Capítulo 14 - Jade

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Esperar. Descobri que esperar, é horrível. Olhar para o relógio e ver que só se passou alguns segundos é uma parte de esperar que eu não gosto. Folhear uma revista com fotos de modelos e  fofocas de famosos que não conheço, é outra parte que odeio. Jogar conversa fora também não é legal. Esperar, é uma droga!

Olhei para a recepcionista mais uma vez e ela me lançou um sorriso de desculpa. O seu rosto angelical, os cabelos loiros presos em um coque apertado e seu corpo mesmo atrás do balcão era exuberante. Isso só me deixava mais nervosa, meus cabelos pretos sentiram inveja e meu corpo mais magro do que o habitual sentiu uma pontada de desgosto. Nike não estava aqui para ver a diferença, mas eu o imaginava notando o quanto eu e a recepcionista temos diferenças gritantes.

-Você está nervosa? -Joe sussurrou ao meu lado como se estivesse compartilhando um segredo.

-Não.

-Então por que está agindo como um vibrador? -ela aumentou uma oitava ao falar e eu olhei ao redor para ver se mais alguém tinha ouvido o que ela falou.

-Meu Deus Joe! -murmurei. Sei que ela estava se referindo ao meu pé que não estava engessado, eu o batia rapidamente no chão, mas até Joe falar eu ainda não havia percebido.

-Você me pediu uma vez. -ela disse recostando a cabeça na parede atrás da sua cadeira.

-Eu jamais faria isso, até porque o Nike não tem cara de... Ah esquece, você é maluca! -entrelacei meus dedos e soltei a respiração que eu nem sabia que estava prendendo.

-Vocês estavam brigados.

-Não quero saber.

-Ele fez uma tatuagem com seu nome.

-Isso é mentira.

-A única prova que tenho está apagada...

-A tatuagem é uma ótima prova!

-Você vai ver um dia...

-Jade Turner. -a voz da recepcionista me fez saltar da cadeira. O primeiro nome era meu, mas o segundo me deixava desconfortável.

Olhei para Joe mas ela fingiu não me ver, folheou a revista e me ignorou. A loira me esperava enquanto eu me posicionava nas moletas, ela desfilou genuinamente e seus saltos batiam na cerâmica me dando gastura do barulho que eles faziam. Ela parou na frente de uma porta branca e a abriu para mim. Um sorriso quase forçado surgiu em seu rosto enquanto eu adentrava na sala.

O ambiente era aconchegante, tinha uma vista privilegiada da cidade de São Francisco, na lateral havia uma enorme estante cheia de livros, não me dei ao trabalho de notar os gêneros. Uma mesa com o computador deixava o ambiente moderno, e como eu havia imaginado, havia aquelas grandes poltronas para o paciente relaxar conversar. Escutei a porta se fechar e vi a cadeira giratória atrás da mesa virar para mim. Uma mulher com olhos puxados e muito pequena para a cadeira em que estava, me encarou e mordeu o interior da bochecha.

-Senhora Turner? -ela me avaliou por mais alguns segundos, talvez não acreditasse que eu fosse casada e tão jovem.

-É, acho que sim. -respondi.

-Joe me contou de você, só estava testando...Sente-se.

Olhei para a mulher enquanto ela apontava a poltrona para mim. Fiz o que ela me pediu e apoiei minhas moletas ao meu lado. A mulher se aproximou de sim e sentou em uma cadeira ao lado contrário onde estavam as minhas moletas.

-Sou a doutora Kim Jenks. -ela sorriu complacente. -Não quero que me veja como sua psicóloga Jade, a partir de agora quero que me veja como uma amiga.

Procura-se Por Nós  #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora