Capitulo 7 -Nike

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Ela espeta o último pedaço de bife com garfo e o leva até a boca. Seus lábios se movem com maestria e se eu fosse um desenhista provavelmente teria trabalho em desenha tamanha perfeição que são os seus lábios grossos e avermelhos naturalmente. Sinto falta desses lábios, eles eram o conforto da minha alma e ao mesmo tempo a minha perdição, mas agora são apenas mais uma tormenta. 

Jade me flagra olhando abobalhado para ela e logo sorri como se estivesse sem graça. Ah garota, você já fez coisa muito melhor do que comer na minha frente.

-A comida estava muito boa. -ela afasta a bandeja deixando um rastro amassado nos lençóis.

-Bife com batatas é minha especialidade, e depois que você disse que era sua comida favorita aí tive que ser realmente bom em fazer. -confessei e ela fez uma careta como se estivesse pensando.

-Meu prato favorito...hum...eu não sabia disso.

-Você disse no nosso primeiro jantar romântico. -Sorrio ao lembrar daquele dia.

-Você ta se esforçando...-Jade sussurra e depois desvia seu olhar do meu para as paredes do quarto.

-O que quer dizer?

-Sabe...o carro, o beijo, as fotos na estante, esse prato que eu nem me lembrava de ser o meu favorito, todo esse -ela aponta para mim -cavalheirismo.

-Não entendi muito bem Jade. -balanço a cabeça e levo minhas mãos aos cabelos bagunçando os fios. Ela me encara e abre a boca como se estivesse impressionada. Seus olhos não me encaram por muito mais tempo, ela olha para a bandeja que nos separa e depois sorri.

-Está tentando me fazer lembrar. -ela murmura e depois me olha novamente como se tivesse acabado de me desmentir, só que ela se enganou.

-Está errada. -me levanto e pego a bandeja que está acima da sua perna.

-Tem certeza? Quer dizer que você é esse marido perfeito?

-Não sou perfeito. -caminho em direção a porta e olho para ela sobre os ombros. -Eu sempre fui capaz de tudo por você, a outra Jade sabia disso. Talvez o meu tudo algumas vezes não seja nada para essa Jade de agora, talvez seja só uma tentativa de ter minha esposa de volta. Mas para mim não, eu não sou obrigado a fazer tudo que faço por você, faço porque quero, faço porque te amo. Isso é apenas quem sou... tentando ter as coisas normais de antes.

-E se não conseguir? -ela diz antes que eu saia do quarto, me viro para olhar seu rosto e vejo uma expressão de raiva, como se eu tivesse a irritado.

-Eu te conquisto de novo. -pisco um olho para ela e sua expressão se suaviza.

Levo a bandeja até a cozinha e depois a descarrego na pia. Quero voltar para o quarto e me deitar ao lado dela, relembrar como nossos corpos eram o encaixe perfeito um do outro. Mas sei que essa hipótese não só poderia machucar Jade, como também não é cogitada nesse momento.

Minha vida precisava mesmo dessa reviravolta? Nós estávamos bem, planejavamos filhos para o próximo ano, ela estava aprendendo a cozinhar, me tornei sócio do Chuck na Magnus e é realmente um trabalho nada trabalhoso e bastante vantajoso, tinha sexo, música nos fins de semana, amor, amigos e felicidade, tanta felicidade que as vezes era quase impossível conter. Era como se eu pudesse voar e tocar o céu, descobrindo que aquele azul é apenas uma ilusão, mas uma boa ilusão. Eu sabia que não era permito alguém ser tão feliz como eu era, mas mesmo assim acreditei que se algo ruim viesse a acontecer, não seria nesse nível de gravidade.

Tento recompor minhas idéias, meus cacos e tudo que ainda me resta. Vou até o quarto e vejo Jade ainda sentada na cama fitando tudo ao seu redor. Atravesso a cama e pego meu travesseiro, vou até o guarda-roupa e tiro um lençol.

Procura-se Por Nós  #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora