A claridade que entrava pela janela com as cortinas abertas do quarto fez Harry fechar seus olhos rapidamente e então, lentamente, abri-los de novo. Aos poucos foi se acostumando ao local e se lembrando das coisas que aconteceram naquela semana.
Respirou fundo, tentando manter a calma.
Ele e Louis haviam feito amor? Por uma semana todinha?
Harry fechou seus olhos novamente não acreditando que realmente haviam feito aquilo. Ele não sentia arrependimento nem nada, era só estranho como ele havia confiado em Louis. Vagamente ele se lembra de ter conversado com Louis, se lembra de tê-lo agradecido e de ter dito que o amava, recebendo de Louis a resposta de que o amava também.
Essa sensação de aconchego e carinho que Harry sentia era irreconhecível até aquele momento. Ele se sentia tão bem nos braços de Louis, se sentia protegido. Ele só tinha medo de que todas as memórias voltassem.
Fechou os olhos procurando evitar isso, evitar as lembranças. Aquilo era passado, ficou para trás. Havia Louis agora, Louis que o fazia feliz e o fazia se sentir seguro. Esse era o presente e era o que ele queria viver.
— No que você tanto pensa, meu amor?
A voz rouca o despertou de seus pensamentos. Harry levantou o olhar para o alfa vendo o mesmo com um sorriso preguiçoso no rosto, os olhos ainda meio fechados pelo sono e os cabelos bagunçados.
— Já tem algum tempinho que eu estou te observando e você não tira esse olhar do rosto. Olhar de quem está pensando demais.
— Em nada importante, na verdade.
Louis o olhou profundamente antes de assentir com a cabeça e deixar um sorriso de dentes brancos aparecer.
— Você está com fome?
Só nesse momento Harry reparou que, sim, ele estava morrendo de fome. A simples menção daquela frase fez seu estômago roncar.
Louis riu alto fazendo as bochechas do ômega corarem.
— Acho que Anne não vai ficar brava se eu pegar alguma coisa da cozinha dela, não é? — Louis deu um beijo rápido em Harry antes de se levantar. — Fique aqui, amor, eu já volto.
E então saiu do quarto, não sem antes colocar uma calça.
Harry respirou fundo se sentando na cama. Anne provavelmente estava na casa de Jay com a alfa. Ela não deveria estar brava com Harry, afinal ele nem ao menos sabia que seu cio seria naquele dia, assim como Louis também não tinha culpa de estar com Harry naquele momento. Simplesmente aconteceu.
Se perdeu em pensamentos novamente que foram interrompidos somente quando Louis entrou no quarto com uma bandeja em mãos.
— Eu peguei um pouco de cada coisa que eu vi lá embaixo, bebê. Tem leite, chá, algumas torradas, um bolo e essas maçãs aqui.
— Está ótimo, Lou. Obrigado.
Louis deu um sorriso se sentando na frente do cacheado e colocando a bandeja entre eles. Harry pegou um pouco de leite e um pedaço do bolo enquanto Louis preferia o chá e as torradas.
— Você quer conversar? Sobre o que aconteceu? — Louis perguntou um momento depois enquanto terminava a sua xícara de chá.
— Eu quero, Lou, mas eu... — suspirou, nervoso.
— Harry, está tudo bem se você não quiser me contar essas coisas ou se não quiser conversar. Eu entendo, amor, você tem o seu tempo.
— Mas eu quero, Lou, eu realmente quero. — Harry respirou fundo. Ele confiava em Louis, ele o amava, não tinha porque não contar. — Eu venho de uma família de alfas. Meus pais são uns empresários famosos de Londres e eles são muito rígidos, Louis. Tudo tem que ser da forma como eles querem. E eles queriam que os dois filhos, eu e Gemma, fossemos alfas. Quando Gemma descobriu ser uma alfa, eles começaram a tratá-la de uma forma bem melhor, como se ser um alfa fosse o certo. Eu sempre fui delicado, sempre gostei de coisas mais delicadas, desde pequeno eles meio que sabiam o que eu seria, mas mesmo assim estavam sempre me falando que eu era um alfa. Então, quando eu entrei no meu primeiro cio, eles ficaram muito bravos e me amarraram na minha cama. Eu passei quase uma semana com dor, Lou, sem poder me tocar. Eles me davam uma sopa e água às vezes e quando eu precisava ir ao banheiro eles me levavam amarrado. Isso se repetiu em todos os meus cios seguintes. Eu passei a tomar hormônios para ter uma aparência mais forte, como a de um alfa mesmo. Eu passei 3 anos assim e era horrível, Lou. A vontade de me matar, de acabar com tudo isso era tão grande. E então, quando eu estava saindo da minha escola um dia, uns alfas me prenderam em um beco e, e eles me machucaram, me machucaram muito. Quando eu acordei depois disso eu encontrei Anne e ela passou a ser minha única amiga. Ela cuidou de mim, me levou ao hospital e tudo parecia bem por algumas horas. Mas então eu tive que voltar para casa e meus pais ficaram tão bravos comigo, principalmente porque o cheiro daqueles alfas ainda estava em mim. Eles bateram em Gemma porque ela tentou me proteger. Foi horrível. Um tempo depois eu comecei a passar mal e, e eu fiz um teste. De gravidez. E deu positivo, Lou. Eu ia ter um bebê. Mas naquela mesma noite meus pais descobriram e e-eles me fizeram tirar o bebê de mim. E-Eu nem tive tempo para assimilar a gravidez, Lou. Eu não aguentava mais, então fugi de casa, encontrei Anne novamente e me mudei pra cá com ela. Depois conheci você e agora tudo está bem. Mas ainda dói. Dói m-muito.
Harry chorava tanto que a única coisa que Louis pôde fazer foi tirar a bandeja que estava entre eles e abraçar o cacheado. Harry realmente se sentia protegido nos braços de Louis, tanto que seu choro foi parando aos poucos. Era difícil relembrar o que havia acontecido, mas com Louis ali ele se sentia bem, sentia como se fosse um recomeço. Com Louis tudo iria ficar bem, ele sabia disso.
— Eu sinto muito por tudo o que aconteceu com você, meu amor. Sinto muito mesmo. Se eu pudesse voltar no tempo e te ajudar, te tirar de perto desses alfas, dos seus pais, eu faria, com toda a certeza. Mas eu não posso. O que eu posso é te prometer que a partir de agora eu vou fazer tudo o que puder pra você ser feliz, pra você ter uma vida maravilhosa e ter tudo o que merece. Eu te amo, Harry, eu amo cada pequena coisa sua, cada pequeno detalhe seu e eu só quero te ver feliz, meu amor.
Harry tinha um sorriso carinhoso no rosto. Suas bochechas ainda estavam molhadas pelas lágrimas e seus olhos estavam um pouco vermelhos, mas era aquele sorriso que mostrava que estava tudo bem. Tudo ficaria bem enquanto ele estivesse com Louis.
— Eu amo você.
— Eu também amo você, meu ômega maravilhoso. Amo você demais.
E os lábios se juntando em um beijo foi a confirmação de um recomeço para Harry. E ali ele soube: contanto que ele e Louis estivessem juntos, tudo ficaria bem.

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destiny
FanficATENÇÃO: história indicada para maiores de 18 anos. Contém conteúdo sexual, palavras de baixo calão e morte. Também pode conter descrição de abuso sexual, de violência física, psicológica e emocional e de aborto; se são assuntos sensíveis para você...