Capitulo 4 -Jade

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Esse quarto me deixa com náuseas, odeio esse lugar, odeio o cheiro de morte que esse lugar tem, odeio a aparência desse lugar. Aah, estou enlouquecendo aqui! Olho para os lados e não tem ninguém aqui, o anjo foi embora já faz alguns dias, e não voltou. Ele deve está chateado comigo por ter o afastado de mim.

Fico pensando no que fiz na minha vida "passada" para chegar nesse lugar, como Jhon bateu o carro, por que eu estava com ele, para onde íamos, por que me casei, e por que perdi minha virgindade (que estava sendo guardada para o momento certo) com um cara que não é nem longe o ideal para mim? Minha cabeça dói muito menos do que nos outros dias, mas ainda sinto algumas pontadas. A enfermeira me disse que era porque eu não podia me estressar ou me preocupar, mas não é ela quem está desmemoriada casada com um anjo do inferno e não lembra nem quem ele é.

Escuto a porta se abrir e revelar minha mãe, ela não está muito diferente, os cabelos ainda estão um pouco compridos, os olhos castanhos que eu e meus irmãos herdamos geneticamente, seu corpo alto e esguio, mas como sempre, nem gorda demais, nem magra. Ela era Joe daqui á alguns anos. Que bom pra Joe então? Clair caminha até mim com um sorriso fraco nos lábios. Senta ao meu lado e toca nos meus cabelos.

-Você está melhor? -ela pergunta.

-Estou sim, só preciso sair desse lugar. -respondo secamente.

Eu e minha mãe sempre fomos melhores amigas, na verdade eu sempre fui muito amiga de todos da minha família, somos unidos e isso nos torna uma família sem segredos, quando uma coisa acontecia, todos já sabiam e comentavam no jantar. Era horrível, mas era como nos entendessemos e apesar de não haver privacidade, eu sempre gostei disso. Mesmo quando eu era quem mais escutava e menos falava.

-Sua alta sai amanhã querida. -Clair murmura e toca minha mão, a aperta e por fim sorri.

-Cadê o Jhon? -pergunto. Sei que ele ainda está em estado grave, e provavelmente vai ser assim até acordar do coma.

-Ele está se curando, mas os médicos ainda não sabem se ele vai acordar. -ela diz e sua voz sai trêmula, sei que Clair tem tanto medo quanto eu.

-Vamos ficar bem. -Sussurro e aperto sua mão na minha.

-Vamos sim querida. -Clair murmura e depois sorri tentando me distrair para outra coisa. -A Joe vai trazer uma surpresa pra você!

-Que surpresa? -a curiosidade me atinge em cheio. As surpresas de Joe nunca eram boas, como no meu aniversário de 15 anos quando ela me deu um cachorro... eu sou alérgica á pelos. Teve também a vez em que me apresentou um amigo na balada mesmo sabendo que eu estava comprometida. Sempre saia alguma merda quando alguém dizia "surpresa da Joe".

-Deixa de ser surpresa se eu contar Jade.

-Não gosto das surpresas da Joe. -suspiro e ela rir.

-Ninguém gosta. -admite. -O seu pai está vindo com ela e o Nike disse que mais tarde virá lhe ver.

-Nike...-digo o nome, mais para mim do que para minha mãe.

-Seu marido. -ela murmura.

-Tenho que me acostumar com isso. -baixo minha cabeça para encarar nossas mãos ainda entrelaçadas.

-Você está diferente. Não parece aquela garota feliz, apaixonada pela vida. -minha sussurra e passa uma mão massageando meus cabelos.

-Eu sou feliz mãe. -respondo e faço uma careta para ela.

-Você é sim querida, só estou dizendo que Nike mudou seu jeito. Com ele você era diferente, era uma Jade mais aberta a vida.

-Cortar o cabelo, fazer uma tatuagem, casar. O que mais eu fiz? Faço striper no fim de semana?

Procura-se Por Nós  #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora