Aldeia dos Ninjas de Kayoh

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Ar. Água. Terra... e Fogo.
  Quatro elementos que somente o Avatar pode dominar. Somente ele, a porta entre os dois mundos, pode trazer a paz e o equilíbrio a um mundo repleto de monstros.
  Após a visita ao templo do ar do sul, consegui novas companhias para minhas viagens - além de uma nova amiga.
  Viajar foi meio difícil, afinal, Rae não gostava de carregar muita gente. Mesmo assim eu fiz com que ela gostasse.
  Como éramos os três dominadores de ar, não precisávamos de nada nos segurando, sem medo de sair voando das costas da fênix.
  Ao Shin meditava, Asura brincava com o bebê bisão, e eu pilotava minha fênix. Havia muito mar entre o templo do sul e as áreas do reino da terra. Mesmo assim chegamos bem rápido à terra.
  Vi uma praia, vi árvores, e ouvi gemidos.
- Eu tô com fome - reclamou Asura, com a barriga roncando.
- Mas não tínhamos suprimento de comida para dois dias? - perguntou Ao.
  Bisoon Jr. se sentou no colo de Asura, enquanto ela o abraçava.
- O Bisu tem um apetite bem peculiar, eu diria - o bisão arrotou. - Heheh.
  Em outras ocasiões eu ficaria desesperada com a falta de suprimentos e o fato de terem dado tudo a um bebê bisão. Mas eu tinha uma família depois de tantos anos.
  Eu estava rindo à toa.
- Sem problemas, Ao. Podemos descer em alguma vila por aqui e comprar mais - peguei um saco de moedas de ouro. - Aqui, tenho um dinheirinho.
  Asura arregalou os olhos.
- Como conseguiu esse dinheiro?
- Asura! - repreendeu Ao Shin.
  Eu ri.
- Sem problemas, Aozinho. Eu respondo - ordenei para que Rae descesse um pouco. - Antes de conhecer seu irmão, Asu, eu fazia muitos bicos e já fui caçadora de recompensas.
  Ela pareceu ficar surpresa e maravilhada.
- Então você já caçou tesouros?
  Enchi o peito, orgulhosa.
- Eu já fiz de tudo - mas aí meu sorriso sumiu; eu fiz de tudo, sim. Até coisas ruins.
  Coisas das quais eu não me orgulhava.
- Próxima parada: - anunciei, tentando esquecer os problemas - alguma vilazinha qualquer.

[...]
Encontramos uma vila pequena, cercada de muita grama e árvores. A arquitetura oriental era linda e tinha casas bonitas e pequenas. Haviam comerciantes por todos os lados; conseguiríamos alguma coisa.
  Me reuni com os irmãos do ar (por algum motivo, Bisoon Jr. estava trepado na cabeça de Asura).
- Vou dar algumas moedas para vocês - falei. - Comprem o que quiserem, mas sejam cautelosos e comprem só o necessário!
  Asura revirou os olhos.
- Não existe pessoa mais econômica que eu - eu e Ao olhamos para ela com desconfiança. - Que é, gente? Eu juro! Não é, Bisoon?
  Bisoon concordou com o grunhido de bisão.
- Tanto faz - falei. - Ao, tente ficar com ela enquanto eu peço informação de para que lado fica BeiFong.
  Ao assentiu.
- Vou cuidar muito bem dessa garotinha aqui - e segurou a irmã com força.

[...]
Entrei num boteco próximo, aonde vários caras com pinta de perigosos bebiam e debatiam sobre coisas superficiais como quem é mais forte e quem arranja mais mulheres.
  Infelizmente uma mulher num lugar desses chama muita atenção, logo todos olharam diretamente para mim, com caretas estranhas.
  Caminhei lentamente até o dono do estabelecimento, um homem de meia idade, grisalho e com cara de mal que limpava copos de pedra.
- A que devo à ilustre visita de uma dama como você? - ele perguntou; logo em seguida, cuspiu num copo e e limpou com um pano.
- Informações - respondi. - Preciso saber qual o caminho mais curto para BeiFong.
  Ele sorriu; um sorriso calculista.
- Não tenho certeza... - fez o famoso biquinho. - Minha memória anda meio ruim ultimamente.
  Revirei os olhos. Ele queria dinheiro? Teria dinheiro!
  Peguei uma moeda de ouro e coloquei na mesa. Ele sorriu.
- Acho que me lembrei de alguma coisa. Sei que há uma trilha na floresta ao norte dessa vila, que leva até um vale, que leva a uma outra floresta, que é só seguir reto e seguir até uma ponte...
- Dá pra resumir?! - retruquei.
- E dessa ponte - ele parecia ter finalizado - você segue para BeiFong. É tudo que sei.
  Bufei.
- Ótimo - dei as costas.
  Antes que eu chegasse até a saída, ele me chamou de volta.
- Espere! - parei. - Existem muitos perigos para mulheres que andam sozinhas por florestas! Devo alertá-la sobre os saqueadores - seu tom não era nada bom.
  Olhei ao redor, para os olhares escarnecedores dos homens dali.
- Eu sei me virar sozinha!
  E saí daquele lugar.

Avatar - A Lenda de ReinaOnde histórias criam vida. Descubra agora