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— Harry, você precisa comer alguma coisa, querido. — Anne, novamente, ofereceu um pequeno pedaço de bolo para o ômega e um copo de suco.

Harry não entendia como ela podia estar tão calma. Ela havia visto alguém morrer. O pai de Harry.

O ômega fechou os olhos evitando a lembrança. Era estranho como ele não se sentia triste ou mal pelo o que aconteceu. Ele não sentiria falta de John e Amanda. Talvez pelo modo como sempre o trataram e por nunca terem sido realmente pais. Harry só se sentia perturbado. Ele havia visto alguém morrer na sua frente. Louis havia visto duas pessoas morrerem na sua frente.

Harry não podia acreditar que eles haviam o separado de seu alfa. Ele sabia que tinham que fazer um interrogatório e logo mais todos teriam que ir até a delegacia dar depoimento, mas ele só queria ficar perto de Louis.

Tomou uma respiração profunda, entrecortada pelos soluços que insistiam em sair. Ele sabia que tudo iria ficar bem, sabia que seu Lou não havia feito aquilo porque quis, foi um acidente. Ainda assim, ele estava tão assustado e a única pessoa que poderia o acalmar era o próprio alfa.

Já se fazia algumas horas desde o ocorrido e Harry até aquele momento não havia saído do seu quarto e de Louis. O cheiro do travesseiro de Louis o acalmava um pouco.

Anne saiu do quarto assim que viu que Harry não iria comer. No entanto, um momento depois houve uma batida na porta e o ômega franziu as sobrancelhas. Anne realmente era insistente. Mas então uma alfa com feições bem parecidas com as suas entrou no quarto e Harry sentiu seus olhos lacrimejarem novamente. 

Se levantou rapidamente da cama e se jogou nos braços de Gemma. As lágrimas rolavam sem parar e seu corpo tremia por causa dos soluços.

— Shh, está tudo bem, querido. Está tudo bem. — Gemma repetia. Suas mãos passeavam pelas costas do cacheado em uma carícia suave, sua voz estava calma.

— Eles levaram o meu Lou, Gems.

Gemma o abraçou mais forte e Harry só queria sumir em seu abraço. Era tanta saudade que ele havia sentido dela, mas era horrível ter que reencontrá-la justo em um momento como aquele.

— Está tudo bem, cachinhos. É por pouco tempo, eu prometo. Logo ele estará de volta pra você. Você vai ver, meu amor. Vai ser por pouco tempo. — Gemma falava enquanto levava o corpo trêmulo de Harry até a cama.

Harry não sabia como reagir. Sua irmã que ele não via há tempos estava ao seu lado, mas tudo o que ele podia sentir era saudades de seu alfa. Ele precisava de Louis ao seu lado, era muita informação para assimilar em tão pouco tempo.

Ainda assim, tentou se acalmar. Assim como Gemma disse, seria por pouco tempo. Logo seu Louis estaria de volta e enquanto isso não acontecia ele podia matar a saudade que estava de sua irmã.

— Gems, você sabe que John e Amanda se foram, não é? — perguntou um momento depois. Os dois estavam abraçados na cama e Gemma acariciava os cachos do ômega.

— Sim, Hazz, eu sei.

Harry olhou para cima, para o rosto da alfa tão parecido com o seu.

— Você não está triste?

Gemma suspirou e desviou o olhar para um ponto qualquer no quarto.

— Eu não estou feliz e eu me sentiria culpada se dissesse que estou aliviada. Mas, Harry, eles nunca realmente foram pais para nós. Várias outras pessoas, como a Anne, sempre foram mais família do que eles. Ainda assim, foram anos de convivência e talvez eu fique desacostumada a não tê-los na minha vida. Acho que eu vou demorar um pouquinho para me acostumar a viver sem eles. Mas eu não estou triste. Acredito que o que aconteceu tinha que acontecer e agora é uma vida nova, não é?

Ela sorriu para o ômega que a olhava atento e Harry assentiu.

— Vida nova.

H&L

Harry ficou doente no restante daquele dia e no seguinte. Ele já vinha se sentindo mal há alguns dias, mas piorou. Mal pôde falar no depoimento que teve que dar na delegacia de tão fraco que se sentia. A unica coisa que havia o feito se sentir melhor foi saber por um advogado que, com a documentação certa, Anne provavelmente teria sua guarda, já que agora não tinha os pais e ainda era de menor. Mas nem mesmo isso o fez esquecer totalmente o quanto estava mal, pois logo que chegou em casa colocou tudo o que havia comido para fora.

Para ele, aquilo era consequência de tudo o que havia ocorrido, mas Gemma e Anne não pensavam do mesmo jeito, pois, depois de fazerem várias perguntar constrangedoras pra ele — como se ele e Louis usavam proteção — e fazer Harry perceber que estava atrasado — por seu cio sempre ter sido desregulado, mal percebeu que aquele mês ele não havia vindo — naquela tarde fria elas voltaram da farmácia com uma sacolinha nas mãos. Harry tinha uma mínima noção do que era aquilo, mas ele não queria acreditar. Aquilo não podia acontecer de novo.

Ao voltar mais uma vez do banheiro, depois de pôr o jantar para fora, Harry olhou para Gemma e Anne sentadas em sua cama e de Louis. Ele havia decidido ficar na casa de Jay enquanto o alfa não voltava para casa. Ficar no quarto de Louis, sentir seu cheiro, o fazia se sentir melhor.

Gemma se levantou mostrando o objeto de plástico que tinha nas mãos. Um teste de gravidez.

Harry engoliu em seco.

— Gems...

— Está tudo bem, Harry. Você sabe que independente do resultado, a gente vai estar aqui com você.

Harry sentiu seus olhos lacrimejaram. Ele pegou o teste e voltou para o banheiro. Depois de fazer o que precisava, voltou para o quarto se sentando na cama com as mulheres, o teste entre eles. Lágrimas desciam por suas bochechas porque, independente do que saísse ali, ele já sabia o resultado.

Depois de segundos, a confirmação para o que suspeitava estava bem na frente dos seus olhos: positivo.

Harry não conseguiu controlar os soluços que saíram. Ele estava com tanto medo. Ele só queria seu Louis. Gemma o abraçou e Anne o encheu de palavras de conforto, mas tudo o que Harry queria era Louis ao seu lado.

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