Capitulo 22 - Jade

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Ding-dong...

Eu odeio o gosto ruim que está na minha boca. Luto para abrir meus olhos, mas a maquiagem borrada dificulta o ato. Levanto da cama, mas minha cabeça parece ter ficado por lá. Tem alguém pulando no meu cérebro, e ele está fazendo uma festa muito incômoda. Demora alguns segundos para que eu identifique o que me acordou, e mais uma vez um barulho alto preenche a casa.

Ding- dong

Seja quem for, tem que parar imediatamente com esse barulho infernal. Olho ao redor do quarto, mas Nike não está em lugar nenhum, caminho até a porta e nada dele no corredor, vou até a sala e olho para a cozinha. Ninguém.

O barulho me desperta mais um vez, minha cabeça está doendo pra caralho. Vou até a porta da entrada, eu a destranco, tiro as correntes e abro a porta rapidamente impedindo que o dedo do meu pai volte a apertar mais uma vez a maldita campanhia. Não sei se vou me acostumar com as visitas dos meus pais, principalmente as visitas um dia após minha bebedeira. Ele sorri para mim e eu encaro sua mão ainda em direção a campanhia, ele recua e levanta os braços , caminha em minha direção e me abraça.

-Oi pai. -digo me sentindo sufocada pelo seu abraço.

-Você está uma merda. -ele sussurra.

-Obrigado, agora eu me sinto bem melhor.

Cessamos o abraço e eu o observo esperando entender o motivo da sua visita, ele não diz, apenas adentra e se joga no sofá. Fecho a porta e me junto a ele, ligo a TV e vejo mais um programa de culinária.

-Hoje faz dois meses e 15 dias Jade. -ele murmura ao meu lado. Eu o observo juntar as mãos e cobrir o rosto com ambas.

-Não tenho feito uma contagem pai. -admito.

-Sua mãe faz, e ela não me deixa esquecer que com esse tempo todo passando a chance dele acordar se torna mais difícil.

-Eu não quero pensar assim. -digo. Eu encosto minha cabeça em seu ombro e suspiro.

Não quero pensar em uma alternativa em que vou ficar sem meu irmão. Isso é a última coisa que quero criar na minha mente, ele tem que voltar ele precisa voltar. Ele ainda é muito jovem, ele ainda tem muita coisa pela frente. Com Emily, sem Emily, com Ellie ou sem ela, não me importo como ele vai acabar daqui a 60 anos, ele precisa voltar e fazer algo para mudar esse destino trágico.

-Onde está o Nike? -meu pai pergunta.

-Não faço a mínima ideia. -dou de ombros.

-Vocês estão...

-Não, não me pergunta se estamos bem, eu não sei como estamos, eu nem sei se estamos alguma coisa. Eu nem queria está aqui, pensei que daria certo voltar a minha rotina, mas isso tudo só está me atrapalhando.

Olho para a estante com fotos dos nossos momentos, tudo está lá como uma prova do que já fomos um dia. Na noite passada o beijo também foi uma grande prova, eu queria mais de onde vinha aquele, não sei se a bebida me deu a devida coragem, mas nunca compararia aquele beijo á um falso ato de coragem. Naquele beijo eu não só estava literalmente nua, eu estava despida de corpo e alma. Mas quando ele me afastou, todas as palavras que saíram da minha boca à seguir foram tão verdadeiras que nem eu sabia que guardava tudo aquilo dentro de mim. Foi como quebrar as algemas, mas minha liberdade custou caro, pois Nike não está aqui.

-A casa está aberta pra você querida. -meu pai murmura.

-Você me apoiaria se eu voltasse? -levanto minha cabeça e encaro seus olhos cansados.

Procura-se Por Nós  #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora