Da dor ao amor

Mansões e gatos pretos

    Evie
  Eu não sei mais o que dizer, ele está tão lindo, tão irresistível, e eu aqui encharcada, confusa e, bêbada.
  E meu cabelo deve estar horrível.
  – Evie!? Entre pelo amor de Deus!
  Eu entro relutante, mas não posso falhar agora, tenho que falar tudo o que penso, e dar o fora daqui.
  – Olha, eu não vim aqui pedir desculpas pelo modo como fui embora hoje de manhã, muito pelo contrário, eu vim pra dizer que... – coragem Evie – Que... Você não vai conseguir nada de mim, nem com aquele beijo, nem com esse seu jeito de conquistador barato. Aquele beijo não vai se repetir. Eu confesso que estava num momento de fraqueza quando cedi ao seu beijo, mas isso não vai...
  Ele me cala com sua própria boca, grudando seus lábios nos meus, como um gesto desejoso e desesperado para me calar. Não é só um beijo, é uma resposta, ele está tentando dizer que não vai se afastar. O efeito do álcool já se esvaiu de mim, só o que há em mim é ele, seu beijo me possui, nossas línguas se batem e se confundem, eu o correspondo.
  Não, não, você não pode sucumbir a ele, pegue seu celular e vá, esse era o plano.
  Minha mente me bombardeia de ordens, mas meu corpo não responde a nenhuma delas, só responde a ele. Suas mãos agora estão segurando minha cabeça.
  – Eu adoro os seus lábios. – Ele murmura nos meus lábios, numa pausa rápida do seu ataque.
  Quando penso em responder ele já está me beijando de novo, me prensando contra a parede, uma de suas mãos se enrola no meu cabelo molhado, enquanto a outra aperta meus quadris, me puxando para ele. Eu não quero parar, tudo isso e ele me fazem sentir viva. Eu seguro seus braços fortes, apertando-os levemente.
  – Venha Evie, vamos nos livrar dessas suas roupas molhadas.
  Eu não digo nada, não tenho palavras, eu só faço que sim com a cabeça e o acompanho, ele me guia para o quarto segurando minha mão.
  Nós estamos eufóricos, sem folego. Ele tira a minha camiseta e me joga na cama, desamarra rapidamente meus tênis e os remove, depois as meia e beija o peito dos meus pés.    Ninguém nunca beijou os meus pés.
  Sem tirar seus olhos dos meus ele tira sua calça de moletom e fica só com sua cueca boxer, seu corpo cai sobre o meu enquanto ele tira a camiseta, nós não dizemos nada, nos comunicamos com os olhos e os movimentos do corpo. Seu corpo se encaixa entre minhas pernas, seus lábios traçam beijos no meu pescoço, descendo até meus seios, suas mãos vão para as minhas costas para me libertar do sutiã, ele abre e remove as alças dos meus ombros, atirando longe a peça, sua boca chupa levemente um dos mamilos, eu arqueio as costas em resposta a essa sensação, ele vai para o outro mamilo, parece ainda mais intenso. Sinto sua ereção através do meu jeans. Sua jornada continua, chegando ao meu ventre, seus lábios são tão suaves, meu corpo se contorce querendo mais, eu quero ele, dentro de mim.
   – Eu adoro seu cheiro. – Sua voz é rouca, cheia de luxúria.
  Seus olhos nunca deixam os meus. Seus dedos hábeis desabotoam meu jeans molhado e num jesto rápido e bruto ele arranca minha calça juntamente com minha calcinha. Eu estou nua, completamente vulnerável em sua cama, e estranhamente isso não me incomoda.
  – Oh Evie, eu poderia gozar só de olhar para você.
  Ele se levanta sem tirar seus olhos de mim, e tira sua cueca, depois se joga em cima de mim novamente.
  Oh, eu também poderia gozar olhando para ele.
  Seu membro me preenche, eu me sinto completa agora.
  – Você é muito gostosa. – Sua voz é rouca e ofegante.
  Meu corpo se contorce embaixo dele, querendo mais, minhas mãos estão em suas costas, arranhando, eu cravo minhas unhas nele. Ele acelera o ritmo, querendo tudo de mim, suas estocadas são brutas, eu grito e gemo. Nossos corpos tem uma sincronia que eu nunca vi antes. Estou alcançando meu alge, estamos nos movimentando juntos, no nosso próprio ritmo. Gozamos juntos, ele despeja tudo o que tem dentro de mim, e eu me liberto num glorioso orgasmo.
Ele cai em cima de mim exausto.
  – Isso foi incrível – Eu digo
sonolenta. É tudo que posso dizer.
Ele se apóia em seu cotovelo e sorri.
  Ah, esse sorriso.
  – Você é incrível – Ele diz colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha – Você devia ser beijada todos os dias, todas as horas e todos os minutos. – Ele sorri, um sorriso encantador.
  Está feito agora. Está declarado, eu não posso mais ficar longe dele, não depois disso.
  Eu visto sua camiseta que está jogada no chão e durmo ao seu lado.
 
