Capítulo 14

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Harry

Na manhã seguinte, eu abri os olhos embriagado. Desejei os fechar de volta, mas parecia uma tarefa muito difícil para meu cérebro. Resmunguei coisas sem sentido e pousei a mão sobre a cabeça, na esperança de que a dor ficasse menos aguda. Uma perda de tempo. Abri os braços sobre a cabeça de forma preguiçosa, eu parecia exausto, mas nem sequer me lembrava de ter feito algo importante na noite passada.

-Péssima noite.- Eu disse baixinho e mergulhei a cabeça nos lençóis novamente.

Não sabia distinguir, mas foi como se um choque elétrico passasse por todo o meu corpo. Aquele não era o cheiro dos meus lençóis. Estava longe de ser.

Parecia morango.

Me sentei na cama em um movimento rápido e olhei ao meu redor, analisando o quarto. E só então me dei conta de que aquela não era minha casa.

-Que merda é essa?- Eu falei, empurrando os lençóis de cima de mim.

Ao meu lado, um corpo estava deitado desfrutando de seu mais belo sono. Foi então que eu entrei em pânico. Não podia ter feito nada com ela. Nem sequer me lembrava de ter a encontrado ontem á noite.

Com cuidado, levei uma das minhas mãos ao rosto  dela coberto pelo cabelo, os afastando suavemente. E reconheci. Era ela. A minha maior dor de cabeça. O pânico triplicou.

Levantei da cama rapidamente e comeceui uma busca incansável pelos meus pertences, não tinha idéa de onde estavam, mas sabia que não havia saído sem eles.

Corri para fora do quarto, chegando até a sala. O apartamento não era tão grande, então quanto menos eu esperasse eu ia encontrar alguma coisa. Minha cabeça girava em 360 graus, sabia que era ressaca absoluta, mas eu não podia permanecer mais cinco segundos dentro daquele apartamento.

Olhei pela janela, a chuva a desatar sobre a cidade. Eu já havia perdido aquele dia de aula mesmo. Não que fizesse diferença. Eu tinha coisas mais importantes para resolver.

Com um suspiro cansado, eu me sentei no sofá. Sem a minima ideia do que faria a seguir. Respirei fundo e com calma. Esfreguei meus olhos com as mãos. E senti o pânico indo embora, aos poucos.

Olhei novamente ao meu redor e foquei nas fotos sobre o aparador. Natalie com sua família, seus amigos, pessoas desconhecidas para mim, mas que pareciam fazê-la tão feliz. Ao meu lado no sofá, havia uma outra fotografia. Ainda estava na moldura e pareceu ter feito parte do aparador.

Na foto um rapaz estava sorrindo, ao lado de Natalie e uma outra menina. O sorriso dele parecia forçado. Eu conhecia aquele cara. Minha memória nunca foi uma das melhores, mas eu conhecia. O sentimento de que aquele rosto era familiar, me abrangeu.  Tentei estudar seu rosto de todas as formas possíveis e me lembrar de algo que relacionado a ele, mas parecia impossível. Eu ainda estava um pouco alterado.

-Harry?- Uma voz falou em meio a minha confusão de pensamentos.

Meu coração congelou. Era ela. Natalie havia acordado. Joguei a foto ao lado do sofá com medo de que ela visse que eu estava mexendo em suas coisas. Rapidamente Natalie olhou para o quarto confusa e então, sem que ela olhasse para mim, eu retirei o retrato da moldura e o empurrei amassando o dentro do meu bolso.

Aquilo ainda seria bem útil. 

Nitro //h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora