão que Asore meio que me obrigou a ter. Me contou todo o seu passado, de como se envolveu com Kehlan, de como ele virou rei e de como ela se tornou Oni.
  Ela estava lá à minha frente, com as roupas negras, longos cabelos bagunçados e um dos olhos injetados de sombras.
  Caminhei alguns passos na direção de Kehlan, sempre mantendo a distância correta.
- Você é fantoche do verdadeiro Oni! - acusei. - E tudo o que aconteceu... Você manipulou a Asore para ela me assustar e me trazer pra Beifong. E tudo que aconteceu depois disso foi uma batalha de controle, não é?
- Não importa mais! - exclamou Kehlan. - Eu não sabia que Asore tinha se fundido com Oni. Eu tinha uma ideia, mas nenhuma certeza.
  Asore apontou um dedo para ele, furiosa.
- Você vai pagar por tudo o que me fez, Kehlan! Pelo que fez com Misa, com meus pais, com meus amigos!
  Ela correu na direção dele, pronta para atacá-lo, mas logo ele ele estendeu um braço e ela parou, se contorcendo no ar. Ela grunhia de dor.
- Asore! - gritei.
- Vocês são tão idiotas! - ele riu. - Esqueceram que eu posso controlar sombras... e vocês estão revestidas de sombras.
  Asura balançou seu leque para impedi-lo, mas ele, com uma das mãos, criou um esquife de pedra que prendeu sua mão.
- Reina! - ela gritou, não tendo forças para retirar a mão da pedra.
  Corri para tentar ajudá-la, mas, com a outra mão, Kehlan me conteve, me fazendo debater-me com a dominação das minhas sombras interiores.
  Ao Shin tentou se levantar, mas gemia de dor.
- Eu não faria isso se fosse você - disse Kehlan. - As farpas dentro de você estão injetadas de sombras.
  Ele caminhava na direção da nuvem de sombras enquanto controlava a mim e a Asore. Estávamos nos contorcendo; aquilo doía.
- Eu depositei minha fé em Oni e em vocês, garotas, acreditando que somente com a energia do Avatar eu poderia ter meus objetivos - ele sorriu maliciosamente. - Mas eu estava enganado. Eu deveria ter confiado em mim mesmo o tempo todo!
  Ele começou a levitar na direção das sombras, que começaram a entrar em seu corpo; ele respirava toda aquela energia escura e aquilo parecia o deixar mais forte.
  Ele arregalou os olhos.
- Mais sombras!! Eu quero mais!!!
  Ele se gritou enquanto sombras vivas de todos os cantos pareciam surgir para se juntar a ele. Até as sombras de dentro de mim saíram e foram para ele, junto das sombras de Asore.
  Ela caiu no chão. Fui até ela e a segurei no colo. Ela estava inconsciente.
  Olhei para o alto, para Kehlan. Seu corpo crescia e mais músculos surgiam. Sua pele se tornou escura e rígida, como pedra afiada. Seus olhos brilhavam em tom escuro e ele ganhava feições monstruosas.
- Você perdeu, Avatar Reina... - disse ele, com uma voz grossa e forte.
  Engoli em seco.
  Corri até Asura e destruí a pedra que a prendia.
- Eu estou com medo, Reina! - ela me disse.
  Respirei fundo e assenti.
- Também estou com medo, Asura.
  Fui até Ao, que sentia fortes dores por causa das farpas. Rasguei sua camisa e me concentrei nas farpas escuras fincadas em seu abdômen. Imaginei-me puxando-as; Ao gritou quando as farpas saíram, vermelhas pelo sangue.
  Ele estava suado e ofegante. Sorriu para mim.
- Obrigado - e me abraçou forte.
  Me afastei após ele aproveitar o abraço.
- Não temos tempo para isso, Ao. Precisamos nos concentrar nele!
  Apontei para o alto, aonde Kehlan se tornava cada vez mais poderoso e sombrio.
  Ao respirou fundo.
- Acho que tenho um plano.

[...]
Akise acordou no palácio de Beifong. Olhou ao redor e viu que estava cercado pela família; Ty e Ada Ren, e a Rainha Misa, pela primeira vez de cabelos presos e vestido sem mangas.
- Que bom que acordou, querido! - disse Ada, sua mãe, abraçando-o.
  Akise ainda estava atônito. Arregalou os olhos quando se lembrou de Asura e da batalha.
- Asura!
- Estou cuidando disso, Akise - disse Misa, apreensiva.
- Como, se você está aqui?
  Ela deu de ombros.
- Sei lá; é uma coisa que eu gosto de falar.
  Akise olhou para si mesmo.
- Mas eu tinha caído por aquele buraco, e...
- Você caiu em uma trepadeira-espírito que eu cultivava no jardim. Teve sorte.
  Ada passou uma mão na testa do filho, verificando sua temperatura.
- A tartaruga-leão de Kehlan está aí fora.
  Misa bufou.
- Eu sabia que o Kehlan tinha... coisas escondidas. Mas uma antiga tartaruga-leão? Essa é nova - ela se levantou. - Vamos, garoto, se levante. Temos assuntos de família para tratar com Kehlan, Ty.
  Ty fez que sim.
  Akise franziu a testa.
- Que tipo de assuntos?
  Ada e Ty se entreolharam, não sabendo como iriam contar ao filho. Misa revirou os olhos, sem paciência.
- Asore é irmã minha e do seu pai, Kehlan a matou e nos manipulou para assumir o trono. Como agora eu me lembro de tudo, quero chutar a bunda daquele desgraçado.
  Akise ficou atônito por alguns segundos, tentando digerir todas aquelas informações. Evitou enrolações e se levantou.
- Eu vou!
- Todos vamos, garoto. Não faça cena - Misa foi na frente. - Venham; eu tenho um divórcio a realizar.
  Seguiram para o pátio do palácio e se encontraram com Gumiho. Os olhos de Misa e Ty brilharam. Ela correu até a raposa e a abraçou.
- Que saudades de você, Gumiho! - a raposa a lambeu.
  Ty olhou para o céu e viu a imensa tartaruga-leão flutuando sob a cidade. Mais ao alto havia uma nuvem gigantesca de sombras, e mais que iam chegando.
- Somos quatro. Acha que a Gumiho aguenta?
  Misa riu.
- Ela aguentava o gordo do Saitama. Óbvio que nos aguenta.
  De fato, aguentou. Mas Misa teve que unir todos com um cinto de cipós, para que não se soltassem facilmente. Criou uma rampa com pedras enquanto Gumiho corria com sua velocidade incrível de raposa rumo à tartaruga-leão.