Jornada Espiritual de Asura

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Ar. Água. Terra... e Fogo.
  Quatro elementos que somente o Avatar pode dominar. Somente ele, a porta entre os dois mundos, pode trazer a paz e o equilíbrio a um mundo repleto de monstros.
  Após a minha derrota pelas mãos do sombrio rei Kehlan, todos foram capturados. Eu não sabia exatamente aonde eu estava sendo levada, mas parecia um lugar longe. Eu estava vendada e presa em uma cela de metal.
  Estava cansada e desolada. Havia perdido e todos meus amigos haviam pagado por isso. Não podia permitir que mais coisas ruins acontecessem, mas agora, presa, eu não poderia fazer nada.
  Se eu dominasse vento, iria apenas refrescar o clima dali de dentro. Se eu dominasse o fogo, ia queimar e havia uma possibilidade de fugir, mas eu não conseguia dominar nada. E metal era um elemento impossível de dominar. Eu estava sem saída.
  Quanto mais a carruagem andava, mais eu me sentia fraca e mais eu ouvia a voz de Oni. Se eu dormia, tinha pesadelos, logo eu fiquei cansada demais para conseguir resistir.
  Tentei olhar para fora daquela prisão, mas tudo que eu via era uma estrada de terra sem fim.
  Era o meu fim.

[...]
Ao acordou numa cela escura, mas que dava para ver alguma coisa. Estava com frio e, após se lembrar de tudo que aconteceu, ficou desolado.
  Queria ter me ajudado mais, mas não pôde. Apenas foi capturado de uma forma ridícula.
  Eu poderia ter derrotado Kehlan, mas meu psicológico ficou abalado de tal forma que não consegui me concentrar na dominação e acabei tropeçando nos elementos.
  Ao sabia disso.
  Ele se recostou na parede da cela, olhou para fora, para a única luz que tinha, que era, no caso, a da tocha.
  Se virou para o centro da cela. Asura e Akise estavam jogados um em cima do outro. Em outras ocasiões ele estaria com aquele ciúme de irmão mais velho, mas tudo que ele conseguia pensar era em como foram derrotados.
  Levantou uma mão até a vista, tentando dominar o ar ao redor. Estava mais revigorado que antes, pelo menos.
  Se levantou e foi até os pombinhos.
- Asura! Akise! Acordem! - os dois nem se mexeram. - ACORDEM!
  Asura sobressaltou-se com vento, batendo a cabeça no teto e caindo de volta em cima de Akise que tinha acabado de acordar.
- Que droga, Asu - ele mexeu na cabeça; possivelmente teria um galo. Olhou ao redor. - Aonde estamos?
- Numa cama num quarto chique é que não é - Asura reclamou, mexendo nas costas doloridas. - Que desconfortável!
  Ao pigarreou, chamando a atenção dos dois.
- Se não percebem, estamos na masmorra. Fomos presos e a Reina capturada. O Kehlan a levou para algum lugar, eu posso sentir.
  Asura coçou a cabeça.
- Eu tive um sonho estranho com ela. Ela parecia presa em algum lugar e sendo levada ao topo de uma montanha.
- Já é uma pista - concordou Ao.
  Akise franziu a testa.
- Como que um sonho pode ser uma pista? - perguntou, incrédulo.
- Desde pequena Asura sempre teve uma conexão espiritual bem forte - respondeu Ao Shin. - Não sei agora, mas sempre foi assim.
  Asura deu de ombros e se sentou em posição de meditação.
- Esses dias eu tive uns flashes e tal. Posso tentar contatar com a Reina no mundo espiritual. Se eu fizer isso, posso encontrá-la.
- De que adianta encontrá-la se estamos presos? - perguntou Akise, irritado.
  Ao Shin fechou os olhos.
- Não podemos perder a esperança. Deve existir uma forma de sair.
  Ao abri os olhos e os arregalou quando viu Akise dominando algumas pedrinhas ao redor dos dedos.
- Akise!
- Que foi?
- Você é um dominador de terra!
- Pensei que você já sabia - ele pareceu ter uma ideia. - Se bem que essa masmorra, por ser feita para não-dominadores, é feita de pedra.
- Claro, Akise! - Ao parecia muito animado. - Você pode tentar deformar o chão ao redor das grades para que eu termine de as retirar!
  Akise levantou, animado.
- Tudo bem, posso tentar - ele fez toda a dança marcial e toda a força que teve, mas a terra nem se mexeu. - Espera aí que eu consigo. URGH!! - fez força, mas nada aconteceu.
- Dá pra fazer menos força aí? - reclamou Asura. - Eu tô tentando meditar, e eu odeio meditar!
- Eu posso tentar! - respondeu Akise.
- Ótimo! - se virou para o irmão. - Ao, pode criar redomas de vento ao redor dos meus ouvidos? O barulho me acalma.
  Ao assim fez.
  O barulho do vento ao redor dos ouvidos de Asura a acalmaram e ela logo entrou no mundo espiritual. Primeiro ela pareceu estar num turbilhão de luzes, depois caiu num jardim bonitinho.
  Parecia assustada. Era complicado descrever a sensação de estar lá, afinal, era a primeira vez que ela entrava de vez lá dentro. Antes eram só flashes e sonhos, nunca havia sido algo tão poderoso.
  Olhou para seus cabelos que estavam soltos, ressecados e sujos.
- Eca, meu cabelo tá horrível! - assoprou, tentando voltar a si. - Tá bom, Asura... Foco. Como é que eu vou achar a Reina aqui?
  Levou um susto e caiu para trás quando uma baleia voadora passou por cima. Uau!, exclamou.
  Aquilo parecia um mundo de sonhos, com jardins verdejantes e flores pequenas e gigantes e um céu azul e branco.
  Caminhou um pouco e tropeçou em algo.
- Ei, você! - no chão, Asura olhou para trás e viu uma espécie de urso-ornitorrinco do tamanho de uma marmota. - Acha que só porque eu sou anão que devo ser pisado? Sua preconceituosa!
  Asura tentou manter-se calma, mas logo caiu ba gargalhada. O urso-ornitorrinco que pareceu irritado.
- Olha, haha, é a primeira vez que vejo um urso-ornitorrinco do seu tamanho. E você fala? Que legal!
  Asura se levantou.
  O ursinho correu até ela, mostrando seu pequeno punho.
- Tá me tirando, é? Aposto que tá perdida e nem mesmo faz ideia donde está... Não é mesmo?
  Asura cruzou os braços.
- É, inteligentão. Eu preciso encontrar alguém, mas não faço ideia donde achá-la.
  O urso riu.
- Pois vai ficar sem achá-la, pois eu não vou te ajudar.
  Asura fez uma cara feia, desafiando o urso-ornitorrinco.
- Eu não queria a sua ajuda mesmo!
- Então sai daqui, sua humana de cabelo sujo!
  Asura não aguentou aquilo e pulou em cima dele, furiosa, tentando enganá-lo.
- Ninguém fala mal do meu cabelo!!
- A-alguém me ajude! - gritou o urso-ornitorrinco.
  Quando Asura menos pôde perceber, estava cercada de marmotas estranhas e coelhos-libélula coloridos e que faziam barulhos fofos. Eles tinham dois metros de altura.
- Olha pra essa humana feia! - gritou uma marmota.
- Ela tá oprimindo o Perry! - gritou outra.
- Para com isso, sua opressora!
- Opressora! Opressora! Opressora!
  Asura largou Perry, tentando provar não ser uma opressora.
- Ah, que isso - ficou super sem graça -, estávamos só brincando.
  Perry tossiu.
- Mentirosa! Ela estava me estrangulando!
- Que coisa feia, humana. Tsc, tsc.
- Me desculpem! - exclamou Asura. - É só que eu estou sob estresse; preciso achar o Avatar e impedir que o lorde das sombras faça algo com ela!
  Uma marmota franziu a testa.
- Está falando de Vaatu?
  Fez que não.
- Quem é Vaatu? - balançou a cabeça. - Não, eu tô falando de Oni.
  Perry fez uma careta.
- É, esse aí é difícil de se lidar.
  Asura sorriu.
- Você o conhece?!
- Sim, ele já passou por aqui algumas vezes... eu acho.
- Quando?
  Perry fez um biquinho irritado.
- Por que acha que eu te contaria?
  Asura quase explodiu de raiva, mas se conteve. Estava cercada por espíritos marmotas e aqueles coelhos-libélula imensos. Não podia mais gritar com aquele urso-ornitorrinco anão.
- Tudo bem, Perry. Não precisa me contar nada, até porque isso não é relevante para mim - olhou para o horizonte. - Eu preciso achar o Avatar.
  Um coelho-libélula rosa foi até Asura, fazendo um barulhinho super fofo.
- Trrrlr, prrlrrrll. Trrriil prrlrlr trrrrllp!
  Tentava não envergonhá-lo, mas não havia entendido absolutamente nada.
- Ahn... Você sabe aonde posso encontrá-la?
- Ele disse que sabe - traduziu uma marmota pequena de voz grossa. Ele, de braços cruzados, deu de ombros. - Ele tambem disse que pode te levar. Uma hora você aprende.
  Asura sorriu e abraçou o coelho-libélula.
- Muito obrigada - apalpou o pelo peludo e rosa do coelho. - Nossa, que pelo fofo. Vou te chamar assim, de Fofudo!
  O urso-ornitorrinco revirou os olhos.
- Talvez você precise de uma ajuda para encontrar o Avatar - Asura sorriu para ele. - Que é? Não quero deixar o mundo virar sombras.
  Assim, Asura montou nas costas de Fofudo com o urso-ornitorrinco-anão Perry no colo.
- Até mais! - ela disse.
- Boa sorte! - desejaram as marmotas.
  Fofudo começou a bater as orelhas-asas de libélula e logo eles começaram a voar.

Avatar - A Lenda de ReinaOnde histórias criam vida. Descubra agora