Capítulo 10

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Uberta mal podia acreditar que Derek havia concordado com o baile. Na verdade, ele parecia tão animado que ela achou que estivesse sonhando, mas, quando se beliscou e sentiu uma dorzinha aguda no braço, percebeu que estava bem acordada.

Tudo que Derek exigia era que o baile ocorresse num dia de lua e que a decoração fosse delicada como um cisne.

– Como um cisne? – a rainha repetiu com o cenho erguido.

– Como um cisne, mamãe! Quero flores brancas por toda parte! E quero que os músicos toquem uma canção suave – salientou.

Desse modo, o salão foi preparado com muito esmero e, enquanto Uberta cuidava de todos os preparativos e convites, Maggie observava todo o movimento. Nunca tinha visto Derek tão feliz e sorriu consigo mesma ruminando alguns de seus pensamentos. O baile seria um dia especial e ela o conquistaria definitivamente. Não tinha dúvidas quanto a isso.

Então, o dia tão esperado chegou. Uma fila de carruagens se fez diante da entrada do palácio. Lindas princesas de vários reinos desciam do carro, ajudadas pelos guardas que estavam com suas melhores fardas. Muitas delas nutriam a esperança de que Derek as notasse e as desposasse.

O príncipe observava, com expectativa, cada princesa que chegava e seu coração se decepcionava cada vez que constatava que não era Odette. Será que ela conseguiria ir até o palácio?, ele se perguntava com receio de que algo pudesse ter acontecido a ela.

– Você viu a Maggie? – sussurrou Bromley.

– O quê? – O príncipe estava distraído e não tirava os olhos da entrada.

– Está esperando alguém, Derek?

– Não, obrigada! – agradeceu Derek sem se dar conta do que o amigo dizia.

Bromley suspirou e fez um gesto negativo com a cabeça. Já fazia algum tempo que Derek andava agindo de forma mais estranha que o normal. Muitas vezes o pegara olhando para o nada com um sorriso bobo no rosto e, quando ele o inquiria sobre o assunto, tudo que o amigo respondia é que logo mais ele saberia o motivo de sua repentina alegria.

Minutos se passaram e arrastaram-se. O fluxo de princesas chegando foi diminuindo até que a lista se completou. Céus, Odette não estava lá! Derek sentia sua esperança se arrefecer e, para piorar, na outra extremidade do salão, sua mãe ficava lançando-lhe olhares enviesados, querendo que ele tirasse alguma das jovens para dançar.

Disposta a ralhar com ele, Uberta começou a atravessar o salão para ir ao encontro do filho. No entanto, antes que conseguisse chegar até ele, foi tomada de grande espanto e surpresa ao ver uma linda figura adentrar a porta.

– Não... não... não pode ser! – exclamou ao lado de Bromely que também estava boquiaberto. – É... Mas... depois de tanto tempo! – Uberta estava incrédula como se seus olhos estivessem mentindo para ela.

Derek sentiu seu coração parar quando sua visão foi preenchida pela imagem de Odette. Ela estava tão linda! Não usava o vestido branco que a fazia assemelhar-se a um anjo, mas um belíssimo vestido preto, justo e longo que a deixava incrivelmente atraente e o colar de cisne que ele havia lhe dado. A peça brilhava sob o decote e parecia conferir a ela um ar de elegância ainda mais solene.

O olhar dela encontrou o dele com segurança. Ela dirigiu-se até Derek com um sorriso provocante, os olhos de um azul profundo não se desviavam dos dele e todos se afastaram para que ela tivesse espaço, sem conseguir conter a admiração pela sua beleza.

– Mal posso acreditar que esteja aqui – sussurrou, o coração cheio de alegria quando ela estendeu a mão para ele.

– Eu não poderia deixar de vir – ela disse e concedeu a ele o seu sorriso mais fascinante.

Caminharam juntos até o centro do salão, onde todos formaram uma roda. Derek pediu que tocassem a canção de amor mais delicada que tivessem. Os dois deslizaram suavemente numa sincronia perfeita. Ele a conduzia, fascinado, enquanto ela se mantinha alegre e radiante. Então, algo perturbou a visão de Odette e Derek pôde sentir o corpo de sua amada ficar rijo.

Seu primeiro impulso foi o de olhar para trás e descobrir o que a havia afligido daquele modo, mas ela segurou o rosto dele e, olhando em seus olhos, pediu aflita:

– Derek, prove-me seu amor.

– Sim, minha Odette, sim! – ele sequer hesitou.

Derek fez com que a música cessasse, encarou a todos e usou toda a força de sua voz para proferir as palavras seguintes:

– Eis aqui diante de todos vocês a mulher que eu amo! A ela eu prometo não só o meu amor, mas a minha fidelidade, a minha alegria e tudo que puder satisfazê-la, pois eu a amo por tudo que ela é. Eu a amo por ela ser linda, inteligente e maravilhosa. Eu não conheço e jamais conheci alguém com o coração mais generoso – finalizou e olhou para ela de forma carinhosa.

Derek puxou a cintura de Odette e beijou-a delicadamente. No mesmo instante, as portas e janelas se abriram e uma rajada muito forte de vento adentrou o ambiente. Um homem ruivo com um olhar sombrio caminhou pelo corredor aberto e ficou defronte ao príncipe.

– Você! – acusou Derek.

Embora nunca o tivesse visto, sabia que aquele era o homem que levara sua amada princesa e que fora responsável pela morte de William.

– Não deixarei que torne a levar Odette daqui! – disse, posicionando-se à frente dela como um escudo.

O carrasco soltou um riso estrondoso e todos ao seu redor se encolheram de medo.

– Eu conto para ele ou você conta? – inquiriu Rothbart fixando seu olhar na companheira de Derek.

– O que ele fez a você, Odette? – o príncipe voltou-se para ela.

– Derek – ela disse um tanto hesitante.

Então, a jovem levou as mãos à corrente e, abrindo o fecho, tirou-a de seu pescoço. Derek prendeu a respiração e arregalou os olhos como se não pudesse acreditar no que estava vendo.

– Ma... Maggie?

– Derek, eu...

Ele não esperou que ela se justificasse. Sabia que ter se declarado para a mulher errado significava que perderia Odette para sempre. No entanto não podia aceitar aquilo, não podia aceitar que o tivessem enganado daquela maneira.

– Derek, não! – Maggie deteve o braço dele quando ele fez menção de correr, porém o príncipe o puxou de volta bruscamente.

Derek tomou um cavalo e correu com toda a velocidade que o animal lhe permitira. Seu coração desejava que não tivesse estragado tudo mais uma vez. Não suportaria perder Odette de novo.

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Pessoal, perdoem os erros e redundâncias que podem ter ocorrido, escrevi morrendo de sono, pois agora que voltou a faculdade as coisas ficaram mais corridas. No próximo capítulo teremos o desfecho do conto e também vai ser explicado como a Maggie e Rorthbart fizeram essa armação para o Derek.  😀 (Recadinho antigo 😅).

Como Um Cisne (FANTASIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora