Vizinhos com benefícios

Capítulo 2

Eu deveria estar nervosa?

Angélica narrando:

Assim que o Marcelo terminou de subir as escadas lentamente, ou fui eu que vi assim mesmo. Ele me deu um beijo na bochecha.

Percebi que eu estava o encarando como eu encaro o lanche.

- Achou Bonito? – Ele disse enquanto encostava-se a parede da sala. – A propósito eu que pintei aqui.

- Achei bonito sim, está bem pintado. – Eu sorri e olhei para as paredes. Agradeço mentalmente por ele ter terminado a frase rapidamente, do jeito que eu sou eu já iria responder que o achei muito bonito sim.

- E eu sou bonito? – Seus olhos verdes se aproximaram um pouco mais dos meus.

- É sim. – Eu concordei. – Na verdade, muito bonito. O chão nunca foi tão interessante para mim.

- Eu posso te beijar? – Ele segurou em meu rosto.

- Agora? – Eu não sabia o que dizer. – Mas, estou de batom. – Foi a pior desculpa que eu poderia dar, mas foi à única que veio a minha cabeça quando ele chegou perto demais para eu poder ao menos respirar.

- Não tem problema. – Ele me puxou ainda mais perto dele e quando percebi já estava com as pontas do nariz encostadas, uma mão dele segurava minha cintura e a outra pousada ainda no meu rosto, segurei firme em sua nuca e puxei seu rosto um pouco para mim, ele se aproximou e me beijou.

O seu beijo é calmo e fazia meu encanto aumentar inexplicavelmente, seu hálito com gosto de menta deixava a minha boca refrescante como a dele. Ficamos nessa sincronia por um tempo foi quando ele parou o beijo e me deu um selinho rápido, ele encarou o relógio e fez uma careta. Eu sinceramente não sei o que está acontecendo comigo.

- Eu tenho que ir, infelizmente. Estou atrasado. – Ele deu uma pausa e passou uma das mãos no cabelo. – Mas pretendo te ver ainda. – Olhei no Relógio e confirmei que até mesmo eu estava atrasada

- Eu também tenho que ir. – Eu sorri para ele. – Eu realmente não sou acostumada a fazer este tipo de coisa.

- Até outro dia, Vizinha. – Sorri para ele, gostei do apelido. Ele deu uma piscada rápida e desceu as escadas, retoquei meu batom e desci o mais rápido que podia. Optei por não ficar pensando no ocorrido, queria aproveitar a noite.

Beatriz estava me esperando em frente ao apartamento com o carro da sua avó, assim que chegamos à festa da Pati não havia muitas pessoas, apenas alguns familiares dela. Havia um garoto e ela curtia o mesmo e suava muito por nervosismo, ainda bem que não passo mais por isso.

Sinceramente não sei o porquê as pessoas tendem a ser assim, ficam nervosas, borboletas no estômago e depois encontram outra pessoa e esta não vale mais nada, o relacionamento da minha irmã como citei, ela morria de amores por um, de repente o vizinho era mais interessante para ela e pronto, lá se foi pelo ralo um namoro de dois anos.

Fernando, o garoto que a Pati gosta, é um garoto bonito, mas é filho de papai e eu costumo sentir nojo deste tipo de garoto, ele é legal, mas eu sei que é questão de tempo para mascara cair. Conversei com ele por um tempo, quando chegou a hora de ir embora ele até ofereceu uma carona, ligamos para a vó da Beatriz e avisamos que a carona já estava garantida, fui dormir na casa dela e assim que deitei apaguei.

Alguns dias depois...

- Quem é este garoto? - Eu observava um menino da escola que não parava de me olhar.

- Ele é novo aqui. – A Beatriz me respondeu.

- Eu o conheço. Leonardo. – Laura falou e caminhou até ele.

Eu a vi se aproximando cada vez mais até cochichar em seu ouvido, ele estava com o seu amigo Maicon que a Beatriz estava apaixonada, eu o odiava. Ele me olhou sorrindo e vi que passou seu número em um papel para a Laura. Ela veio até mim com um sorriso enorme.

- Hoje ele vai comigo no trabalho da minha mãe também.

- Eu não vou mais. – Odiei ao saber que a Laura me tramou essa.

- Vai sim. – Ela cruzou os braços e empinou seu nariz fino.

- OK. – Revirei os olhos.

As horas passaram voando e em cada troca de aula ele me encarava da porta da sua sala e sorria. Eu sei que estou interessada no Marcelo, mas eu não me apaixono, nunca.

Chegou a hora de ir embora e liguei minha Internet e havia uma mensagem do Marcelo eu respondi rapidamente e desliguei a Internet. Fui o caminho todo com a Laura e o Leonardo observando os dois conversarem enquanto eu deslizava a tela do meu celular atoa. Quando ela entrou conversar com a sua mãe e nos deixou sozinhos no portão eu achei que poderia desmaiar ali mesmo. Ele me encarava com seus olhos azuis e cada vez mais eu podia sentir meu rosto pegar fogo.

- Está esperando alguém? – Ele sorriu.

- Não. – Eu sorri.

Ele sorriu demostrando que sabia que eu estava incomodada com a situação, ele chegou o mais perto de mim que podia e colocou sua mão no meu queixo, ele jogou sua mochila para o lado e me beijou. Seu beijo é bom, um dos melhores que já experimentei, mas eu senti falta de algo ali, eu sabia muito bem o que era, mas jamais eu assumiria.

-Não posso. - Eu parei o beijo assim que pude.

-Desculpe. - Ele se afastou.

Fui embora assim que arrumei uma desculpa boa suficiente para deixa-lo ali. Mas não foi culpa minha, quem tramou isto tudo. Meu celular bipava com uma mensagem do Marcelo:

- Quando vamos nos ver novamente? – Ele questionou

- Essa semana está muito corrida para mim.

- Pode ser semana que vem, mas podemos nos ver ao menos um pouco hoje?

- Tudo bem, estou descendo ai.

- Estou saindo daqui.

Desci após trocar de roupa, eu estava preparada para dormir e quando estava chegando à porta do Marcelo ele abriu a mesma, me deu um sorriso incrível e um beijo na bochecha em seguida. Foi neste momento que eu percebi a loucura que estou me metendo, eu estou zangada com a Laura pelo o que ela fez, eu me sinto mal por ter beijado o Leonardo, mas o Marcelo eu não quero ficar sem beijar os lábios molhados que ele tem, mas desde o começo fiquei ciente que o Marcelo não é o tipo de garotos que se apaixonam, eu não posso mudar isso, eu sei que não é amor, mas não quero ficar dependente de ver estes olhos verdes todos os dias, ser o motivo deste sorriso, eu não quero me apaixonar, então eu posso ser sua amiga colorida.