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Dan Walker

— Por qual razão terei que me enfiar em seu quarto? — ela questiona com os braços cruzados e uma postura desafiadora que eu particularmente admiro em uma mulher. Sei que sente medo, mas não quer demonstrar. Sobretudo, não está gostando da minha atitude pela expressão de contrariedade que vejo estampando o seu rosto.

— É provável que você esteja passando por um transtorno de estresse pós traumático. Os gritos que você emitiu durante o sono, pôde  ser ouvidos de longe. Isso chamaria a atenção dos hóspedes ou de pessoas muito erradas. — informo-a calmamente.

Ela abre a boca para argumentar, mas desiste, já que não há argumentos suficientes que me farão mudar de ideia.

— Não quero que chame a atenção. Eu tenho um motivo para estar aqui no Quênia e não tem nenhuma relação com o que fiz na Somália. — ela não diz nada e, obedientemente, concorda com a cabeça.

Saímos do seu quarto e em silêncio, caminhamos duas portas de distância até o meu. Giro a chave na fechadura da velha porta de madeira e entramos. O quarto onde estou é exatamente como o dela. Há apenas uma cama de casal e um banheiro. Ela para por alguns segundos observando a cama e logo em seguida solta um suspiro profundo.

— Vamos dormir juntos?

— Se preferir, pode dormir no chão. Eu não me importo! — Respondo sem fazer contato visual. Alcanço a minha maleta que está atrás da cortina no chão ao lado da janela e coloco-a sobre a pequena mesa de madeira.

— Que ótimo! — ela bufa e se afasta pisando firme pelo chão em direção ao banheiro.

Sento-me na cadeira e abro a maleta retirando minha 9mm de dentro. Começo a rosquear o cano da arma e me preparo para o dia de amanhã. Mesmo de costas, sei que Laura está me observando. Consigo sentir os seus olhos curiosos sobre mim.

— Talvez você devesse dormir. Sairemos cedo! — informo enquanto coloco a arma carregada sobre a mesa.

— O que está fazendo? — sei que ela está curiosa. Ela não me deixará em paz enquanto não descobrir tudo a meu respeito.

— Me preparando para tirar a vida de um homem. — viro-me e a observo brevemente. Ela está parada próximo à porta do banheiro.  Volto a minha atenção para o meu trabalho. Não posso perder o foco.

— Não acha arriscado matar pessoas?
— Não acha arriscado viver? — replico e ela pensa por alguns segundos antes de fazer outra pergunta:
— Você recebe por isso?
— Sim.
— Então você mata apenas por dinheiro?
— Não.
— Mohamed foi morto por dinheiro? — encaro-a nos olhos reparando  que agora ela está mais próxima a mim com os braços cruzados, mantendo a mesma postura desafiadora.
— Não. — respondo com meus olhos presos aos dela mais tempo que deveria.
— Então... qual foi a sua motivação para matar aquele homem? — sua pergunta me pega de surpresa embora eu tivesse a certeza de que um dia ela me questionaria sobre isso. Achei que não desse tempo, antes de me livrar dela.
— Você se surpreenderia com as minhas motivações, mas eu não estou disposto a contar. — Ela ergue as sobrancelhas e eu me viro.

Pego o meu iPad na maleta e Digito a minha senha abrindo o mapa que me levará para Nairóbi amanhã em um esconderijo. Ignoro-a completamente com o intuito de evitar mais perguntas impertinentes. Sinto que ela se afasta e eu posso me concentrar novamente no meu trabalho.

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