Capítulo 7

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Odette entrou na carruagem, sentindo o seu coração pesar. O pai sentou ao seu lado e, assim que o carro começou a movimentar-se, o silêncio que o rei vinha guardando foi quebrado por ele mesmo.

– Odette, o que mais você queria que ele dissesse?

A princesa olhava a paisagem pela janela, pensativa. Voltou seu olhar para o pai e disse:

– Eu só quero saber que ele me ama pelo que realmente eu sou. Papai – ela sorriu triste –, o senhor sabe que eu e Derek nunca nos demos bem. E se ele não me ama, mas apenas se sente atraído por mim? Então um dia isso irá passar e seremos ambos infelizes, pois não há alegria onde não há um amor sincero.

Os lábios de William se comprimiram até se tornarem apenas uma linha fina. Ele sabia que Odette estava certa. Se não houvesse um amor genuíno entre ele e sua falecida Sophia, as coisas teriam sido muito difíceis. Queria que sua filha fosse feliz, afinal.

– Eu disse que a apoiaria independente da escolha que fizesse – reafirmou ele e cobriu a mão de Odette que pousava no colo. – E assim será, minha princesa. O homem que se casar com você terá de amá-la por todas as suas qualidades que são inumeráveis.

– Oh, papai, não exagere – riu Odette e encostou a cabeça em seu ombro, erguendo os olhos para os dele. – Sei que sou cheia de defeitos. E preciso que Derek ame esses defeitos também.

William envolveu a filha, passando os braços por seus ombros e encostou a cabeça à dela. Odette fechou os olhos e se consolou no conforto do amor do pai, até que a carruagem sofreu um solavanco e eles sentiram um grande impacto, como se a roda tivesse se quebrado.

Pai e filha se entreolharam curiosos e esperaram que viessem avisar-lhes o que estava acontecendo, mas ninguém apareceu. O rei achou aquilo muito suspeito.

– Espere aqui, Odette – pediu William, saindo do carro.

Alguns pingos de chuva já começavam a cair. William olhou para os lados e tudo e viu que seus guardas lutavam com outros homens. Sentiu algo estranho como se estivessem numa armadilha e, ao olhar mais adiante, viu uma sombra aproximando-se. Cerrou os olhos tentando reconhecer quem era.

Um grande e furioso raio iluminou as feições do indivíduo e William ficou pálido.

– Papai – Odette observou-o e tentou sair do coche, mas ele impediu-a.

– Fique aí e não saia por nada, Odette!

Uma gargalhada muito alta e sinistra se fez ouvir e Odette sentiu seu coração pulsar com toda força e temeu pela segurança do pai.

– Alteza – sorriu Rothbart, aproximando-se e curvou-se de modo irônico.

– O que faz aqui eu o expulsei! – exclamou o rei. – O que quer? – perguntou William, sério.

Rothbart aproximou-se ainda mais do rei e disse com desdém.

– Você já sabe. Eu quero o reino. Sempre quis.

– Não o darei a você – disse o rei mantendo-se firme.

– Mas a sua filha, sim! – determinou.

– Ela não está comigo, você perdeu seu tempo, Rothbart – disse William e tentou fazer com que soasse como verdade.

O homem estalou a língua e fez um gesto negativo com a cabeça. Havia homens demais com Rothbarth e os guardas não conseguiam chegar até William para protegê-lo.

– Ai, ai, ai, alteza! Sempre me julgando como um tolo. Todos sabem que sua filha está nessa carruagem, não zombe da minha inteligência.

Logo Rothbart desembainhou a espada da cintura e ergueu-a para o rei. Assim que adiantou-se para feri-lo, sentiu dois braços puxá-lo e para se defender ele usou de toda a sua força e Odette acabou indo ao chão. Então, chamou um de seus capangas que a pegou, embora a princesa lutasse para se libertar.

– Solte-me! Eu exijo que solte-me! – pedia frenética, sentindo um medo horrível tomar conta dela.

– Levem-na daqui – pediu Rothbart e olhou-a com desdém. – Tenho um serviço a fazer!

A princesa foi levada para um lugar distante do seu reino. Ao chegarem, ela foi puxada da carruagem e deparou-se com um grande e fúnebre castelo e, mais à frente, um lago.

Apesar das lágrimas que caiam por seu rosto, Odette manteve-se empertigada e ainda lutava para se libertar.

– Não, princesa, não adianta – soou uma voz atrás de si.

Rothbart fez menção para que seus capangas saíssem e ficou sozinho com Odette. Ela estava ofegante pelo exercício e ficou parada, avaliando a situação e pensando em algum modo de fugir.

– Infelizmente, princesa, agora você está sozinha – ele suspirou como se sentisse muito, apesar de seus olhos brilharem com pura maldade. – Seu pai lutou bem, tenho que reconhecer. Mas, você sabe, ele já estava velho.

– Seu monstro! – ela o acusou. Odette ainda não havia falado, pois nada foi capaz de dizer tamanho o horror que sentira com a situação. Mas agora as palavras saiam com toda força como uma represa que rompe a barragem. – Seu monstro! Eu o detesto! – ela pegou um pedaço de madeira no chão e tentou acertá-lo, mas ele a deteve porque era mais forte.

Routhbart riu com a energia de Odette.

– Não me deteste – ele jogou o pedaço de madeira longe e tomou a mão dela. Odette logo a recolheu, sentindo asco por aquele homem. – Case-se comigo, Odette! – ele sugeriu, ignorando o gesto dela.

A boca de Odette se abriu com espanto e ela o encarou completamente pasmada.

– Está louco? Eu jamais me casaria com um monstro! Eu prefiro morrer a entregar o reino de meu pai a você! Monstro horrendo! – repetiu e apertou os lábios.

Os olhos de Rothbart arderam de fúria e ele proferiu algumas palavras que Odette não conseguiu compreender, mas sentiu uma energia tomá-la e fechou os olhos. Quando tornou a abri-los de algum modo tudo parecia diferente. Sentiu-se estranha.

Rothbarth abaixou-se e sorriu para ela:

– Olhe-se no lago, princesa!

Odette caminhou até o lago sentindo seus passos diferentes e, quando olhou para a imagem que ele refletia, não se viu, mas sim um cisne de penas brancas. Demorou a compreender que aquele era seu próprio reflexo. Desesperou-se e tentou falar, mas o único som que saiu foi um grasnado.

– Calma – pediu Rothbart como se aquilo não fosse nada. – Olhe para o céu, princesa. Vê a lua?

Odette virou seu grande pescoço para olhá-la.

– Agora vá até a parte do rio que a reflete.

Com um nó se formando em sua garganta, ela o obedeceu e uma luz a envolveu, fazendo com que ela tornasse a ser mais uma vez princesa.

– Bem, você será um cisne de agora em diante – explicou. – Mas, toda vez que a lua tocar suas asas, então você poderá voltar a ser uma princesa. Claro, precisa estar no lago, caso contrário continuará sendo um cisne. Brilhante, não?

Incapaz de falar, tudo que Odette fez foi ajoelhar-se e cobrir o rosto com as mãos deixando que as lágrimas inundassem seu rosto. Um cisne, que ironia. Agora ela seria um cisne até que houvesse lua. Céus, como suportaria aquilo?

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Wow! O capítulo de hoje foi complicado, confesso que não me senti muito bem ao escrevê-lo (acho que sou muito sensível kkkk), mas prometo que os outros capítulos serão mais leves. Falta pouco para acabar a história!

Obs: eu disse que essa história era boba, por favor, não me batam Hahaha!

Como Um Cisne (FANTASIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora