Capítulo 4

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Harry.

Eu mal podia acreditar que aquele já era o final das aulas. Eu estava tão cansado e desmotivado, que apenas o meu corpo fazia o movimento de me arrastar pelos corredores. Minha mente não, ela estava abarrotada de pensamentos horríveis.

Os alunos á minha frente, faziam aquela maldita fila pós aula. Eu odiava aquilo. Me fazia lembrar do dia em que eu não estava lá para ajudá-la.

Avan estava ao meu lado, ele falava sobre carros em exposição e como ele estava ansioso para ver as réplicas do carros antigos. Ele sempre gostou disso, sempre gostou dessas coisas velhas que as pessoas fazem coleções.Desde pequeno, ele sempre teve um gosto esquisito. Eu, infelizmente, não estava prestando atenção nele, gostaria muito, mas tinha algo à minha frente que era muito mais chamativo. Um longo cabelo castanho estava à minha frente.

Eu estava certo quando disse que aquele corredor,interminável, de alunos não ia passar. Por isso comecei a pedir licença e empurrar as pessoas a minha frente, para que elas saíssem logo do meu caminho. Quando eu estava próximo a menina dos cabelos longos, Avan se desequilibrou jogando seu braço sobre o meu ombro, acho que ele fez de propósito, porque ele nem mesmo chegou a cair. Mas o meu corpo já havia sido impulsionado para frente e batido com força sobre o braço da menina. Ela carregava uns livros pesados, porque tudo o que ouvi foi um baque no chão de concreto.

-O que é isso?- Eu ouvi a menina gritar.

Eu não respondi. Não consegui. A minha respiração estava presa e eu não consegui fazer mais nada além de olhar dentro dos olhos dela, eles pareciam queimar de raiva e frustração, e eu senti um formigamento muito forte dentro do meu corpo, uma coisa que eu não sentia a muito tempo. Algo parecido com o que eu sentia sempre que via a Maria.

Maria.

A menção do nome dela fez com que eu acordasse do transe.

Eu engoli em seco e desviei os olhos. Eu sabia que deveria pedir desculpas, deveria ajudá-la a arrumar seus livros, mas não fui capaz. Eu não consegui. Além disso, eu não seria forte o suficiente para trocar meia dúzia de palavras com ela.

Maldito primeiro dia de aula! Agora estava claro porque eu não deveria ter voltado. Deveria ter continuado em casa, com aquela maldita solidão e vontade de me afundar cada vez mais. Deveria continuar para sempre preso naquela minha velha rotina. Deveria ficar embriagado e nunca mais voltar. Não sei onde eu estava com a a cabeça quando decidi que essa era a melhor opção. 

Pelo canto dos olhos, eu vi Avan recolhendo os livros da menina, ela estava abaixada junto à ele. Eu pude ouvir ela o agradecendo e ele se desculpando pela minha falta de educação. Pela primeira vez na vida, eu senti que estava arrependido. 

Só então eu corri. 

Nitro //h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora