Dois homens de sorte

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- Harry! A gente tá ficando sem tempo e eu não vou gastar dinheiro com táxi pra andar onze quarteirões!

Louis bate na porta do banheiro mais uma vez, mas não escuta nenhuma resposta a não ser a água do chuveiro caindo continuamente. Fazia mais de vinte minutos que ele estava pronto, apenas esperando o amigo terminar o banho de mais de 30 minutos.

Era domingo no final da tarde e os dois garotos estavam cansados de ficarem em casa apenas estudando. Por isso, decidiram ir assistir a um filme na sessão especial que teria no estacionamento do mercado próximo a escola. O horário de início estava marcado para 19:20, e Louis ficava nervoso a cada minuto que passou depois de 18:50.

Sabendo que Harry não sairia do banheiro tão cedo sem uma intervenção divina, ele abre a porta do banheiro com seu kit de arrombamento escondido debaixo da gaveta de cuecas, coisa que ele tinha para situações extremas exatamente como essas.

- Harry!

- O quê? Louis!

O mais novo coloca a cabeça para fora do box embaçado pelo vapor da água e assusta ao ver o garoto dentro do banheiro.

- O que você tá fazendo aqui?! Ou melhor, Como você entrou aqui?!

- Eu falo sério quando digo que vou te puxar daí pelos cachos. Já faz mil anos que você tá aí dentro, a gente vai perder a sessão.

- Tem uma tranca na porta por um simples motivo: não entre quando estiver fechada.

- É, Eistein, genial. Agora anda rápido que eu não vou ficar mais nem um minuto trancado nessa casa com você.

Harry fez careta e Louis encosta-se a pia com o outro braço na cintura, fazendo cara de quem não está pra brincadeiras. Os dois se encaram por alguns segundos antes do mais novo bufar, voltar para dentro do box e desliga o chuveiro. O outro pega a toalha pendurada a seu lado e estica o braço para frente com a cara virada para lá.

- Pode pega-...

- Aqui.

- Valeu. Sabe, você já pode sair do banheiro.

- Pra você trancar a porta com o trinco e voltar pro banho? De jeito nenhum.

- Você é tão chato.

- Eu faço meu melhor.

Harry sai do box com a toalha amarrada na cintura e os cabelos molhados jogados para trás. Louis sente uma coceira em sua garganta imediatamente e se engasga.

- Você tá bem?

- Tô... Tô, eu só... Tô bem.

O mais novo dá de ombros e se volta para os armários suspensos, onde pega creme e passa em seus braços e tórax. O outro garoto não sabe porque, mas foca-se completamente nas gotas de água que pingam dos cabelos de Harry e escorrem pelas suas costas até chegar a borda do toalha. Por mais que o percurso fosse rápido, em sua mente tudo passava em câmera lenta enquanto sua boca parecia secar.

- ... qual vai ser?

- Ham... O quê?

- Perguntei qual vai ser o filme. Tá tudo bem mesmo? Sua cara tá estranha.

- É a única que eu tenho... E não, não sei qual o filme. Olha, eu vou esperar você lá embaixo. Por favor, não demore e nem volte para o banho. Se eu ouvir alguma água caindo, vou desligar a energia na chave geral, entendido?

- Tanto faz.

- Ótimo.

Louis fecha a porta do banheiro e desce as escadas correndo e culpa a corrida por fazer seu coração disparar. Ele respira fundo várias vezes, fecha os olhos com força e senta no sofá. Se sentia cansado de passar por isso toda vez que Harry se aproximava, imaginando o que aconteceria com apenas um movimento certo.

How To Stay Away From YouOnde histórias criam vida. Descubra agora