Capítulo 3

72 16 16
                                    

Natalie.

Mesmo sabendo que já havia perdido todas as aulas daquele dia, eu corri pelos corredores da Portland University. Passei o dia arrumando as malas e me adaptando ao novo apartamento e não me dei conta de que as horas tinham voado.

-Maldito horário!

Eu tinha hora para me encontrar com o diretor da universidade. Duvidada muito que ele fosse me receber depois do horário. Eu poderia até perder a vaga. Isso era a pior coisa que podia me acontecer. Eu não tinha mais ninguém que pudesse contar aqui.

Enquanto eu caminhava pelo corredor, conclui que as aulas ainda não haviam terminado, pois podia ouvir conversas e risadas altas vindo das salas. Ninguém estava no corredor, mas eu podia apostar que não faltava muito para que os alunos preenchessem todo o espaço.

A minha mão tremia quando eu bati na última porta do corredor. Eu não ouvi nada, mas depois de um tempo pude escutar alguns passos na direção da porta.

-Senhorita Cobline. - O diretor disse.

Ele tinha uns 40 anos, eu acho. Parecia ser um homem ocupado, porque pela sua cara eu já sabia que ele estava irritado com o meu atraso.

-Desculpe pelo atraso. Estive muito ocupada com a bagagem.- Eu comecei a explicar.

O senhor deu uns passos a minha frente e se sentou na cadeira mais próxima.

-Eu entendo, minha jovem. Tudo o que eu precisava lhe dizer, já foi escrito na sua carta de aceitação, de qualquer forma. - Ele disse e sorriu. - As regras aqui são básicas e praticamente iguais a todas as regras de qualquer universidade.

Eu assenti e esperei que ele continuasse.

-O seu atraso foi perdoado hoje, mas enquanto frequentar a universidade como aluna, o atraso será posto em sua ficha. Levamos à sério o horário aqui. - Ele disse.

- Eu sei. Sinto muito.

Eu comecei a torcer as mãos em um ato de nervosismo. Acho que ele percebeu porque mudou de assunto na mesma hora.

-É a primeira vez que a senhorita vem a Portland?- Ele perguntou.

-Sim, senhor. Meus pais acharam que seria uma boa idéia me matricular em uma universidade tão respeitada. - Eu disse.

Juro que naquele momento me senti surpreendida por falar tanta mentira em uma frase só. Eu não estava nem ai para aquela universidade, nem mesmo se ela fosse esculpida por ouro. Mas sabia que era o melhor para o meu futuro.

-Seja bem vinda á Portland então, e seja bem vinda também a nossa universidade. Estamos felizes por recebê-la, senhorita Cobline.

-Obrigada...- Eu disse, sorrindo

-Aqui estão os seus horários das aulas, o segredo do seu armário e a numeração da sua turma. Espero que faça um ótimo ano, querida. - O senhor sorriu e apontou para a pilha de papéis amontoados na mesa ao lado.

Minha mente fez um giro por todas as universidades que os meus pais tinham visto. Nenhuma delas parecia o bastante para eles. Eles olhavam para a construção e diziam:

-Essa é muito velha. Olhe só para isso...Parece que vai despencar.

Ou então observavam os alunos conversando no gramado da universidade e sussurravam baixinho em meu ouvido:

-Se você um dia virar uma vagabunda maconheira como esse alunos, eu juro por Deus que faço você ter aulas em casa. 

Eu não costumava me importar e nem duvidar. Por isso eu me mantive quieta e deixei que eles escolhessem por mim, era o que eles sempre faziam. Eu sabia que eles só estavam preocupados com a minha educação, mas ás vezes eu me sentia quase sufocada por eles. Eles não tinham mais escolhas quando me matricularam aqui. Iriam ficar muito tempo fora. Precisavam me acomodar em algum lugar. Era por isso que Portland parecia a luz no fim do túnel. 

Eu olhei por cima dos ombros do diretor, mas especificamente para sua mesa. Havia uma placa com  o seu nome. 

-Obrigada, Senhor Pierre.

Ele balançou a cabeça, assentindo.

-Nos vemos amanhã. No horário certo. -Ele falou e sorriu.

Eu mal podia esperar. 

Nitro //h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora