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Dan Walker

Foram os mais de dez anos dentro de uma agência especializada, que incrementaram a minha habilidade de ler facilmente as pessoas. Não. Eu não devo isso somente a CIA, embora eu tenha aprendido muito com eles. Na realidade, os treinamentos excessivos e exaustivos, me fizeram aprimorar todas as minhas habilidades já existentes. Devo isso, principalmente a mim mesmo. Desde criança sempre soube ler as pessoas. Sempre fui atento a tudo que se passava ao meu redor. Nunca passou nada despercebido a minha visão. Sabia o que todos queriam. Manipulava-os com a maior facilidade e naturalidade. Porém, durante todos esses anos, nunca imaginei que me tornaria o melhor e que seria contratado pela agência de inteligência para espiar os alvos mais difíceis do mundo. Terrorismo e narcotráfico  sempre foram as minhas especialidades. Recrutar espiões que eu sabia que guardava informações internas e que seria útil para o governo americano, sempre foi o meu trabalho.

Em tudo, adquiri confiança e, com treinamentos adequados fiz exatamente aquilo que planejei. O meu trabalho era cultivar de forma lenta e sistematicamente aliados adversários para me levar a fonte do meu maior objetivo. E eles sempre estavam ligados à proliferação de armas. Encontrar os lugares onde eles armazenavam armas e explosivos de todos os tipos sempre foi algo extremamente difícil. Porém, elas eram encontradas  e destruídas.

Não costumo falhar. Aliás, quase nunca falho. Tudo que faço é calculado e analisado minuciosamente. No entanto, me questionei sobre o real motivo que me levou a salvar uma mulher em meio ao deserto. Cheguei a ignorar aquela perua sendo completamente tomada pelo fogo, mas quando ouvi gritos de uma mulher que certamente não era daqui, eu parei. Parei sem pensar, pela primeira vez.

Para a minha sorte, esses questionamentos foram logo substituídos por algo que me fará embora mais cedo deste inferno. Essa atitude poderia ter destruído em segundos o que levei anos para construir, mas acabou atraindo o problema para ser eliminado com mais rapidez. Ela é uma americana fugitiva, que foi vítima de mais um dos vários sequestros que ocorrem em zonas de conflitos. Não a questionei sobre sua terrível experiência ou como ela conseguiu um feito inédito de fugir de um grupo extremistas. Embora exista uma certa curiosidade, eu não a questionei.

Não é a primeira vez que estive aqui ou em qualquer outro lugar tomado pela guerra. Não é difícil imaginar o que ela passou. Logo após resgata-la, tive a notícia de um dos meus principais contatos que estaríamos sendo monitorados justamente pelo meu alvo. O motivo? Ironicamente o motivo seria a mulher que eu carregava no meu carro. E que acabou atraindo como uma isca, Mohamed, para que eu pudesse matá-lo.

Quando a deixei no hotel, eu já sabia que ele estava a caminho. Eu acelerei o carro cronometrando o tempo que levaria até que ele voltasse ao hotel. No entanto, assim que estacionei, me deparei com a mesma mulher prestes a ser estuprada por um de seus homens. Achei que conseguiria pega-lo antes que ele a encontrasse, mas não consegui. Meu objetivo era ele e, por mais que eu fosse ajudá-la, de qualquer jeito, eu deveria matá-lo primeiro. Contudo, mais uma vez, me questionei sobre o motivo de preferir adiar o meu plano e salva-la. Afinal, já era para ele estar morto se eu não decidisse poupa-la da morte pela segunda vez.

Eu construí uma parede de concreto invisível e inabalável que não me faz sair do meu foco. Do meu único objetivo. Mesmo que eu tenha desviado, nada me fará parar.

Por mais que eu tenha me desligado da Agência de inteligência, ainda continuo ativo e fazendo basicamente os mesmos trabalhos, mas com um grande diferencial: trabalho para mim mesmo. Exatamente. Sou um assassino freelancer.

Tudo que faço relacionado ao terrorismo, tomou um significado e proporções maiores depois de um novembro, onde dezenas de pessoas inocentes foram atacadas por homens ligados aos grupos islâmicos. Eles atacaram de forma violenta uma parada de ação de graças em Manhattan. Todos sabíamos que a sexta avenida estaria infestada de pessoas. Como acontece todos os anos, uma multidão se reúne para celebrar. Nesse ataque, dez pessoas morreram e mais de trinta ficaram feridas. Nova York viveu mais um ataque. Mais um terrível ataque, mas dessa vez, não era por motivos religiosos.

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