Nitro //h.s

Capítulo 11

Harry.

Eu estava certo quando disse que a chuva não ia dar uma trégua naquele dia. Os pobres Para Brisas do meu carro não estavam dando conta de tanta água que ia de encontro ao vidro. Nem mesmo o aquecedor parecia dar conta. Eu só rezava para Liam estar em casa e aquela não ser uma viagem perdida. Eu havia passado muito frio e pegado muita chuva em uma longa estrada para saber de tal assunto. Portland sempre teve um tráfego intenso, embora metade da população usasse bicicletas como meio de transporte não diminuía em nada no batalhão de carros que se formavam nas ruas todos os dias. Naquele dia não tinham muitos, devido a chuva.

No meu peito crescia um medo inimaginável. Talvez o Liam tivesse conseguido uma pista nova, talvez ele quisesse me avisar sobre isso. Ou talvez, ele quisesse abandonar o caso como todos os outros, talvez Avan estivesse mesmo certo.

Bati as mãos no volante enquanto aos poucos os meus pés iam afrouxando no acelerador e pisando com força no freio. A casa do Liam estava á dez passos do meu carro, eu poderia estacionar bem em sua porta. Mas era mais seguro estacionar longe.

Eu bati em sua porta e fiquei na espera. Eu não via Liam a muito tempo. Desde que ele se mudara de nosso bairro em Portland, porque havia arrumado uma namorada e conseguido um emprego em um escritório por ali. Era difícil nos encontrarmos agora. Liam não era mais como um de nós. Ele era um homem.

-Harry!- Liam disse quando abriu a porta.

Ele havia mudado. Seu cabelo crescera nos últimos tempos. Ele estava usando roupas sociais. Provavelmente tinha acabado de chegar em casa.

-Entre! Como é bom te ver, cara.- Ele falou sorrindo.

-Igualmente.-Eu falei retribuindo o sorriso.

Nós entramos na casa. O cheiro forte de incenso incomodava as minha narinas, mas eu resolvi não reclamar. O que quer que fosse seria dito rapidamente.

-Você quer beber alguma coisa?

-O que aconteceu?- Eu perguntei sem rodeios.

Liam fez cara de desentendido e eu assisti ao seu sorriso murchar aos poucos.

-Avan me falou....- Eu disse. Liam arregalou os olhos.- Que você queria falar comigo.

Ele suspirou aliviado.

-Ah, Harry. Sente-se, por favor.

Liam se sentou em um sofá a minha frente. Com as mãos, ele indicou a poltrona vazia para eu me sentar.

-Liam...

- Harry, antes de qualquer coisa. Eu quero que saiba que tentei de tudo. Tentei como se fosse a última coisa que eu pudesse fazer. Você sabe.

Eu assenti. Meu medo crescendo a cada palavra que meu amigo pronunciava.

-Mas as coisas não são fáceis. A Maria faleceu de uma forma misteriosa. Um corpo já foi posto no lugar. São muitas linhas sem nós. E eu não posso dar nó em todas as pontas sozinho.

-O que você quer dizer com sozinho? A polícia está do nosso lado, e...

-Eles estavam, Harry. Eu recebi hoje uma carta da polícia dizendo que o caso foi encerrado.

Eu arregalei os olhos e senti minha boca cair. Eu estava perplexo. Se não tínhamos mais a ajuda da policia, então era como um caso perdido. Eles não acreditavam mais em mim.

-Eles deram o caso como assassinato, mas ainda estão a procura do suspeito. Eu recorri. Abri um processo contra a delegacia, mas não posso fazer mais nada a não ser esperar. Não me leve a mal, mas você é só o namorado dela. Não podemos competir quando os pais da vítima estão no meio. - Ele falou gesticulando.