Prólogo

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Harry abriu seus olhos lentamente, fraco por passar quase uma semana com tanta dor. Olhou para os lados vendo seus pulsos desamarrados, assim como seus tornozelos. Fechou os olhos evitando derrubar as lágrimas que insistiam em cair. Estava cansado de chorar.

Com seu corpo dolorido e cansado, se sentou na enorme cama, sentindo os lençóis molhados embaixo de si por causa de seu lubrificante natural. Em seus pulsos haviam cortes sangrando, assim como em seus tornozelos. Seus membros doíam por toda a força que havia feito ao tentar se soltar.

Ele queria morrer. Mas seus pais nunca permitiriam. Donos de uma enorme empresa em Londres, não poderiam ter um filho morto por suicídio, pois isso mancharia o nome da família. 

Então ele apenas se levantou com a pouca força que tinha e foi até o banheiro, enchendo sua banheira com água quente e se pondo dentro dela. Se deixou afundar na água, limpando seu corpo. Ele não gostava de seu corpo, não gostava de ter seu corpo todo musculoso, forte e machucado.

Harry sempre foi delicado. Ele não queria ter o corpo que tinha, ele queria um corpo delicado, macio, com curvas. Mas ele nunca poderia ser assim.

Harry se afundou na banheira, deixando sua cabeça sob a água pensando que se ficasse ali por mais algum tempo, poderia acabar com tudo, ter paz. Mas sua família nunca permitiria.

Harry não tinha ódio deles, só não entendia como eles podiam fazer isso com ele. Compreendia que sua família era composta somente por alfas e que ter um ômega era sinal de fraqueza para eles, mas precisavam realmente fazer tudo o que faziam?

Se levantou da banheira, se enrolando em uma toalha que havia ali e seguindo para seu quarto.

Apesar das regras que seu pai impunha sobre ele ter que se parecer com um alfa, quando Harry estava longe dos olhos de sua família ou de qualquer outra pessoa ele se sentia como o ômega que era. Era delicado e meigo; tinha um cantinho escondido em seu closet todo enfeitado de coisas que o agradavam e o faziam se sentir como um verdadeiro ômega. Ele tinha sorte de sua mãe ou seu pai nunca terem descoberto seu cantinho secreto, aquilo era a única coisa real em sua vida.

Ao entrar em seu quarto, totalmente preto e branco, com uma cama enorme com lençóis negros, Harry suspirou. Sua família não estava em casa, o que significava que ele poderia ser o ômega que era.

Foi até seu closet, pegou um suéter rosa bebê, uma cueca branca pequena e meias felpudas também brancas com bolinhas coloridas, vestindo tudo, se sentindo bem consigo mesmo por estar vestido do jeito que o agradava.

Esta era uma das poucas horas onde ele tinha um pouco de paz e satisfação por poder ser do jeito que realmente era. Mas sabia que isso não duraria muito e logo teria que voltar para a vida de farsas que tinha.

H&L

Harry estava indo embora para casa depois de um dia cansativo no colégio. Já era tarde, estava escurecendo e ele estava realmente cansado, pois tinha acabado de sair de um cio. Justo naquele dia, o motorista de seus pais não pôde ir buscá-lo.

Caminhou apressadamente pelas ruas, sozinho, já que não tinha ninguém para acompanhá-lo até em casa.

Harry não tinha amigos, nenhum. Ele nunca soube porque as pessoas nunca se aproximaram dele. Talvez fosse estranho demais. Estava com dezessete anos e algumas meninas já vieram falar com ele, até mesmo alguns meninos, pensando que ele seria um alfa por causa de seu físico, mas Harry sempre corava e ficava envergonhado quando alguma pessoa lhe dava indiretas. Talvez fosse por esse motivo que ninguém nunca se aproximou dele, ele os evitava ao máximo.

Ao virar uma rua se deparou com um pequeno grupo de homens em um canto um pouco isolado e escuro. Se virou esperando não ter sido visto, mas era tarde.

— Ei, belezinha, aonde pensa que vai? A gente já te viu — falou um homem moreno, um pouco alto, um alfa. Os outros apenas riram e se aproximaram.

Harry andou mais rápido esperando sair dali, mas isso não foi possível ao que logo os alfas chegavam perto dele e o cercavam.

— Ômega não é, alfa eu não sei. Talvez um beta, hein? — O moreno segurou seu braço o puxando, fazendo os livros que estavam em suas mãos caírem.

— Me solta. — Harry falou baixo, totalmente paralisado pelo medo.

Os alfas somente riram e o moreno o puxou para um beco.

Harry estava desesperado, suas pernas tremiam e sentia como se sua voz tivesse deixado de existir, pois não conseguia gritar por socorro.

— Você tem um belo corpinho, sabia? A gente vai fazer um bom uso dele, não vai? — Outro alfa falou e Harry arregalou os olhos tentando escapar.

— N-Não, por favor, me solta. N-Não faz isso — chorava suplicando, tremendo de medo.

Mas os outros não lhe deram ouvidos e Harry sentiu seu corpo ser jogado contra o chão com vários alfas ao seu redor. 

Ele estava com tanto medo e não podia fazer nada. Tentava lutar, mas sabia que não tinha chances. Seu desespero somente aumentava ao se lembrar que ninguém iria notar sua ausência, ninguém iria se preocupar com ele e iria procurá-lo. E enquanto os alfas tiravam sua roupa, Harry só chorava desesperado. Com medo e sozinho.

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