Capítulo 11

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Confissão

Percebi que não havia perguntado se ele estava bem, mas não importava no momento, hoje ele vai descobrir meus sentimentos, isso é importante. Quando ele visualizou, vi que estava digitando e cada segundo parecia eterno, meu coração acelerava ainda mais, não sou boa para isso, tenho a mania de planejar tudo e não seguir com nada.

- O Que você tem? Vamos conversar.

Se for para dar certo vai dar, vou jogar tudo para o alto.

- Eu não quero descer ai falar sobre, se eu te ver tudo vai ser pior. – Eu já estava chorando com antecedência.

- Por que?

Eu não sabia a hora certa de contar, mil coisas passavam na minha cabeça ao mesmo tempo.

- Por que você vai me abraçar e eu chorar. Abraços me fazem chorar.

- Isso é um fato, mas tem que chorar e se libertar Angel.

- Tudo bem. Vou descer.

Eu decidi aceitar, não seria certo eu falar tudo pelo celular assim, jogar a bomba e correr. Chegou a hora de eu tomar atitude e colocar meu amor contra a parede, eu gostei de um garoto muito tempo atrás e ele me humilhou e agora com o Marcelo eu não consigo me segurar, me apaixonei novamente me permiti tentar ser feliz como não estava sendo a tempos e eu estava disposta a correr atrás disso mesmo que tudo desse errado. Vale a pena arriscar e se nada der certo vou estar de cabeça erguida, sei que vai doer, mas tudo passa. A fé é inabalável.

- Por que Angel? – Ele foi direto ao assunto quando saiu da sua casa.

- Não estou bem Marcelo. – Eu dei uma pausa enquanto encarava seus olhos verdes. – Porque eu o amo, muito. Quando começamos a ficar eu prometi a mim mesma que não me entregaria que não me apaixonaria por você, já sofri demais. E sei que nosso combinado foi sem compromisso, mas acabei me encantando pelo seu jeito, sem ao menos perceber, te conhecer me fez crescer, me fez mudar e ver que tudo é sem graça sem você, você voltou a doce garota que havia dentro de mim, me despertou o amor e paixão. Eu só peço uma chance para lhe fazer feliz, mesmo que você ache que não está pronto, está sim, só peço uma chance para sermos felizes. Mas não assume isso, fiquei com medo de vir falar isso para você, desisti, persisti e aqui estou eu.

Disse tudo de uma vez só, ele me encarava enquanto eu percebi que eu estava soluçando de tanto chorar no meio do assunto, eu passei as mãos no rosto tentando controlar as lágrimas enquanto ele estava me encarando, eu queria ser invisível para ele neste momento, ele não demonstrava nenhuma emoção, não sabia se ele iria acreditar nesta história afinal eu mesma não consigo acreditar ainda. Eu não estava preparada para a resposta, mas tive que enfrentar.

Ele respirava fundo e eu vi que ele estava buscando palavras dentro de si mesmo.

- Sério mesmo Angel? Eu não sei o que falar... Eu disse que seria apenas amizade desde o começo e que não ia passar disso, eu não sirvo para essas coisas, eu não sei me apaixonar. Como você foi gostar deste babaca aqui. – Ele disparou tudo de uma vez também e passou as mãos pelos seus cabelos macios. – Angel? – Ele viu que eu o encarava, mas não o respondia. – Por favor, me desculpe mesmo. Eu não tenho culpa nisso tudo eu sei.

Eu não sei o que eu senti ao ouvir isso, mas culpa em que? O que eu tenho culpa? Culpa de amar? Sabe quando vemos uma coisa que não conseguimos acreditar? Então... Eu estava assim, simplesmente não conseguia acreditar que me libertei a ele, expressei todos os sentimentos e é isso que obtive como resposta, ele apenas estava se sentindo culpado por isso.

- A culpada fui eu. – Sorri ironicamente.

Eu sabia que era mentira, afinal se ele não tivesse colocado a ideia de que eu estava apaixonada isso não haveria acontecido, eu tiraria essa paixão do meu coração rápido. Ele tem culpa sim, ele é perfeito... Mas neste momento eu vejo um ódio dentro de mim por culpa dele, eu sai dali sem ao menos escutar sequer mais alguma palavra vindo dele, sua resposta me deixou sem chão, ou melhor, no chão... Eu havia certeza que ele não gostava de mim e eu chorei, como uma criança boba que acabou de perder seu brinquedo favorito. Eu sei que vou sofrer muito com isso, ainda mais que seu quarto está aqui supostamente em baixo do meu, mas uma hora ou outra eu vou superar, sofrer faz parte da vida não é mesmo? É um aprendizado, minhas energias acabaram pelo resto da noite. Não estava preparada para nada, só de pensar que amanhã tenho curso cedo me desanima ainda mais, levanto da minha cama e vou para a cozinha tomar um leite, me sinto mal e volto para o quarto. Amanha estarei melhor, supero rápido, assim que deito novamente leio o meu livro.

Acordei as 06:30 da manhã, fui para o curso e quando desci as escadas olhei para a janela do Marcelo me lembrando da noite passada, estou com um mal humor terrível hoje, já sabia que isso aconteceria, como ele pode me responder aquilo, depois de tudo que falei e depois que sai andando ele ainda sequer me chamou. As horas do curso se passaram logo e lá tinha meus amigos que sempre me faziam rir muito, e eu agradecia por meu pai ir me buscar afinal era melhor do que pegar ônibus. Assim que meu pai me deixou em frente ao apartamento tirei o capacete da cabeça dei de cara com quem eu mais temia, ele estava ali mexendo em seu carro bem em frente ao portão onde eu teria que entrar, me despedi do meu pai e atravessei até o apartamento, ele me encarou e sorriu fazendo meu coração acelerar ainda mais. Vi seus lábios se abrindo novamente:

- Olá, Bom dia. – Ele sorriu novamente.

- Bom dia. – Eu respondi e entrei o mais rápido que pude.

- Tudo bem? – Ouvi assim que subi o primeiro degrau.

- Sim. – Respondi rapidamente e entrei, posso dizer que foi muito estranho, nos tratamos como estranhos completos.

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