Anne estava saindo de casa. Estava voltando para Holmes Chapel aquele dia. Ela revezava entre Londres e o pequeno vilarejo onde morava, pois tinha floriculturas nos dois lugares. Passava seu tempo mais em Holmes, porque tinha uma moça que trabalhava para si em Londres, mas sempre que podia dava uma passada por lá para ver como andavam as coisas.
Foi abrir a porta, com a pequena mala na mão, quando viu um movimento em um banco na frente da floricultura. Era uma pessoa. Ela se mexeu e Anne notou os cabelos cacheados em sua cabeça. Se parecia com alguém que conhecia e logo se lembrou quem. Harry.
Abriu a porta e o sininho tocou, atraindo a atenção da pessoa.
— Olá? — chamou e ele olhou na sua direção. Era mesmo Harry. — O que está fazendo aqui, querido? Está tarde.
Harry se levantou, segurando uma mochila em suas mãos.
— E-eu fugi de casa — falou baixinho, fazendo Anne levantar as sobrancelhas surpresa. — E, eu não sei, esse foi o primeiro lugar que eu pensei então vim pra cá.
Ela assentiu. O entendia, quem não iria querer fugir de casa com pais que não o aceitavam como era?
Olhou bem para o rosto de Harry. Já se fazia mais de dois meses que não o via e ele estava diferente. Seu rosto parecia mais cansado e seus olhos estavam com olheiras, sem contar que estavam vermelhos e inchados como se ele estivesse chorando muito.
— Vem cá, Harry, você não pode ficar na rua. Entre, fique comigo — falou, abrindo a porta ainda mais e ele foi para perto dela, logo entrando. Anne deixaria a viagem para o outro dia. Agora só precisava dar atenção ao pobre menino e compreender toda a situação.
Subiram em silêncio até sua casa no 1º andar e Anne o levou para o quarto de hóspedes. Harry deixou sua mochila em cima da cama e se virou para ela.
— Eu posso tomar um banho? — perguntou.
— Claro, querido. Tem toalhas lá.
Ele assentiu e foi para o banheiro, enquanto Anne ia até a cozinha e preparava um chocolate quente para os dois.
Harry parecia abatido, como se algo muito ruim tivesse acontecido e Anne estava preocupada. Havia pegado um carinho grande pelo menino.
Com a bebida pronta, voltou para o quarto e Harry estava terminando de se vestir com roupas confortáveis.
Ele deu um pequeno sorriso ao notar a ômega.
— Estou te esperando lá na sala, quando estiver pronto vá até lá para conversarmos — disse o dando um sorriso de volta e voltando para a cozinha pegar as canecas com chocolate. Então se sentou em seu sofá, esperando por ele.
H&L
Já vestido, Harry abriu a porta e foi para a sala, vendo Anne dar um sorriso de conforto.
— Eu fiz chocolate quente — falou e Harry sorriu de volta.
Se sentou ao seu lado, se encolhendo dentro do moletom grande demais para seu corpo. Apesar de ter um corpo grande, forte e musculoso por causa dos hormônios, Harry gostava de se sentir pequeno. Acabava com ele não ser assim.
— Então, você quer me falar o que aconteceu? — Anne perguntou gentil e Harry assentiu.
Apesar de não gostar de se lembrar de tudo o que passou, sabia que tinha que dar uma explicação pra ela. Não podia ficar na mesma casa que ela ou abusar de sua vontade sem que ela ao menos soubesse o que aconteceu.
— Eu, eu fugi porque — respirou fundo. — Bom, eu não aguentava mais aquilo lá. Meus pais sempre me odiaram por eu ser um ômega; eles me faziam tomar hormônios para ter uma aparência de alfa, me privavam de tudo o que eu gostava, me amarravam durante meus cios. Aguentei por muito tempo calado. Mas daí e-eu fui abusado, você sabe. E então nas semanas seguintes eu comecei a passar muito mal, eu achei que estava doente, mas Gemma, minha irmã, comprou um teste e eu descobri que estava grávido. Eu fiquei tão assustado e confuso, não sabia o que fazer, mas queria ter um tempo pra pensar, pra ver o que seria melhor. Mas Amanda e John descobriram naquela noite e, e e-ele me obrigou a abortar. — Harry respirou fundo mais uma vez, tentando evitar as lágrimas de caírem. — Então eu fugi.
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destiny
FanfictionATENÇÃO: história indicada para maiores de 18 anos. Contém conteúdo sexual, palavras de baixo calão e morte. Também pode conter descrição de abuso sexual, de violência física, psicológica e emocional e de aborto; se são assuntos sensíveis para você...