Capítulo 14 - Discussão entre família

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Já tínhamos chegado a casa e eu e Demi ficámos deitadas na relva do jardim enquanto que Gemma decidiu que eu deveria de ficar um tempo a sós com Demi, ela repousava a sua cabeça sobre a minha perna enquanto que eu mexia nos seus cachos castanhos com madeixas.

- Eu só acho que ele poderia, sei lá, ter terminado... - Demi diz cutucando os dedos uns nos outros. - Não devia de ter tido uma atitude destas.

- Demi, eu acho que não passou de um mal entendido... O Luke não me parece pessoa de ter uma atitude destas. - Eu digo e ela levanta a cabeça para me encarar.

- Tu estás a defender um traídor ? - A minha melhor amiga afirma chocada.

- Claro que não, estou a tentar ver isto por dois lados... - Eu respondo.

- Ele é um falso, Blay... - Demi diz limpando as lágrimas que se formavam nos seus olhos. 

Decidi manter-me calada. Partia-me o coração ver Demi assim, especialmente por eu ter quase a certeza de que realmente não era nada daquilo que ela tinha entendido. Mas eu sabia que de tão chateada que ela estava não valia de nada tentar abrir-lhe os olhos, ela não iria ouvir.

- Venham lanchar, meninas. - Anne aparece na porta de entrada chamando-nos.

- Vamos já... - Eu afirmo sorrindo para a mais velha.

Olhando para o céu juntamente com a minha melhor amiga, vemos um bando de pássaros a passar sobre nós.

- Por vezes, eu só queria ser assim...

- Cagar na cabeça das pessoas ? - Demi questiona fazendo-me rir.

- Não, parva... - Reviro os olhos. - Livre.

- Eu também, gostava de desaparecer neste momento... Com a vergonha que eu passei por causa do Lu... dum traidor. - Demi diz.

- Tens de começar a ter mais calma, pensei que a impulsiva fosse eu...

- Eu não quero mais nada com ele!

Depois de lanchar juntamente com a minha família e perceber de como Demi iria precisar do meu apoio hoje decidi perguntar ao meu pai se ela poderia dormir aqui, seria fim de semana então não deveria de haver problema nisso.

- Pai, posso pedir-te um coisa ? - Questiono o mais velho.

- Podes sim.

- A Demi poderia passar cá a noite ? É fim de semana! - Eu peço já argumentando de seguida.

- Por mim pode, deixa-me só ver aqui. - Ele diz se virando para a namorada. - A Demilyn pode dormir aqui, amor ?

- Claro que sim, meu amor. - A mais velha sorri amorosa olhando o meu pai.

Eu acho que ainda demoraria muito tempo para me habituar a isto e isso acaba por me deixar desconfortável... Antigamente eu só precisava da permissão do meu pai e atualmente tudo depende dele e de outra adulta.

- Mãe, cheguei! - Harry grita batendo a porta de entrada para fechar a mesma.

- Quanta gritaria... - Eu afirmo. - Não sabes berrar mais baixo?

- Blayane, por que é que não fazes um esforço para te dares melhor com o teu irmão ? - O meu pai pergunta. - É assim tão complicado.

- Primeiro que ele não é meu irmão! - Eu afirmo. - Segundo porque ele me dá ulceras!

- Eu já te disse que eu quero um bom ambiente nesta casa, para isso preciso também que deixes de te comportar como uma criança que só faz birras ! - O meu pai afirma zangado.

- Eu comporto-me como uma criança que só faz birras ? E tu que estás a agir como um adolescente e te estás a esquecer das tuas responsabilidades como pai; garantir o meu bem estar! - Eu afirmo irritada. - Eu disse desde o inicio que eu não estava confortável com isto, com toda esta situação... Tu ages como se eu tivesse que aceitar isto tão naturalmente como se fosse uma mudança de cobertor na cama... Não é! Nós mudámos a nossa vida toda. Eu já disse que quero voltar para casa. - Bato o pé no chão. - E podes dizer o que quiseres, mas eu não sou obrigada a gostar do Harry. Tu estás constantemente a repreender-me, mas e a ele quem é que o repreende ? Ninguém. Até parece que ele é mais teu filho que eu! - Eu saio para o meu quarto e a minha melhor amiga vem atrás de mim

- Meu Deus... - Demi afirma. - É preciso coragem... Eu não sei como conseguiste.

- Era melhor antes, Demi, quando éramos só eu e ele...

- Eu sei que isto é uma mudança muito grande para ti, nunca tiveste uma figura materna e do nada tens isso e dois "irmãos"...

- Eu só esperava que entendessem, que não é a Anne o meu problema... - Eu suspiro. - Mas o meu pai é que parece tão focado em agradar o Harry que nunca se opõe a nada que sai da boca dele.

- O teu pai está a tentar ser feliz... Ele está a lutar por isso da maneira que ele pode... - Demi encolhe os ombros. - E a Anne parece gostar verdadeiramente dele.

- Sim, eu também consigo ver isso.

Já estava à algum tempo a fazer uma luta de almofadas com a Demi e como ela estava distraída acertei-lhe mesmo em cheio com a almofada no meio da cara fazendo a mesma resmungar.

- Para a próxima estás com os olhos abertos.

- Estava a ver a foto que tens ali mesmo coladinha perto da cama, junto de Zac... - Ela diz e o meu coração falha uma batida, nunca achei que alguém fosse reparar por estar tão discreta. - Nunca vais superar o Zac, eu também entendo... Vocês tinham uma história tão bonita...

- Acho que mesmo que eu encontre outra pessoa, eu nunca mas nunca o vou superar... - Eu murmuro.

- Aquilo que aconteceu foi uma fatalidade, eu espero que saibas que não é culpa tua. - Demi diz abraçando-me.

- Primeiro a minha mãe, depois Zac... O que me está mais para acontecer...

- Esteja onde estiver, tanto um como outro, estão orgulhosos de ti... Tenho certeza. - Demi diz sorrindo.

Em pouco tempo já era a hora de jantar e depois de toda aquela discussão que gerou uma atmosfera caótica nesta casa, toda a gente comia calada até mesmo Harry não se deu ao trabalho de fazer nenhuma das suas piadas mas o seu olhar estava sempre pousado em mim.

- A universidade, como está a correr, Demilyn ? - O meu pai pergunta talvez para que a minha melhor amiga não se sentisse mal.

- Ótima, a turma de desenho é muito boa... - Ela sorri.

- Então e algum namorado ou ainda não ? - O meu pai pergunta sabendo que Demi sempre se interessava por alguém.

- Por enquanto, prefiro ficar assim sem pensar nisso ainda é muito cedo. - Ela diz olhando para mim.

- Pensei que tu e o Hemmings estavam a namorar... - Harry solta.

- Apenas um amigo, talvez nem isso seja.

O resto do jantar foi num silêncio ensurdecedor, o que acabava por transformar o ambiente bastante desconfortável e tenho quase a certeza que todos aguardavam ansiosamente para terminar e se retirar.

- Com licença, vou para o meu quarto. - Afirmo pegando na minha loiça arrumando a mesma na máquina de lavar e Demi imita as minhas ações indo para o quarto também.

- Honestamente, nunca vi o teu pai tão desanimado... - Demi diz.

- Verdade, nem eu...

- Ou devo dizer, nunca vos vi assim tão chateados um com o outro. - Ela deitasse do meu lado.

- Tu sabes que também me custa estar assim com ele, sempre fomos nós os dois contra o mundo então é muito difícil para mim também.

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