O vento bateu em meu rosto assim que atravessei aquela porta. Ao olhar para trás, não vendo mais a grande porta de madeira da mansão.
Olhei ao redor vendo um campo, antes verde, agora branco, perto de uma pequena casa de madeira amarela. Era uma chácara da minha mãe. Minha mãe biológica.
Meu casaco favorito de joaninhas vermelhas e um vestido de inverno estava em meu corpo, junto de minhas sapatilhas pretas com enfeites de botões.
Senti que minha estatura era menor do que estava acostumada e percebi que meu tamanho diminuíra, para quando eu tinha apenas 4 anos. Por mais que eu fosse uma criança na época, me lembrava da memória de ter passado algumas semanas na pequena chácara.
Caminhei por cima da neve até a árvore perto do lago congelado e me sentei no pequeno balanço de madeira que havia ali.
O cheiro de ar puro me fez sorrir percebendo que era uma memória feliz. A mais feliz na realidade.
- Princesa, o que faz aqui fora?- a sua voz doce me fez querer chorar. Era tão bom poder ouvi-la, vê-la, senti-la.
- Fiz chocolate quente, vamos entrar?
- Mamãe, me balança?- a minha voz fina me fez querer rir, por achar engraçado o modo que havia falado embolado.
Senti suas mãos em minhas costas dando impulso para o balanço ir para frente e para trás.
Seu perfume floral era inebriante, me fazia querer afundar o rosto em seu pescoço e dormir encostada ali.
O vento cortou meu rosto enquanto sorria para o céu azul.
- Vamos entrar?- sua pergunta me fez fechar o sorriso, se eu atravessasse aquela porta, a lembrança mudaria.
- Vamos tomar chocolate quente na varanda?
- Pode ser, vou lá pegar- assenti me levantando e segurando sua mão para caminharmos de volta a casa de madeira.
- Eu te amo mamãe.
- Eu também te amo Anne- ela sorriu para mim soltando minha mão para entrar na casa.
Me sentei no pequeno banco de madeira ao lado da porta e observei o lago congelado lançar alguns crepitares de luz ao redor me fazendo sorrir pela visão. Minha pequenas pernas não alcançavam o chão, então eu ficava chacoalhando para frente e para trás enquanto mordia o lábio inferior olhando ao redor, reparando nos detalhes da casa.
- Você gostou daqui?- minha mãe perguntou se sentando ao meu lado, assenti pegando a xícara grande de sua mão e tomando um gole do líquido quente, que me fez sentir o calor nos lábios que estavam tão gelados que eu mal podia senti-los.
- A gente pode ficar aqui para sempre?- perguntei sorrindo e ela me encarou com um pequeno sorriso de lado.
- Anne, você sabe que tem que acordar- minha surpresa estava estampada em meu rosto, fazendo a mesma sorrir mais abertamente- venha aqui.
Nos levantamos e deixamos as xícaras no parapeito da janela acima.
- O que você vê?- ela apontou para o seu reflexo na janela e segui o seu olhar.
Meu reflexo me mostrava na minha, mais provável, situação atual, uma adolescente, com roupas de hospital, enquanto minha mãe estava com sua blusa de lã branca e seus jeans- essa é você Anne, existe tanta gente te esperando acordar.
- Eu sinto sua falta mãe, sinto falta de você ler para mim, dos planos que fazíamos para os feriados, da nossa casa. De tudo.
- Você sente minha falta Anne, assim como eu sinto a sua querida, você foi a melhor escolha que eu fiz, você é a melhor escolha que qualquer um pode fazer. Você tem uma família incrível e amigos que estão te esperando.
Encarei o reflexo novamente mordendo o lábio, comparando nossos rostos, vendo as semelhanças.
- O que vai acontecer quando eu acordar? O que vai acontecer depois? Eu vou me lembrar?
- Isso só depende de você, mas sabia que ainda falta muito pelo que você tem que passar.
- Eu sei- respirei fundo encarando a mulher que agora tinha minha altura.
- Além do mais, alguém lá fora precisa de você para controlar a raiva- ri assentindo enquanto sentia as lágrimas caírem- eu estou tão orgulhosa de você Anne, você se tornou uma pessoa tão boa. Nunca duvide se seu potencial.
- Nunca vou duvidar mãe- dei uma pausa pressionando os lábios um no outro- você é real?
- Só se você quiser que eu seja.
- Eu quero, muito- ela me abraçou, tão apertado, que me daria falta de ar, se eu estivesse ligando para isso, só queria seu abraço.
- Agora, você precisa de um descanso, está a três dias enfrentando lembranças, venha- ela me puxou para a porta da casa e a abriu para mim.
O outro lado estava embaçado, me impedindo de ver para onde estava indo.
- Mãe- a chamei- obrigada- abracei seu corpo de estatura pequena para a idade.
- Boa sorte Anne.
Ela me empurrou levemente para a porta.O quarto azul me era desconhecido, minhas roupas eram as mesmas de hospital, e Justin estava sentado no lado de uma cama, segurando a mão de alguém. Era uma memória?
Me aproximei e tentei tocar seu ombro, mas minha mão passou direto para minha surpresa.
O barulho do aparelho de batimentos cardíacos me chamou a atenção, olhei o rosto da pessoa inconsciente, me vendo de olhos fechados e rosto sereno. Aquilo não era uma memória, era a realidade.
O quarto estava com alguns buquês de flores e balões enquanto Justin lia um livro para mim, sem soltar minha mão. A capa preta com um anjo caindo do céu na frente me fez rir por perceber que era meu exemplar de Sussurro. Ele parou de ler, marcando a página e colocando o livro de lado, antes de se inclinar em minha direção e beijar meus lábios. A sensação era bem vívida em mim, eu conseguia sentir.
- Anne- sua voz em um sussurro me fez sentir arrepios por ouvi-la tão claramente- hey meu amor, sou eu. Não sei se consegue me ouvir, mas por favor acorda logo, eu sinto sua falta, todos sentem. Eu... eu seria capaz de fazer qualquer coisa para te ter de volta. Eu te amo muito.
Sorri sem descolar os lábios, me sentando no sofá atrás dele, ouvindo Justin conversar comigo, me fazendo companhia, lendo.
Respirei fundo sabendo que precisava acordar, e rápido.Heey gente, sei que demorei, e sinto muito. Eu não tenho desculpas dessa vez, porque eu não conseguia escrever por culpa de um bloqueio. Ao capítulo, eu quis fazer essa cena da Anne com a Mãe porque eu não mostrei do relacionamento delas, e por mais que Anne fosse uma criança ela lembra de muita coisa. Por hoje é só, desculpa mais uma vez pela demora,
Bjuus.

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My Dear Dream
Random"Tudo que eu queria era ela aqui comigo. Seria egoísmo meu querer Anne apenas para mim?" "Acordar. Era isso que eu queria. Abraçar Justin e ter seus beijos." "Ela tinha que voltar" "Era como um sonho, e eu estava desesperada para acordar." Plágio é...