Harry e Louis

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ei, psiu. você. é, você mesmo. você que não leu as instruções iniciais. volta e lê, ok? é realmente importante, você vai entender porque agorinha.

não se esqueçam de comentar e dizer o que estão achando/sentindo/pensando. me incentiva a continuar, ok?

vejo vocês depois

- -

- Louis, eu te dou três segundos pra descer até aqui e pegar essas merdas de roupas! E é melhor não deixar jogada em cima da cama pra desorganizar mais ainda o quarto!

Louis acorda pela terceira vez e resmunga. Revira em sua cama e embrulha mais ainda nas cobertas. Abre seus olhos por um segundo e vê o quarto totalmente escuro, como se ainda fosse noite. Tateia cegamente pelo seu celular embaixo do travesseiro e vê as horas. 12:04.

- Anda logo e levanta essa bunda daí!

- Pelo amor de Deus, você está tentado me convencer a levantar ou a ficar na cama? Porque do jeito que tá indo, eu vou ficar aqui pra sempre!

Não há nenhuma resposta. A casa fica em silêncio. Louis agradece pelas reclamações vindas do piso debaixo terem parado, e se aconchega melhor no amontoado de cobertas e travesseiros.

De repente, sua porta abre em um estrondo muito alto, quase o fazendo grudar no teto. Quando abre a boca para mandar Harry sair, um monte de roupa é jogada em cima dele. Um monte mesmo. Praticamente um armário inteiro.

- Que porra é essa?! 

- Eu não sou seu empregado pra ficar dobrando e guardando suas roupas. Se vira.

Harry sorri forçado fingindo serenidade, mas no fundo está por aqui com o outro. Ele podia literalmente ver suas mãos agarrando o pescoço de Louis, o sufocando, e apertando, e estrangulando, e... Fazendo de tudo para matá-lo.

Quando se vira para poder sair do quarto, Louis joga uma bolada de blusas e acerta as costas de Harry. o garoto atingido para embaixo do batente da porta e conta até dez. Até vinte. Até trinta. Até mil.

- Você quer brigar?

Louis não o responde, apenas joga outra muda de roupas e acerta bem na cabeça do outro. Harry se vira rapidamente, correndo para a cama para preparar sua munição.

Os dois ficam tacando roupas durante um tempo, andando por todo o quarto e usando qualquer peça espalhada ali para jogar.

No final, depois de terem perdido de vista qualquer roupa jogável, sobra apenas uma calça no meio do cômodo inteiro, já que as outras se encontram embaixo ou atrás dos móveis. Os dois veem a peça e se olham.

É isso. O desafio final. Quem pegar aquela última calça e tacar no outro, vence.

Harry e Louis correm, cada um de um canto do quarto, e agarram o tecido do moletom. E assim começam um cabo de guerra que duraria até que a calça rasgasse ao meio ou alguém puxasse mais forte e tomasse da mão do outro, já que não haveria desistência de nenhum lado.

- Não sou a porra da sua empreguete, Louis!

- Você lava minha roupa e eu lavo sua louça, é o combinado!

- Eu já lavei sua roupa, tinha até dobrado ela!

- E eu ia guardar assim que eu acordasse, não precisava de você gritando no meu ouvido!

Louis dá um puxão mais forte no seu lado da calça, que faz com que Harry cambaleie para frente. É claro que o mais novo nunca soltaria e perderia essa briga, mas também não planejava parar no chão junto com Louis.

- Já tá na hora do almoço e você estava dormindo!

- Não ligo!

Os dois fazem uma disputa com o olhar e respiração, como se fossem armas: quem ofega mais na cara do outro, e quem encara por mais tempo. Harry perde quando Louis sopra uma lufada de ar em seus olhos, o fazendo piscar.

- Não vale!

- Aé, e quem fez as regras?

- Trapaceiro.

- Perdedor.

Harry revira os olhos e apoia as mãos na barriga de Louis para pegar impulso e se levantar. O mais velho reclama de dor e o xinga enquanto o outro sai pela porta do quarto e vira com um sorriso falso para mostrar o dedo do meio antes de sumir no corredor.

Por incrível que pareça, nem sempre foi assim.

Os dois, apesar de terem sido vizinhos a vida toda, se conheceram efetivamente na segunda série do ensino fundamental. Desde o dia em que Louis abriu mão de sua cadeirinha para Harry se sentar, esses meninos desenvolveram uma amizade forte. Não importa o que fizessem, sempre estariam juntos.

Louis estava lá quando Harry entrou no mar pela primeira vez, superando seu medo de água; Harry também presenciou a primeira vez que Louis experimentou álcool. Depois, levou-o para casa e rezou para que Tia Jay não descobrisse.

E o mais importante, ambos estavam presentes no primeiro beijo do outro.

Aconteceu em uma noite que Ray, a garota mais popular da pequena cidade em que viviam, deu uma festa de encerramento de ano quando estavam na oitava série.

Foi a primeira festa que as mães deixaram eles irem sozinhos, e é claro que todo tipo de besteira já estava passando pelas cabeças ingênuas na hora do "podem ir".

Louis não esperava que Fred jogasse seu corpo contra a parede e pressionasse os lábios secos e ásperos desajeitadamente contra os dele.

Harry também ficou abismado, pois eles tinham acabado de pisar dentro da casa onde a festa ocorria quando essa cena aconteceu. E ficou confuso quando sentiu as mãos grandes de Shane segurarem firme sua cintura e a língua com um gosto engraçado invadir sua boca.

Foi bem estranho. Mas Harry e Louis se divertiram nas férias de verão daquele ano, dando vários primeiros beijos com os mesmos garotos nos parques e montes altos da cidade.

Quando o verão estava quase no fim, Harry e Louis organizaram sua mudança, ansiosos para o próximo ano escolar: o colegial.

Os garotos mal podiam esperar para morarem juntos no casebre rosa dos Tomlinson, em Londres, finalmente ganhando toda aquela liberdade que queriam. Soava como o paraíso: os melhores amigos vivendo sozinhos na cidade grande, onde tudo podia acontecer.

Bem, não foi assim que a história se desenrolou.

Os meninos nunca imaginaram que cuidar de uma casa enquanto estudam poderia ser tão difícil. E muito menos que cuidar um do outro seria pior.

Louis era um inconsequente que trocava os pés pelas mãos e fazia o que lhe viesse a calhar para se perder nas festas do colegial. Seu amigo já estava cansado de acompanhá-lo nessas tragédias cheias de adolescentes hormonais com bebida, só impedi-lo de tomar todas e acabar por parar em um hospital por coma alcoólico.

Enquanto isso, Harry era um CDF incapaz de se divertir nem que fosse por um segundo. Louis não se conformava em ter que arrastá-lo para tudo quanto é lugar que ia, só pra não o deixar sozinho em casa.

Já no começo do terceiro ano vivendo juntos, Harry e Louis ainda não acreditavam que estavam vivos. Brigas se tornaram rotina, e qualquer movimento errado era um motivo de discussão.

Amanhã começa o 3º colegial, e, na cabeça deles, vai ser a mesma história de sempre. Afinal, por que as coisas mudariam logo agora?

How To Stay Away From YouOnde histórias criam vida. Descubra agora