****
  Eu acordo, mas ele não está lá, estou sozinha em sua cama, me sento e levo o maior susto quando o vejo sentado numa cadeira segurando uma câmera fotografica.
  – Bom dia Evie.
  – Bom dia, você me assustou. Você de pegar as pessoas de surpresa quando vai tirar foto?
  – É mais emocionante – Porque ele não tira esse sorriso estúpido do rosto, é como olhar para um desses modelos que fazem comerciais de perfume importado na televisão.
  – Isso não é justo.
  – O que não é justo?
  – Você não é justo. Me fotografar quando eu acabei de acordar. E claro, seu sorriso. Essas coisas, sabe.
  Nossos olhos nunca se desviam um do outro.
  – Meu sorriso? – Ele coloca a câmera no chão e se levanta.
  Meu coração dispara, ele está vestindo só uma calça de moletom, e tem uma frase tatuada na costela, mas não consigo ler. Eu tenho uma também.
Guilherme sobe na cama e para na minha frente, sorrindo, como sempre.
  – Sabe o que não é justo? – Eu balanço a cabeça negativamente, olhando para cima em seus olhos. – Eu não ter conhecido você antes de tudo.
  Antes de tudo o que?
  – Você está com fome? Eu estou faminto. Pensei em irmos tomar café em algum lugar. O que acha?
  Porque ele mudou tão rápido de assunto?
  – Acho que não posso, minhas roupas ainda estão molhadas e eu nem avisei minha irmã que estou aqui, ela deve estar preocupada. – Na verdade ela deve estar subindo pelas paredes de tão preocupada.
  – Tudo bem. O que você vai fazer hoje a tarde?
  – Nada.
  – Podemos almoçar em algum restaurante? Você escolhe.
  – Claro, tem um restaurante perto da minha casa que é fantástico. Podemos ir lá, o que acha? – Que porra eu tô fazendo? Não posso levá-lo ao restaurante do papai!
  – Perfeito. Você tem meu número, me manda seu endereço e eu te encontro na sua casa.
  – Ok. Você pode ir lá pelas duas horas.
  – Ótimo – Aquele sorriso de novo, só que agora veio acompanhado por um brilho nos olhos.
  Ele se levanta, abre uma das gavetas da cômoda e tira uma camiseta preta e joga para mim.
  – Eu sei que você adora usar minhas camisetas como vestido, afinal, essa vai ser a quarta – Seus olhos me fitam vestida em outra camiseta sua – E eu admito que, adoro você vestida nelas.
  Eu olho timidamente para ele, e acho que estou vermelha, mas no final dou um sorriso para ele.
  – Acho que posso lançar uma moda.
  – Não, nenhuma outra mulher ficaria tão linda em uma camiseta masculina quanto você. – Porque ele não para de fazer isso, não para de me deixar sem graça. Normalmente eu odiaria isso, mas ele me faz pensar que pode ser diferente. Dessa vez pode ser diferente.
  Eu pego a camisa e desdobro, está escrito carpe diem em letras grandes e brancas.
  Ele beija minha testa e sai do quarto, provavelmente vai fumar. Eu me visto rapidamente e recolho minhas roupas do chão, encontro minha calcinha e visto-a.
  Meu Deus, não acredito que transei com ele, tem muito tempo que não fazia isso, e sei que foi um erro.
  Saio do quarto e ele está olhando pela janela tragando seu cigarro. Ele se vira quando apareço na cozinha, remexe em seu bolso e retira dele meu celular.
  – Aqui, foi por isso que você veio afinal, não é? – Um sorriso malicioso surge em seus lábios.
  – Pode ter sido uma das razões. – Eu rio também.
  – Você já vai? – Sua expressão é desesperada.
  – Acho que tenho tempo para um cigarro, será que você pode me dar um? Eu não trouxe o meu.
  – Em cima da bancada. – Seus olhos me penetram – Você está linda Evie.
  – Obrigada – Eu estou de costas, pegando o cigarro na caixinha, então ele não pode me ver corando.
  Nossos cigarros acabam, assim como meu tempo com ele, preciso mesmo ir embora e colocar meus pensamentos em ordem.
– Obrigado por tudo, por me deixar ficar, pela noite incrível e, pela camiseta, eu vou lavar e devolver junto com a outra, eu juro.
  – Não se preocupe com isso, nem precisa me devolver elas. – Ele me dá um beijo bem suave nos lábios - Obrigado pela noite incrível Evie, você é maravilhosa.  – nos beijamos novamente, só agora é mais intenso, muito mais intenso.
  – Te vejo as duas – Sua voz é rouca agora e cheia de esperança, seus dedos habilmente colocam meu cabelo atrás da orelha, e meu cabelo é beijado por seus lábios.
  Dou um sorriso tímido e vou para o elevador, Guilherme fica parado na porta até o elevador chegar.