Capítulo 1

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– Hoje você irá conhecer o príncipe Derek, querida – disse-lhe o pai, segurando a mãozinha pequena entre as suas.

Odette não sabia bem o que esperar daquele encontro. Perguntava-se se o jovem seria tão interessante quanto suas expectativas a respeito dele. Acreditava que seria ótimo ter um novo amigo, e a perspectiva de estar num lugar diferente, conhecer um reino novo, era para a princesinha bastante atraente.

Assim que a carruagem se aproximou da fronteira, a pequena avistou um menino magro, de cabelos negros e cacheados, ao lado de uma senhora de cabelos grisalhos, que usava seu penteado em um coque alto, fazendo-o assemelhar-se a uma ave. Odette quis rir, mas se segurou, sabia que não era educado rir dos mais velhos, ainda que ela não pudesse vê-la.

A carruagem parou e seu pai a ajudou a descer. Odette fora obrigada por Sarah, a criada, a usar um vestido e uma tiara rosa, além de ser instruída a ser muito cordial e polida. Começou a repassar em sua mente todos os conselhos que recebera, enquanto caminhava até metade do pequeno percurso onde deveria esperar Derek.

– Imagino que este jovem seja o príncipe Derek – falou William, mostrando um sorriso amigável.

Com o semblante aborrecido, Derek manteve-se de braços cruzados ao lado da mãe. Diferente de Odette que não sabia o que esperar, o príncipe já sentia que não iria gostar nada da garota. Não lhe agradava a ideia de um dia ter de se casar com ela. Na verdade, só a ideia de um dia ter de se casar já lhe embrulhava o estômago.

– O que está esperando? – perguntou Uberta entre os dentes, enquanto mantinha o sorriso no rosto. – Vá – ela o empurrou delicadamente, puxando-o pela capa.

Relutante, Derek caminhou até Odette.

– Olá, princesa Odette, muito prazer em conhecê-la – pronunciou sem muita vontade, querendo urgentemente que aquilo acabasse logo, para que pudesse voltar para suas aventuras.

– Olá, príncipe Derek, o prazer é todo meu – retribuiu Odette, sorridente, e fez uma vênia, mas, antes mesmo de ela voltar à sua postura, o jovem Derek, achando que aquilo já era mais que suficiente, correu de volta para a mãe.

– Derek, seja educado e volte para lá! – cantarolou Uberta, mexendo os dedos.

Derek revirou os olhos e se aproximou novamente de Odette. Como mandava a etiqueta, ele pegou a mão da princesa, porém, antes de tocá-la com os lábios, ficou a fitá-la com asco, como se ponderasse várias coisas.

Odette torceu o nariz e esperou, agora, pelo simples prazer de torturar aquele principezinho insolente. Ora, a mão dela era muito limpa, com certeza muito mais limpa que a dele! E, a contragosto, Derek beijou-lhe o dorso. A princesa ergueu o queixo, puxou a mão de volta e a limpou em seu vestido. Derek, por sua vez, limpou os lábios na manga da camisa.

– Ora, veja só, William, acho que esse é um começo promissor! – exclamou Uberta, alegremente, batendo palminhas.

– Sem dúvidas, minha cara – concordou ele, com um sorriso esperançoso.

Eles estavam cegos? A princesa Odette suspirou, pensando que aquele seria um longo verão. Derek não fora bem como ela imaginara. Aquele principezinho era um garoto pedante e mimado, ela sabia que não seria nada fácil passar aquele tempo em companhia tão desagradável; e para ele, o fato de Odette ser uma menina já era motivo suficiente para não gostar dela.

Nos primeiros verões que passaram juntos, tudo era praticamente igual. Derek não parecia gostar mais de Odette com o tempo e nem ela dele. Além de achá-la uma intrometida e selvagem, pois ela estava constantemente a desafiá-lo, a garota parecia um patinho feio, sempre dividia o cabelo em tranças e ultimamente passara a se vestir com roupas de menino. Já Odette continuava achando-o extremamente pedante, orgulhoso e magricelo. Reconhecia que Derek possuía lindos olhos verdes e belos cachos negros, mas era tão insuportável, que ficava difícil enxergar qualquer outra qualidade que não sua chatice.

Como Um Cisne (FANTASIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora